Brusque, seus grandes industriais e a origem do capital
O processo de formação das grandes empresas têxteis de Brusque: Renaux, Buettner e Schlösser coincide com o primeiro período de expansão do capitalismo monopolista mundial, iniciado a partir de 1880. Elas nasciam com pouco capital em espécie e com limitação de máquinas. Não utilizavam eletricidade (esta chegou à região em 1908), importavam da Alemanha máquinas […]
O processo de formação das grandes empresas têxteis de Brusque: Renaux, Buettner e Schlösser coincide com o primeiro período de expansão do capitalismo monopolista mundial, iniciado a partir de 1880. Elas nasciam com pouco capital em espécie e com limitação de máquinas. Não utilizavam eletricidade (esta chegou à região em 1908), importavam da Alemanha máquinas usadas e insumos e, nesta primeira fase, vendiam os tecidos na região. Era comum começarem o processo industrial com um ou dois teares, como foi o caso da Buettner.
A origem do capital
A criação das grandes empresas têxteis teve como base os industriais e recursos locais, e a origem do capital dessa indústria é bastante variada: há o capital comercial de donos de vendas, observa-se o capital de origem agrária advindo de colonos mais prósperos e também recursos provenientes de poupança acumulada na Alemanha, em pequena monta, por imigrantes. A falta de bancos fazia com que os colonos oferecessem o capital excedente da lavoura aos novos negócios. Havia empréstimo direto às empresas e os que depositavam recursos nas vendas e estas repassavam ao industrial.
Observa-se a importância do capital mercantil comercial que está na origem de diversas empresas, como a Renaux e a Buettner. Ele, porém, associa-se a outros capitais, usando recursos emprestados de vários colonos agrícolas.
Carlos Renaux (Fundação: 1892)
A Renaux surgiu por iniciativa do imigrante alemão Carlos Renaux, que chegou em 1882. Depois de ser acolhido pelos comerciantes locais, que lhe deram trabalho como caixeiro em uma casa comercial em Blumenau, partiu como encarregado da gerência da filial de uma casa comercial de Blumenau e depois ele criou sua própria venda em Brusque, de onde derivou o capital para uma manufatura. Da casa comercial e da associação com colonos agrícolas da região, montou, em 1892, a empresa têxtil Renaux, que foi a primeira iniciativa que “vingou” em termos de manufatura têxtil em Brusque.
Nota-se na origem da Renaux como capital fundador: agrícola, comercial.
Eduardo Von Buettner (Fundação: 1898)
A segunda manufatura têxtil de Brusque foi uma empresa de bordados finos, a Buettner, que durante algum tempo manteve em paralelo aos negócios têxteis o beneficiamento de produtos coloniais. Ela sugiu em 1898, também fundada por um vendeiro, cujo filho Eduardo Von Buettner tinha aprendido a técnica de bordados na Alemanha. A sua origem, contudo, guarda relação com a produção artesanal de aventais e toalhas bordadas pela mulher e pela nora do comerciante. A empresa começou pequena: duas máquinas a pedal nas quais se confeccionava sombrinhas, aventais, cortinas, mosquiteiros e pano de bordar.
Nota-se na origem da Buettner a importância do capital agrícola, artesanal e comercial.
Gustavo Schlösser (Fundação: 1911)
A terceira grande empresa têxtil a iniciar operações em Brusque foi a Schlösser, fundada em 1911 por Gustavo Schlösser, um tecelão de Lodz (Polônia) e seus dois filhos, Ugo e Adolpho. O fundador chegou a Brusque em 1896 e teria sido contratado como técnico têxtil na Fábrica de Tecidos Carlos Renaux. Cerca de 15 anos depois, Gustavo Schlösser formou sua própria empresa, juntamente com seus filhos. O capital inicial era de 6 contos. A tecelagem iniciou com dois teares manuais e crédito concedido por Renaux.
Nota-se na origem da Schlösser a importância da poupança individual; agrícola e industrial.
Fonte: O capital Originário das grandes empresas têxteis de Blumenau e Brusque. Vanessa F. Jurgenfeld e Ana Lucia G. Silva. Textos de Economia, Florianópolis, jan/jun2013.