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Brusquense expõe estampas produzidas na Buettner na década de 80

Desenhos foram desenvolvidos por Karin Formonte no período em que ela trabalhou na empresa

Foto: Divulgação

Inaugura hoje à noite na Galeria Orbitato, em Pomerode, a exposição Estamparia – Anos 80, que aborda os processos manuais de criação de estampas dentro da Buettner. De autoria da brusquense Karin Regina Kohler Formonte, a mostra contém os desenhos desenvolvidos pela artista entre 1985 e 1995, período em que ela trabalhou na empresa.

Na época, a brusquense começou a reunir os desenhos quando descobriu que eles eram levados para as caldeiras devido à falta de espaço no setor de arquivamento da empresa. Aquilo, para ela, era inadmissível. Por isso, mesmo sem pedir permissão aos patrões, Karin começou a levar os trabalhos para casa.

“Naquela época não havia como a empresa guardar todos os materiais. Existia um volume muito grande de desenhos porque sempre passava de uma coleção para outra. E o volume atrapalhava o processo de arquivamento. Além disso, naquela época não se pensava em guardar para a posteridade” diz. “Às vezes demorávamos mais de 20 dias para fazer um desenho com pincel, escovinha de dente e outras ferramentas e depois eles eram queimados, então comecei a guardar”, completa.

Os desenhos permaneceram esquecidos nos arquivos pessoais da artista por mais de 15 anos. Quando lembrou, decidiu colocá-los em exposição. Antes disso, no entanto, ela contou a situação ao antigo chefe, que autorizou o uso dos desenhos e a incentivou.

“Eu mostrei os desenhos há alguns anos na Uniasselvi/Assevim em Brusque, mas não teve muita repercussão. Quando eu trouxe na Orbitato, o pessoal elogiou o trabalho lembrando de uma técnica que hoje em dia praticamente não existe nas empresas. A Orbitato gostou também da questão do resgaste histórico”.

Karin lembra que, na época, todo o processo de desenvolvimento do desenho era manual. Diferente do processo atual da maioria das empresas: por meio de computadores. Ela lamenta a mudança sobretudo pelo lado poético do trabalho.

“Hoje o pessoal até está desenvolvendo as estampas a mão. Está voltando. Mas por um longo período, de 15 a 20 anos, esse processo se tornou totalmente digital. Eu acho o digital um processo meio duro, quando se faz manualmente é mais poético”, explica.


Divulgação

Currículo da artista

Brusquense, Karin começou a desenhar ainda na infância. Quando estava na quarta série, ela participou de um concurso de desenho manual na escola e ficou na primeira colocação.

Anos mais tarde, em busca do primeiro emprego depois de formada no ensino médio, ela fez o concurso da Buettner e passou. Na empresa, ela aprendeu a desenhar e pintar com lápis de cor, com tinta guache, com aquarela e com outras técnicas.

“Foi um período muito intenso, um aprendizado maravilhoso, e meu trabalho era um prazer. A forma de criação era manual, todos os desenhos eram pintados, o que levava, às vezes, muitos dias para ser executado. A pesquisa era feita através de livros, revistas, e material trazido de viagens”, conta.

Formada em Design Industrial pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e Administração pelo Centro Universitário de Brusque (Unifebe), ela concluiu recentemente a pós-graduação em Moda: Criação, Desenvolvimento e Comunicação, também pela Univali. Atualmente, é professora de Ilustração e Projeto nos cursos de Moda do Senai e do Senac.


Foto: Divulgação

No período em que trabalhou na Buettner, a artista brusquense sugeria temas para as coleções da empresa. Uma das sugestões foi a produção de toalhas com estampas de mulheres seminuas. No início, afirma Karin, a ideia gerou espanto nos chefes. No entanto, eles aceitaram e a coleção virou mania.

“A primeira estampa que saiu neste tema, vendeu, sozinha, mais que todas as outras toalhas de praia da coleção. Era comum vê-las nas boleias de caminhão, e penduradas na beira das estradas, onde eram comercializadas. Foi um momento marcante e de trabalho intenso”, lembra.