Brusquenses apostam em línguas menos tradicionais na hora de aprender idiomas
O russo e o japonês são dois idiomas estudados na cidade
Quando se pensa em curso de idiomas, imediatamente vem a cabeça o inglês e o espanhol. No entanto, nos últimos anos, outros idiomas vem conquistando espaço no mercado e movimentando as escolas especializadas no ensino de línguas.
Em Brusque, algumas já oferecem outros idiomas além dos tradicionais inglês e espanhol. Já é possível encontrar no município aulas de francês, alemão, italiano, russo e até japonês.
De acordo com Zuleica Lanz, da For You Idiomas, a maior parte dos alunos ainda busca o inglês e o espanhol. Porém, as aulas de italiano, francês, alemão e russo oferecidas na escola, aos poucos, também estão chamando a atenção dos estudantes.
“Juntando todas as turmas temos mais de 150 alunos. A maioria é do curso de inglês, mas os outros idiomas também estão crescendo. O alemão tem uma procura muito grande, devido, principalmente, à descendência da população de Brusque”, diz.
As aulas de russo iniciaram neste ano na escola. A procura ainda é tímida, mas Zuleica acredita que, aos poucos, as matrículas devem aumentar. “Iniciamos no semestre anterior e, agora, vamos iniciar uma nova turma. Acredito que a curiosidade atrai os alunos. É um idioma bem diferente, e muito difícil também”.
A faixa etária dos alunos do curso de russo está entre 25 a 30 anos. “São alunos um pouco mais velhos, na maioria das vezes já são fluentes no inglês e procuram um diferencial. O fato de a próxima Copa do Mundo ser na Rússia, em 2018, também torna as pessoas mais interessadas em conhecer este idioma”.
A professora que ministra as aulas é a russa Viktoria Sitnikova Schmitt. Ela está em Brusque a pouco mais de um ano e viu nas aulas uma oportunidade de construir sua vida na cidade. “Estava procurando trabalho, então meu marido teve a ideia de conversar com a escola para ver se não estavam precisando de professor. Foi então que comecei a dar aulas”.
O russo é muito diferente do português, no entanto, ela afirma que com dedicação é possível ter um bom aprendizado. “Acredito que em três anos já será possível ser fluente. Em pouco mais de seis meses, minhas alunas já conseguem ler tudo, conversar no tempo presente, falar sobre família. Até achei que com o passar do tempo ficaria mais difícil o aprendizado, mas está sendo ao contrário”, diz.
Para a proprietária da Link Idiomas e presidente do Núcleo das Escolas de Idiomas da Associação Enpresarial de Brusque (Acibr), Karina Ristow Kohler, entre os principais motivos para o aumento na procura de outros idiomas, está a vinda de empresas multinacionais para a região, assim como a possibilidade de ingresso em programas do governo como o Ciência Sem Fronteiras. Ela destaca também as bolsas de estudo das universidades. “A Alemanha, por exemplo, oferece inúmeras oportunidades de bolsas integrais ou parciais. A Furb [Universidade Regional de Blumenau] também oferece intercâmbio para os alunos estudarem um semestre em outro país”, diz.
Em sua escola, ela ressalta o aumento na procura pelos cursos de alemão e francês. “Temos aproximadamente 15 alunos de francês e 40 de alemão. A maioria faz aulas individuais com os professores e temos alguns grupos com poucos alunos em cada”.
Outro idioma oferecido em Brusque além dos tradicionais é o japonês. De acordo com Maicon Gonçalves, da Wizard, a escola já oferece o idioma há muito tempo e, em Brusque, atualmente existem duas turmas, totalizando 15 alunos. “As aulas acontecem no sábado pela manhã, o professor é nativo, e o curso tem duração de quatro anos. Os alunos tem uma faixa etária de 19 a 27 anos. As pessoas que procuram a aula de japonês é porque têm interesse na cultura ou ainda querem se destacar no mercado de trabalho, ter um diferencial. Hoje, quem não tiver mais de um idioma, fica para trás”.
Estudando alemão
O arquiteto Rafael Rohleder, 27 anos, é um dos alunos da turma de alemão do professor Laurent Houot. Ele lista uma série de motivos que o fizeram escolher estudar alemão. “Primeiro, gosto da sonoridade. Em segundo lugar, pelos meus antepassados. Meu avô falava alemão fluente, meu pai também falava um pouco, já eu não falo. Sempre achei uma pena que esse legado do idioma tenha se perdido”, diz.
Ele também pretende viajar para a Alemanha, por isso, compreender o idioma se torna fundamental. “Quero ir para a Alemanha e, talvez, morar lá. Então preciso estudar. Já falo inglês fluente, fiz francês também e agora estou no alemão”.
Quem também se prepara para uma viagem ao país germânico é o médico Fabrício Brasil, 35 anos. “Como vou viajar para a Alemanha em breve, decidi estudar um pouco do idioma para poder me comunicar lá. Também é um desafio aprender uma nova língua, manter o cérebro ativo”.