Murilo Fischer/Divulgação

Brusquense pedala 620 km, de São Paulo até Brusque, em menos de dois dias

Ex-ciclista olímpico Murilo Fischer fez do retorno uma jornada de desafio pessoal e superação

O ex-ciclista olímpico brusquense, Murilo Fischer, de 40 anos, pedalou 620 km durante um total de 40h, de São Paulo, cidade onde trabalha, até Brusque, onde reside com a família no bairro Santa Rita. A viagem ocorreu entre sábado, 30, e domingo, 31, com pausas para alimentação e uma pernoite.

Com longo currículo de atleta, Fischer já disputou cinco edições dos Jogos Olímpicos. Hoje, ele tem uma loja na capital paulista e usou do retorno para a cidade natal uma jornada de desafio pessoal, uma forma de superar possíveis limites mentais e físicos.

No total, foram 24 horas e 27 minutos em cima da bicicleta. “É um desafio, a cabeça fala que pode, mas com o físico eu não estava tão seguro”, conta.

Em questão de segurança, ele diz que tem consciência do risco que correu, por ser uma estrada movimentada, o que exige uma atenção redobrada.

“Mesmo que a bicicleta tem preferencia no Código de trânsito, é uma obrigação nossa ser visto. Por outro lado, me senti muito seguro, senti respeito por parte dos caminhoneiros em parte de serra. Sinceramente não passei nenhum sentimento de medo e perigo, mas isso por ser consciente de ser visto, usar equipamentos de sinalização”, explica.

Primeiro dia

Fischer saiu da loja Bicicletaria Faria Lima, da qual é proprietário, em São Paulo, por volta das 4h30 da manhã de sábado. Foram 313 km pedalados neste primeiro dia de jornada, até às 18h20, quando chegou em um hotel perto de Curitiba, no Paraná.

Ele conta que até 2016, quando finalizou carreira como ciclista, pedalar por longas distâncias era algo que fazia com frequência, mas com objetivo de treinamento.

Ainda assim, não eram tantas horas em uma bicicleta: ele treinava em torno de 6h por dia, e no primeiro dia desta empreitada foram quase 14h pedaladas.

“Foi um dia do início, do passeio e da realização, e que se tivesse terminado ali, eu estaria psicologicamente feliz por ter aproveitado. Mas meu desafio foi da resistência e da superação, isso aconteceu no segundo dia”, diz.

Segundo dia

Por volta das 6h40 de domingo, ele partiu do hotel em direção a Brusque. Motivado após um primeiro dia positivo, esta segunda parte da viagem foi mais intensa. O cansaço do corpo apareceu.

Desta vez, ele pedalou 307 km, por durante aproximadamente 12 horas e oito minutos. A expectativa dele era que o trecho foi mais fácil, por ter menos desníveis. Entretanto, trajeto foi o mais difícil por conta do foco, autocontrole e persistência.

Apesar de algumas pausas, chegou em Brusque por volta das 21h. “Cheguei no trevo de Brusque exausto, mas temos que continuar. Tem que respeitar e entender o seu corpo. Se eu não posso ir pra Brusque a 30km/h eu vou a 20, ou a 15”, relata.

Desafio cumprido

De acordo com o ciclista, é comum as pessoas perguntarem se tem muita gente disposta a fazer o mesmo desafio. No final, ele acredita que o trajeto feito em dois dias é muito puxado e diz que, talvez em uma próxima, faria em três dias ou até com outras pessoas.

Contudo, Fischer ressalta que ao traçar um desafio, é necessário mirar mais longe para colocar a ideia em prática. Para ele, não é só o prazer de pedalar por longas distâncias, mas sim tirar de dentro de si o controle desta força.

“Eu fiz isso com a bicicleta, mas pode ser feito em qualquer situação da vida. É o ir além daquilo que tu acha que é o seu limite. Às vezes o limite físico não é o seu limite real”, finaliza.