Brusquenses com dupla cidadania italiana votam em referendo constitucional
Moradores da região estão recebendo as cédulas de votação pelos Correios
Cidadãos italianos residentes em Brusque e região receberam nas últimas semanas cédulas de votação para o referendo constitucional. A Itália votará, no dia 4 de dezembro, uma reforma constitucional que mudará o equilíbrio entre os poderes no país.
A presidente do Circolo Trentino di Brusque, Valdete Gianesini, diz que muitos sócios já receberam as cédulas. Os cidadãos italianos receberam, pelos Correios, um documento no qual está a pergunta se eles concordam ou não com a reforma constitucional.
Eles devem marcar com caneta azul ou preta “sim” ou “não”. As cédulas devem ser colocadas dentro de um envelope menor (que também foi enviado pelo Consulado-Geral da Itália). Este deve ser inserido dentro de um envelope maior pré-selado junto com o cupom da cédula eleitoral.
“A pessoa não se incomoda com nada, não precisa pagar”, afirma a presidente do Circolo Trentino di Brusque. Os envelopes devem ser postados de forma que cheguem ao Consulado-Geral da Itália, em Curitiba (PR), ao qual Brusque está subordinada, até dia 1º de dezembro, às 16h.
Os votos que chegarem depois de 1º de dezembro serão incinerados. Valdete diz que vários sócios de Brusque ainda estão se informando sobre o assunto. Muitos deles entraram em contato para que ela traduzisse o documento, uma vez que não falam italiano.
Para Valdete, votar nas eleições italianas é um dos pontos mais fortes de ligação entre os cidadãos que vivem fora da Itália com a sua origem. Essa será a primeira vez que ela irá votar, pois conseguiu a cidadania há um ano.
No entanto, os brusquenses com dupla cidadania já votam nas eleições parlamentares. Em 2013, inclusive, um candidato esteve em Brusque para fazer campanha.
Entenda a reforma
A Itália é uma república parlamentarista. O país é comandado pelo primeiro-ministro, que no momento é Matteo Renzi, e tem duas Câmaras, que formam o Parlamento.
Hoje, o Senado tem o mesmo peso que a Câmara dos Deputados. Mas Renzi propõe que o número de senadores caia de 315 para 100. Além disso, ele quer esvaziar os poderes do Senado, que não poderia mais derrubar o governo.
Com isso, o Senado ficaria com menos influência, e somente a Câmara dos Deputados poderia aprovar leis e dissolver o governo parlamentarista. O primeiro-ministro argumenta que a reforma servirá para dar estabilidade ao país.
A Itália vive uma série de governos sem sustentação desde a Segunda Guerra Mundial. Foram 63 governos. Como é preciso ter maioria nas duas Câmaras, é difícil para o Executivo conseguir aprovar leis.