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Brusque terá tratamentos fitoterápicos pelo SUS

Secretaria de Saúde de Brusque inicia estudo para implantação do projeto

Brusque deverá implantar na rede pública de saúde, até o fim do ano, o projeto de fitoterapia, que utiliza plantas para tratamento de doenças e recuperação da saúde.

Na quarta-feira, 19, gestores da saúde da cidade estiveram reunidos com profissionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que será parceira do projeto, para entender melhor este cenário e buscar alternativas para a inserção da fitoterapia. A engenheira agrônoma do Laboratório de Educação no Campo e Reforma Agrária (Lecera), Marina Bustamante Ribeiro, diz que neste primeiro momento se verificará experiências em outras cidades. Ele afirma que são vários itens que precisam ser estudos, como local viável, quais plantas e quantidades que serão produzidas para manipulação, capacitações com a parte produtiva (agricultores) e também com os agentes de saúde que vão atuar no programa, tempo de produção de campo, além de outros recursos humanos.

Marina acredita que até o fim deste mês serão visitados estes locais e que em setembro uma nova reunião definirá novas metas. A princípio, segundo ela, serão produzidas cerca de seis plantas que previnem e colaboram com dores de garganta e cabeça, estômago, enjoos, bronquite e doenças viróticas. Depois da definição do espaço, ela afirma que é preciso fazer a licitação para a compra dos materiais que serão manipulados.

O diretor da Secretaria de Saúde, Luís Fernando Sani, diz que serão visitados dois locais – a Secretaria de Saúde de Balneário Camboriú, que possui um laboratório que produz ervas e a Pastoral de Saúde brusquense, anexo à Igreja Matriz, que também produz plantas. “Pretendemos levar o pessoal da pastoral daqui para Balneário Camboriú, para que juntos, verifiquemos essas experiências e analisemos os materiais que precisaremos para a implantação da fitoterapia”.

A secretária de Saúde de Brusque, Ivonir Zanatta Webster, a Crespa, reafirma que o projeto está engatinhando e que neste fase estão sendo analisados valores de custeio mensal, matéria-prima usada, capacitações e compra de equipamentos. Ela diz que ainda não tem previsão de quando a fitoterapia atenderá a população, mas garante que fará o possível para que até o fim do ano esteja disponível para a população. “Temos todo o interesse em fazer funcionar, já que é algo natural e faz bem. Desta maneira se diminuirá um pouco do uso de remédios químicos”.
Pontapé foi dado em março

O Conselho Municipal de Saúde (Comusa) começou em março o trabalho dentro da cadeia fitoterápica. O objetivo é identificar as plantas medicinais, fito complexo, droga vegetal, derivado vegetal e medicamentos de uso humano, onde será elaborado o processo da planta in natura, planta seca, plantas fitoterápicos manipulados e plantas fitoterápicas industrializadas, das quais 72 ervas medicinais já foram listadas como medicamentos principais.
Fitoterapia previne doenças crônicas

A fitoterapia pode ser inserida na maioria das doenças crônicas não transmissíveis ou em alguns quadros clínicos como ansiedade, insônia e hiperatividade. A nutricionista e pós graduanda em Nutrição Funcional e Fitoterapia, Angélica Dell Agnolo, da Clínica Espaço Vitale, explica que a fitoterapia é uma terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas. A nutricionista conta que atende muitas pessoas que sofrem constantemente com os efeitos colaterais de medicamentos sintéticos e estão em busca de algo natural ou que buscam auxílio para conseguir dar seguimento às orientações nutricionais, como por exemplo, um fitoterápico que module a ansiedade. De dez pacientes que atende, cinco fazem uso de fitoterápicos.

Angélica diz que dentro da nutrição há muitas possibilidades para trabalhar com fitoterapia, mas os mais comuns são os utilizados como coadjuvantes para o emagrecimento e/ou quadros clínicos como o diabetes mellitus, hipertensão e dislipidemias. Ela explica que cada profissional deve prescrever o fitoterápico que se enquadra em sua área de atuação e conhecimento, já que alguns são apenas de prescrição médica. “Também deve-se avaliar a toxicidade, interações e possíveis efeitos colaterais da planta”. A nutricionista ainda conta que a flora tem mais de 100 mil espécies e em torno de 8% foi estudada até agora em busca de compostos bioativos.
Plantas que serão manipuladas

Guaco – previne tosse, dor de garganta e problemas respiratórios
Mil-folhas – atua como analgésico, previne dor de cabeça
Menta – atua como vermífugo e em problemas de intestino
Malva – é antiflamatório
Alfavaca – previne bronquite, problemas respiratórios e gástricos
Poejo – previne doenças viróticas
Erva-baleeira – é antiflamatório