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Brusque tem a quinta menor taxa de homicídios do país, aponta Atlas da Violência 2019

Confira sete motivos para cidade ser novamente destaque nacional em segurança pública

O Atlas da Violência – Retratos dos Municípios Brasileiros 2019, publicado nesta semana, colocou Brusque novamente como uma das cidades mais seguras do Brasil.

O estudo, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), contabilizou os dados de violência referentes a 2017 dos 310 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes naquele ano.

Para chegar às cidades mais seguras, o Ipea levou em conta o número de homicídios em relação à população.

Em Brusque, aconteceram sete homicídios em 2017 e todos foram solucionados pela polícia, segundo o estudo. A população era 128.818 pessoas.

A taxa estimada de homicídios foi de 5,8, a quinta melhor do país. Ficou atrás somente de Jaú (SP), Indaiatuba (SP), Valinhos (SP) e Jaraguá do Sul (SC).

O desempenho de Brusque não é surpresa. A cidade já obteve bons resultados em anos anteriores, fato que ganhou projeção nacional na época.

O Município conversou com o delegado regional da Polícia Civil, Fernando de Faveri; delegado da Divisão de Investigações Criminais (DIC), Alex Bonfim Reis; e o subcomandante do 18º Batalhão de Polícia Militar, major Heintje Heerdt; para entender qual é a fórmula do sucesso na segurança pública.

1. Alto nível de desenvolvimento humano

Um fator fundamental para que as taxas de criminalidade sejam baixas é o nível socioeconômico da população. Os números do Atlas da Violência mostram isso, pois as cidades mais bem colocadas têm alto desenvolvimento humano.

No caso de Brusque, por exemplo, a renda per capita dos 20% mais pobres da população é de R$ 505 – o maior valor entre as 20 cidades mais seguras. Isso significa que até mesmo os menos abastados são “mais ricos” do que nas outras cidades.

Outro exemplo do desenvolvimento socioeconômico da cidade é a alta taxa de atendimento escolar da população de 15 a 17 anos: 79,1%. Além disso, apenas 3% das mulheres entre 10 e 17 anos tiveram filhos – o menor índice entre as cinco primeiras colocadas.

O delegado Alex Bonfim Reis concorda que o desenvolvimento humano é um dos fatores fundamentais para a baixa criminalidade. “Em regiões com mais desenvolvimento humano, há menos crimes contra a vida, de forma geral”.

O delegado regional Fernando de Faveri também chama atenção para o fato de que a desigualdade social é menor na cidade. Ele afirma que a qualidade de vida é um fator indiretamente ligado à segurança.

2. Investigações mais eficientes

A alta resolutividade dos homicídios também é destacada no Atlas da Violência. Reis é o delegado encarregado dessas investigações.

Ele diz que a velocidade das investigações é primordial para alcançar esse patamar. “Sempre que ocorre um crime de homicídio, uma equipe já se desloca até o local e isso dá uma vantagem muito grande”.

Para Reis, a “qualidade dos agentes, sempre dedicados e ativos” também é um fator que contribui para a resolução dos crimes.

3. Integração entre as polícias 

O delegado da DIC e o subcomandante da PM vão na mesma direção: a integração entre as duas polícias é outro motivo para o combate ao crime ser mais eficiente.

“Existe uma simbiose entre a Polícia Civil e a Polícia Militar que dá resultado em prol da comunidade. Em vez de uma disputa entre as polícias, há um esforço conjunto”, declara Reis.

4. Eficiência do Judiciário

“O Poder Judiciário e Ministério Público também são instituições fundamentais. Recentemente o TJ-SC anunciou que o juiz criminal de Brusque é o mais produtivo do estado”, declara o delegado regional de polícia.

O juiz Edemar Leopoldo Schlösser, titular da Vara Criminal da Comarca de Brusque, foi reconhecido, em junho, como o magistrado da área criminal mais produtivo em 2018 no estado.

5. Apoio da sociedade civil

Major Heintje diz que já trabalhou em outras cidades e Brusque é diferenciada no sentido de apoio da sociedade civil. “Em outros locais, existe um comodismo, mas aqui em Brusque somos extremamente intolerantes com isso e buscamos resolver os problemas”.

O subcomandante afirma que as entidades e a comunidade dão resposta quando são chamadas para discutir e solucionar algum problema. “É um esforço diário nosso e de toda a sociedade civil”.

“Outro fator é a grande coesão social, de modo que entidades públicas e privadas se unem em prol da segurança pública, com grande parceria entre todos, a exemplo do bom relacionamento entre as polícias e o fundo de apoio municipal”, afirma Fernando de Faveri.

A Associação Empresarial de Brusque (Acibr) e outras entidades de classe são entusiastas das melhorias na segurança pública.

6. Policiamento inteligente

“Há preocupação em ser uma polícia cada vez mais capacitada e com tecnologia para o combate ao crime”, afirma o subcomandante do batalhão da PM. A polícia usa, por exemplo, um banco de dados de sistema integrado.

Além disso, a Polícia Militar tem tecnologia embarcada na viatura. Os PMs usam um tablet diretamente no local da ocorrência para registrar o fato.

O major ainda chama a atenção para os termos circunstanciados. Em outros estados, não existe esse instrumento, como em Santa Catarina.

Heintje diz que hoje o PM consegue fazer o termo circunstanciados na rua, no local do fato, e marcar um horário para o autor ir ao Fórum, quando se trata de um crime ou contravenção penal de menor gravidade. 

Para o major, o uso da tecnologia aliado à formação dos policiais resulta em eficiência. “É uma série de preocupações da PM, e acredito que as outras instituições têm suas próprias formas de melhorar a segurança”, diz Heintje.

7. Combate contínuo ao crime

O policiamento ostensivo da Polícia Militar e o trabalho da Polícia Civil também contribuem para ter tão poucos homicídios na cidade. O subcomandante Heintje afirma que os indicadores são fruto de um esforço diário de combate à criminalidade.

“Na segurança pública, as pessoas têm um clamor para que seja resolvido rápido. Nós temos um problema crônico de segurança no país e um problema crônico não se resolve de uma hora para outra. A situação [boa] de Brusque é um esforço diário nosso, da Polícia Civil e toda a sociedade”, declara o major.

O delegado da DIC destaca a quantidade operações contra o tráfico de drogas. “Também atribuímos essa baixa mortandade às operações sucessivas e exitosas que a segurança pública, no caso a Polícia Civil, desenvolveu no combate a organizações criminosas, uma vez que desarticula esses membros todo o sistema criminoso acaba sendo comprometido e isso se reflete na diminuição da taxa de homicídios”.