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Brusque registra queda de novos casos de HIV em dez anos

Serviço de Atenção Especializada (SAE) mantém estatísticas de diagnósticos desde 1984

Nos últimos 10 anos, Brusque tem registrado queda nos novos diagnósticos de HIV. Em 2015, o número de diagnósticos do ano todo foi de 95, enquanto neste ano apenas 13 casos foram registrados. Os dados são da Serviço de Atenção Especializada (SAE) da Secretaria de Saúde de Brusque e estão atualizados até o dia 16 de maio.

Atualmente, o município conta com 1.240 pacientes em tratamento com o vírus. Desses, 415 são mulheres, 822 homens e três transsexuais. A coordenadora do SAE de Brusque, Gisele Pruner Koguchi, diz que há o dobro de casos em homens, pois a transmissão via sexo anal é de 1,38%, enquanto por sexo vaginal a taxa é de 0,008%.

“O sexo anal não é 100%, mas o risco é maior. A pessoa se expõe mais. O sexo oral também existe risco, mas é muito menor”, diz.

Gisele explica que a chance de contrair o vírus por meio do sexo vaginal é menor pois o epitélio vaginal, tecido da vagina, se torna uma ‘proteção’, e se o parceiro possui uma carga viral baixa, a mulher pode não se contaminar com o vírus.

“Se existe uma ferida ou a carga viral é alta, o risco é maior. Porém, o ânus não possui essa ‘proteção’. Então, qualquer fissura ou sangramento, que a pessoa tenha, ela corre o risco de se contamina”.

Casos registrados por ano

Na última década, o ano que mais registrou casos da doença foi 2015. Gisele diz que, na época, o serviço havia disponibilizado o teste rápido no município, o que aumentou o número de diagnósticos.

“Atualmente é rotineiro fazer o teste. Existe o protocolo de gestante no pré-natal, feito tanto para a mulher quanto para o parceiro. A população está tendo mais acesso”, diz.

Após o pico de diagnósticos em 2015, o segundo ano que mais registrou casos da doença foi 2019, com 74 novos portadores do vírus. Na sequência estão 2021, 2016 e 2022, com 68, 65 e 58 casos, respectivamente.

A lista segue com 2020, onde 54 casos foram registrados, e 2023, com 52. Por fim, estão 2018 (48), 2017 (37) e 2024 (13).

Medicamentos

Além do teste rápido, há também a profilaxia pré-exposição (Prep), que são medicamentos medicamentos indicados para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade para o HIV.

Uma situação que pode indicar o uso da Prep é a falta de uso de camisinha em relações sexuais (anais ou vaginais). Além disso, ele é usado em casos onde uma pessoa que é portadora do vírus está em um relacionamento.

Também existe a profilaxia pós-exposição (Pep), que são medicamentos antirretrovirais após um possível contato com o HIV em situações como: violência sexual; relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha) ou acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes. Ele deve ser usado até 72 horas após o contato.

Óbitos registrados por ano

Outra informação divulgada pelo SAE é o número de óbitos de portadores da doença. A diretora explica que o serviço possui dados desde 1984, quando foi registrado o primeiro caso da doença, mas que não há um sistema de registro dos óbitos. O serviço realiza o levantamento dos prontuários dos pacientes que faleceram.

O menor registro do período foi em 2016, quando apenas uma pessoa morreu. Em 2015, dois óbitos foram registrados. Já em 2017 quatro portadores do vírus morreram e, em 2018 e 2019, três. Porém, durante a pandemia da Covid-19, em 2020, o número subiu para dez.

A marca se manteve no ano seguinte e, em 2022, aumentou para 17. O ano que mais registrou óbitos por decorrência da Aids foi 2023, onde 19 pessoas faleceram.

Até o momento, Brusque registrou três óbitos de portadores do vírus. As causas foram câncer, suicídio e Aids. Gisele diz que, quando a causa da morte é causada pela Aids, é porque a pessoa teve um diagnóstico tardio ou abandonou o tratamento.

Ela afirma que os óbitos registrados entre 2020 a 2023 são de pessoas que viviam com a doença há mais tempo e, por causa da melhor qualidade de vida, conseguiram envelhecer, e as causas da morte foram as doenças do próprio envelhecimento.

“Hoje em dia se a pessoa com HIV faz o acompanhamento e tem o diagnóstico precoce, a gente diz que ela morre com o vírus, mas não do vírus. A medicação que existe proporciona uma melhor qualidade de vida para o portador”, diz.

“As causas de morte são as mais diversas, sendo câncer, doenças cardíacas, acidentes de trânsito, entre outros. A Covid-19 foi a situação mais recente”, finaliza.

Todo mês, o serviço realiza um levantamento dos pacientes que abandonaram o tratamento. Com eles, a assistência social faz uma busca ativa para o retorno.

Tratamentos e prevenção

A testagem do HIV está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS), sem precisar de agendamento.

No caso de menores de idade, acima de 12 anos, necessita-se que eles estejam lúcidos para receber o diagnóstico, questão que é avaliada pela equipe da UBS. As crianças abaixo dessa idade precisam estar acompanhadas do responsável.
Confirmado o caso, o paciente será direcionado ao Serviço de Assistência Especializada (SAE). O serviço é um centro de referência para doenças infectocontagiosas, que dará sequência ao acompanhamento ao infectado.
A equipe do SAE é multiprofissional para atender de maneira ampla os pacientes. Dentre o atendimento, a equipe realiza o serviço de pré e pós exposição (PEP e Preb). O serviço já registrou 266 atendimentos com Pep e 71 com Prep até o dia 30 de abril.
Gisele diz que o serviço age no mesmo dia em que faz a coleta dos exames complementares. Pelo SAE, o paciente tem acompanhamento psicológico e recebe medicamentos. O serviço atende a demanda de Brusque, Botuverá e Guabiruba.
“Se a pessoa tem sintomas, já iniciamos a consulta com infectologista e encaminhamos para os exames complementares, que são essenciais para o tratamento”, diz.

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Médico da Nicarágua faz carreira trabalhando no SUS de Brusque: