Brusque tem 71 milionários
Receita Federal revela dados de 2012 de pessoas que possuem patrimônio acima de R$ 5 milhões
Imóveis, veículos, embarcações, cotas de empresas, ações. Estes são alguns dos patrimônios declarados na Receita Federal por pessoas que têm acima de R$ 5 milhões em Brusque. São 71 milionários registrados no órgão em 2012 – último ano de extração dos dados. O número representa 0,06% da população brusquense, com base no censo do IBGE de 2010 que aponta o município com 105.503 habitantes.
Em 2011, 57 pessoas declararam patrimônio acima desse valor. O crescimento para 2012 foi de 24,56%. O número de milionários de Brusque é expressivo se comparado à cidade de Palhoça, que possui 137.334 habitantes (censo IBGE 2010) – 31.831 a mais que Brusque. Em 2011, a cidade contava com apenas cinco milionários. Em 2012, outras três pessoas se juntaram a eles.
Brusque também possui mais milionários do que a cidade de Tubarão, que tem 97.235 habitantes. Em 2011, o município do sul do estado tinha 20 pessoas com patrimônio acima de R$ 5 milhões. O número subiu para 26 em 2012, mas ainda abaixo dos 71 brusquenses. Porém, em Balneário Camboriú a história é outra. A cidade de 108.107 habitantes contava com o triplo de milionários de Brusque em 2011 e o dobro em 2012 – confira os dados completos no box. Os dados de 2013 e 2014, de todas as cidades citadas acima, não foram extraídos pela Receitas Federais de Blumenau e de Florianópolis.
Para o coordenador do curso de Ciências Contábeis da Unifebe, Edílson Sidnei Padilha, o número de milionários em Brusque é um reflexo positivo do crescimento da economia nas últimas décadas. Entretanto, o capital só beneficia a população se for investido na cidade. “Não sabemos se o investimento vem para Brusque, se ele viesse influenciaria no município e alavancaria a economia. Mas se é investido em outras cidades, seja na aquisição de imóveis ou na abertura de negócios, não traz vantagens para Brusque”.
Os patrimônios de R$ 5 milhões são explicados pelo coordenador do curso de Administração da Unifebe, George Wilson Aiub, através das empresas. Com o aumento do capital das organizações, o patrimônio vinculado aos fundadores e investidores também cresce. “As empresas de médio e grande porte terão patrimônio acima de R$ 5 milhões ao longo de uma trajetória que, por vezes, leva décadas de trabalho e de desenvolvimento de mercado”, diz.
Aiub também cita as famílias como geradores de renda e de lucro, já que muitas empresas milionárias são repassadas de geração a geração. “Geralmente as famílias são donas das empresas, fora aquelas que são estatais e públicas – que tem o patrimônio gerido pelo estado. Faz parte do processo natural do capitalismo dos últimos três séculos: a acumulação de capital por parte das empresas. Por consequência, as famílias também acabam acumulando capital, que é um fruto do trabalho”.
Aumento do patrimônio
Alcançar o status de milionário demanda tempo, trabalho pesado e seriedade. A administração correta, segundo Aiub, serve tanto para os investimentos pessoais quanto para investimentos organizacionais. Para ele, uma das práticas que as pessoas físicas e jurídicas assumem é a prática da “diversificação do portfólio” ou “carteira de investimentos”. Ou seja, investir em diferentes segmentos. “Por hora uma área pode não estar rendendo um retorno significativo e a outra está tendo um retorno interessante. Na mescla dos investimentos, o patrimônio continua crescendo. Então essa questão da diversificação dos investimentos é uma estratégia bastante utilizada pelos investidores”.
Por mais que a estratégia seja utilizada pelos milionários, Aiub ressalta que a dificuldade em utilizá-la está relacionada às opções de investimentos. “Conseguir boas opções que permitam o crescimento do patrimônio é difícil. Dobrar R$ 10,00 em uma transação é fácil. Agora dobrar R$ 5 milhões é muito difícil, porque como é um volume muito maior, há a necessidade e a dificuldade de remunerar esse investimento como um todo”. Ainda de acordo com o coordenador, para lidar com esses valores é preciso encontrar gestores de recursos financeiros qualificados, pois esse patrimônio, seja ele ligado às famílias ou ligado às empresas, geralmente mantém salários de funcionários e remuneração de investidores. “Há muitas pessoas por trás de uma organização, então é indispensável a presença de profissionais que entendam da manutenção do capital”.