Brusque tem menor geração de empregos desde 2007
Em junho, quase 500 postos de trabalho foram eliminados; setor têxtil foi o que mais demitiu no município
Brusque fechou o primeiro semestre deste ano com o pior desempenho em geração de empregos desde 2007, quando o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, começou a disponibilizar as informações. Foram gerados apenas 224 novos postos de trabalho, ante 2.323 empregos no ano passado e 2.113 em 2013.
Apesar da média do semestre ser positiva, há três meses Brusque tem perdido postos de trabalho consecutivamente: foram 351 empregos a menos em abril, 232 em maio e, em junho, 462 pessoas foram demitidas e não foram absorvidas pelo mercado.
Têxtil corta empregos
Berço da fiação catarinense, Brusque vê o seu setor têxtil sofrer com os impactos da crise econômica nacional e, também, com a alta do dólar. Segundo os números do Caged, no primeiro semestre de 2015, as confecções e indústrias do ramo da cidade cortaram 279 empregos a mais do que contrataram. Em 2014, estas mesmas indústrias haviam contratado 558 mais pessoas do que demitido.
Regiane Berthoti, analista de Recursos Humanos da Giracor Têxtil, afirma que neste primeiro semestre a empresa contratou 36 pessoas e demitiu 33. “Comparando os dados do primeiro semestre de 2014 e de 2015, pode-se concluir que no primeiro semestre de 2015 foram contratados 16 funcionários a menos, 70% do que no mesmo período de 2014”, afirma. Ela diz que dois fatores contribuíram para isso: “a sazonalidade do mercado, com a troca de coleções, aliada à crise econômica causou estas demissões”.
Saldo negativo na metalurgia
O setor de metalurgia também é um dos mais importantes da economia de Brusque. Conforme o Caged, neste ramo o saldo do primeiro semestre fechou negativo: com 37 postos a menos no mercado. Um exemplo deste cenário é a CMB Metalúrgica Brusque.
“No primeiro semestre, tivemos demissões na linha de produção. Contratamos só para o comercial”, diz Saionara Mocelin Torresani, assistente de departamento pessoal da empresa. A CMB demitiu 25 pessoas desde janeiro, um corte de um terço dos postos de trabalho. Atualmente, a empresa possui 53 funcionários e não planeja expandir o quadro de trabalhadores.
Ciclo vicioso
Jairo Romeu, economista e professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) afirma que este cenário de desemprego é causado por um ciclo que interliga vários fatores precários da economia: inflação, juros altos, baixa produção e perda de poder aquisitivo. O que acontece é que a inflação e os juros altos fazem com que o brasileiro tenha menos poder aquisitivo. O que o faz reduzir o consumo, por consequência, as empresas faturam menos, e com isso reduzem a sua produção. O produto final disso é um só: desemprego.
“O que se espera é que não seja cíclico e sim conjuntural”, diz Romeu. Ou seja, que sejam as circunstâncias que provocaram o mau desempenho da economia e que isto não se repita. O economista também destaca que a crise política contamina a economia nacional, o que é prejudicial para que o Brasil saia deste momento complicado.