Brusquense é o novo técnico da seleção de vôlei de país árabe
Depois de quatro títulos, Carlos Schwanke é convocado para comandar a seleção do Barém
Depois de quatro títulos, Carlos Schwanke é convocado para comandar a seleção do Barém
O ex-jogador e técnico de vôlei brusquense Carlos Schwanke só precisou de nove meses no Barém para demonstrar sua competência. Neste período, treinando o clube Dar Kulaib, faturou quatro títulos, dois com a equipe Adulta e outros dois com o grupo Juvenil. O último caneco levantado foi o mais importante da história do time, o da principal liga de clubes da nação.
Antes de Schwanke, o Dar Kulaib, equipe de 30 anos, jamais havia colocado seu nome na história dos vencedores da Liga ou da Copa da Federação. Pelas ruas da vila, que tem o mesmo nome, a festa não teve hora para acabar quando após a vitória na grande final. “Eles têm uma tradição bacana em que a taça passa três dias na casa de cada membro da família de atletas, comissão técnica e até das famílias de torcedores”, explica Schwanke.
Os resultados o tornaram unânime dentro do país árabe e, como reconhecimento do trabalho, a Federação Nacional de Voleibol convocou o brusquense para ser o técnico da seleção. “Havia rumores de que meu nome estava forte para essa escalação, porque eles queriam um técnico que estivesse atuando em algum clube do país. Como eu vinha de bons resultados, foi algo natural”, explica. Será a primeira vez que um técnico brasileiro comandará o apanhado de atletas bareinitas.
Expectativa com a seleção
De férias por Brusque, Schwanke descansa e curte o bom momento, mas já com a cabeça em seu próximo e grande desafio: Os Jogos Árabes, em outubro. Será a primeira competição do brusquense a frente da seleção do Barém. O técnico volta em julho para o país árabe, e desta maneira ele pula o período conhecido como Ramadã, em que, por 30 dias, os adeptos do islamismo praticam o jejum. A competição reúne praticamente todos os países da língua árabe.
Antes de sair para visitar a cidade natal, contudo, Schwanke deixou na federação bareinita qual será a escalação de sua equipe. Quatro atletas do próprio Dar Kulaib foram convocados. A missão do brusquense é repetir o que fez com o clube da pequena vila. “Quero empregar a mesma filosofia. Já vou buscar informações sobre os países adversários para preparar o time da melhor maneira possível”, completa.
No ano passado, o Barém terminou com a quinta posição dos Jogos Árabes, colocação vista como ruim. “Os grandes favoritos são o Egito e a Tunísia, e o Barém fica sempre entre terceiro e quarto, mas no ano passado acabou abaixo da expectativa”, diz Schwanke.
Modernização do vôlei
Para o técnico, o fator fundamental na evolução da qualidade técnica do Dar Kulaib foi a modernização após a sua chegada. Depois de identificar um estilo antiquado de praticar o voleibol, Schwanke tratou de buscar o upgrade de seus comandados. “Tínhamos bons jogadores, mas que precisavam evoluir tecnicamente. Foi um trabalho difícil, porque mudar o jeito de um atleta jogar leva tempo. Nosso levantador, por exemplo, progrediu e sentiu isso depois dos treinamentos, e foi isso que deu certo”.
A partir dos novos ensinamentos, os atletas, que de fato acreditaram na filosofia do técnico brasileiro, sobraram para cima de seus adversários nas competições nacionais. O título inédito é prova disso. “Foi a atitude deles em busca do título que fez a diferença”, completa Schwanke.
Choque cultural
O calor intenso e o repouso tardio foram as barreiras a serem vencidas pelo brasileiro. Justamente por ser um país com clima quente, Schwanke explica que o costume é ir dormir mais tarde, quando o tempo dá uma trégua. “Isso, contudo, atrapalha na rotina do atleta, que precisa descansar e se alimentar bem para dar o seu melhor”, diz.
A fé no islã também foi motivo de adaptação para o técnico. Com o grupo de atletas e dirigentes do clube orando cerca de cinco vezes ao dia, os treinos precisaram ser organizados para um momento em todos estivessem disponíveis. “É um choque grande, mas adaptação é tudo na vida”, completa.
Antes de chegar ao Barém, contudo, Schwanke já tinha experiência com países da língua árabe, após uma passagem de dois anos pelos Emirados Árabes. Segundo ele, o novo país de trabalho é mais liberal em alguns pontos. “As mulheres podem acompanhar os jogos, dirigir, coisas que não acontecem nos Emirados”, completa.