Brusquense Matheus Rheine quebra recorde na Escócia e conquista medalha de prata no Mundial Paralímpico de Natação

Atleta completa a prova dos 100 metros rasos em 59s20 e se torna o primeiro brasileiro a completar o percurso antes de um minuto

Brusquense Matheus Rheine quebra recorde na Escócia e conquista medalha de prata no Mundial Paralímpico de Natação

Atleta completa a prova dos 100 metros rasos em 59s20 e se torna o primeiro brasileiro a completar o percurso antes de um minuto

Nenhum obstáculo é capaz de parar Matheus Rheine. O fenômeno da natação paralímpica brusquense provou mais uma vez que superar seus próprios limites é apenas mais um (pequeno) desafio. Nesta segunda-feira (13), o atleta, cego de nascença, novamente escreveu seu nome na história do paradesporto brasileiro durante o mundial de natação, que está sendo realizado em Glasgow, na Escócia.

Pela primeira vez, fez com que um atleta do país 100% cego finalizasse a prova dos 100 metros rasos em menos de um minuto. O tempo de 59s20 garantiu o recorde brasileiro e a medalha de prata para o atleta que ainda hoje mora no bairro Azambuja. “Treinei muito para essa competição. Não é minha prova principal, mas é muito bom ganhar uma medalha. A volta é sempre o meu setor com mais falha, mas hoje senti que ainda estava cheio de gás. Eu sinto quando estou fazendo uma boa prova, quando estou puxando muita água, e hoje senti que estava indo bem. Estou muito feliz”, disse o nadador, em entrevista à assessoria do Comitê Paralímpico Brasileiro, logo após a conquista. A medalha de Rheine foi a primeira do Brasil no Mundial.

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Família em êxtase
Em Brusque, a família do nadador entrou em êxtase durante e, sobretudo, logo após a disputa da prova, pouco depois das 14h30. “É um sentimento maravilhoso. Durante todo o dia, não consegui nem trabalhar. É um orgulho e algo que transmite muita alegria, mas não surpresa, pois ele sempre trabalhou para isso”, destaca o pai, José Luís Rheine.

A mãe do atleta, Roseli Maria Corrêa, diz que a sensação de ver o feito do filho é indescritível. “Ver a cara dele recebendo aquela medalha me dá uma felicidade imensa”. Ela, o pai, familiares e amigos do atleta acompanharam a prova ao vivo pela internet na casa do nadador. “No fim, foi aquele grito de vitória. Não somente pela medalha, mas também pelo tempo que foi excelente”, comenta.

Para Rose, o espírito do atleta foi fundamental para o resultado. “Ele sabe que estava preparado e desde o início mostrou-se muito motivado. Ele é um rapaz muito centrado e isso me dá muito orgulho. Fez tudo direito dentro de sua rotina de treinos, alimentação e descanso, e isso lhe deu muita confiança”, observa.

A prova
Rheine caiu para a sua primeira prova nas piscinas de Glasgow ao lado de outras feras da natação paralímpica como o norte-americano Bradley Snyder e o sul-africano Hendri Herbst. Antes de chegar à final, ele participou de duas eliminatórias pela manhã.

Desde cedo, o atleta já mostrava confiança. Chegou a falar que iria bater o tempo de 58s9. “Estou super confiante. Acredito em mim e confio que virá coisa boa”, disse.

O tempo projetado escapou por pouco na finalíssima, mas não a histórica medalha de prata nos 100 metros rasos. Com 59s20, Rheine bateu Herbst (1min00s35), uma das suas pedras no sapato em outras competições, e ficou atrás apenas de Snyder (56s78).

Ex-combatente militar, o oponente é um caso à parte no esporte pelo fato de já ter enxergado, o que faz com que tenha noções mais aprofundadas da natação e dos movimentos em relação a um nadador que nunca enxergou. Snyder perdeu a visão após pisar numa mina na guerra do Iraque. “O sonho sempre é o ouro, mas com o americano se torna quase impossível. Por isso, é uma prata com sabor de ouro”, destaca o pai do atleta.

Novo desafio nesta terça
Após a medalha de prata, Matheus Rheine volta às piscinas hoje em busca de mais uma medalha. Nesta terça-feira ele disputa os 400 metros rasos, sua especialidade. Novamente, terá como principais oponentes Bradley Snyder e Hendri Herbst na luta pela medalha dourada. O brusquense se despede do Mundial na sexta-feira, quando participa de sua última prova, os 50 metros rasos.

Terceira medalha em Mundial
Essa foi a terceira medalha que Matheus Rheine conquista num Mundial de Natação Paralímpica. Há dois anos, o atleta colocou seu nome pela primeira vez na galeria de medalhistas da competição ao faturar o bronze na prova dos 100 metros, a mesma em que foi prata ontem, e uma prata nos 400. A disputa ocorreu em Montreal, no Canadá.

O atleta chega a Brusque no dia 21 para um período de dez dias na cidade. Logo depois, parte para Toronto, no Canadá, onde representa a delegação brasileira novamente, desta vez na disputa dos Jogos Parapan-Americanos.

Na última edição, em 2011, Matheus Rheine trouxe uma prata para o país na prova dos 100 metros rasos, disputada em Guadalajara, no México. Além de Rheine, Soelito Gohr, do ciclismo, é outro atleta de Brusque que representará o Brasil no Canadá.

 

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