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Brusque tenta manter título inédito no atletismo durante disputa no Jasc

Favoritismo é posto à prova nos Jogos Abertos de Santa Catarina

Todo fim de ano, a rotina de João Francisco Nunes, treinador da equipe de atletismo brusquense, é a mesma há quatro décadas. Contas, projeções e estatísticas. Números que não saem da cabeça do treinador, que se recusa a usar as famosas anotações para projetar o que é necessário para ficar com mais um título dos Jogos Abertos de Santa Catarina.

Característica que já usa nos treinos do dia a dia, ao orientar, com o apoio da auxiliar técnica Sabrina Cavichioli, as atletas brusquenses para as competições da temporada. Mas é em época de Jasc que o nervosismo bate. A tensão aumenta. Muito em razão da adrenalina da competição, marcada pelo mistério de quem sabe que um pequeno detalhe ou erro na escolha pode comprometer todo o planejamento.

A missão de escalar as atletas para as provas não é fácil quando se é necessário avaliar também as armas dos adversários. Saber o que priorizar é fundamental para o êxito, mas há outro fator que não pode deixar de ser considerado por uma equipe que busca ser campeã da modalidade que mais distribui medalhas: a regularidade. “Se eu não colocar pelo menos duas atletas entre as seis primeiras colocadas para pontuar em cada prova, eu não ganho “, observa Nunes. “Uma tem que brigar entre as três. A outra entra para pontuar. Isso é lógica, é matemática. A equipe que tem isso aí consegue o objetivo”, diz. É por essas razões que os cálculos mentais de Nunes se justificam. “Tenho que saber ainda que algo pode pifar, por isso sempre temos uma margem de erro”, revela o experiente treinador, que no ano passado levou a equipe ao inédito título da modalidade.

‘Competição mais dificil’

Já diz o ditado popular, ‘chegar ao topo é difícil, se manter é mais ainda’. Com este pensamento na cabeça, Nunes tem consciência de que o trabalho para se consagrar novamente campeão do atletismo feminino não será fácil. A briga agora, segundo ele, não é somente com Joinville, como já ocorreu no ano passado. Tem ‘gente grande’ querendo desbancar os brusquenses da ponta. “Blumenau vem muito forte, Itajaí também investiu muito pra ganhar em casa”, comenta, ao destacar ainda as cidades de Concórdia e Criciúma. ” Estas cidades, mais Brusque e Joinville, são as mais fortes”. Em uma modalidade imprevisível, em que segundos representam uma grande diferença, tudo pode acontecer. “Podemos ficar novamente com o ouro, da mesma forma que podemos amargar um quarto ou quinto lugar. Tudo pode acontecer’, ressalta Nunes, ao mencionar o equilíbrio da disputa. A diferença para Blumenau – que no ano passado foi cerca 50 pontos – este ano não deve passar de 12, segundo o treinador. “Se não der zebra, a margem não foge disso. É uma prova de diferença”, observa.

 

Aposta em equipe mesclada

A esperança para manter Brusque no topo do atletismo é na experiência de um grupo formado por atletas experientes que servem como referência para outras mais jovens que ainda estão iniciando a modalidade nos Jasc. A mescla entre atletas de casa e de fora é um dos trunfos de Nunes para conseguir um bom resultado no rendimento e também oportunizar as atletas brusquenses que se desenvolvam de forma competitiva. “Tem momento em que a gente não pode deixar de valorizar o atleta que está iniciando, mas, em Jasc, a gente tem que partir para “os macacos velhos”, comenta Nunes.

É nos exemplos de Fernanda Araújo da Silva, Mônica Araújo Freitas, Gilailce Trigueiro e Luana Pereira, entre outras atletas com histórico de medalhas nos Jasc, que jovens promessas da base como Gabriela Noldin, Gabriela Grunow, Naiane Baumgratz, Rafaela Fabiane dos Santos e demais se inspiram para ajudar à equipe com pontos importantes em provas que contribuam para o grupo na somatória geral. “Algumas vão como reservas, outras, como a Gabriela Noldin, vão participar em provas que não temos especialistas, no caso dela os 400 metros com barreira. Embora ela seja muito nova, confiamos que chegue pelo menos na final”, comenta Nunes.

Este ano, o veterano treinador ainda afirma ter uma motivação especial para buscar novamente o título da competição. “É gratificante para nós sabermos que podemos conquistar um troféu que homenageia alguém tão importante para o esporte como Rubens Fachini”, destaca. Tanto o troféu de campeão das modalidades quanto os que serão entregues ao primeiro colocado geral levarão o nome do comendador do esporte catarinense, morto em abril deste ano em um acidente automobilístico.
Masculino

Se no feminino Brusque vai para defender o título da competição, no masculino o único atleta com chances de medalha é Luís Henrique Schneider, natural de Ibirama, no arremesso do peso e lançamento do disco. “No masculino é bem mais difícil trabalhar aqui”, diz Nunes, destacando que praticamente só mulheres treinam no Sesi. Em Itajaí, são 24 meninas representando a cidade. Homens serão apenas cinco. Além de Schneider, competem ainda Mirivaldo Souza, Matheus Victorino, Carlos Henrique da Silva Prado e Joabe Heleno de Melo de Souza.