Brusquenses contam experiência de surfar na pororoca do rio Mearim, no Maranhão
Apesar dos obstáculos no caminho, eles conseguiram realizar o objetivo de pegar uma onda totalmente diferente das tradicionais
Apesar dos obstáculos no caminho, eles conseguiram realizar o objetivo de pegar uma onda totalmente diferente das tradicionais
Um objetivo de infância se tornou realidade para os empresários brusquenses Diogo Silva e Odirlei Dell’Agnolo, o Bah, que foram para a pequena cidade de Arari, no Maranhão, para surfar a pororoca do rio Mearim.
A pororoca é um fenômeno natural causado pelo encontro das águas do mar com as águas do rio, que gera uma grande onda. As fases da lua influenciam na formação dessas ondas, que são formadas em poucos lugares do país, como na foz do rio Amazonas, em afluentes do litoral do Amapá e Pará, e na foz do rio Mearim, onde Diogo e Bah foram para viver esta aventura.
“Conforme fui crescendo, percebi que era uma questão de tempo realizar coisas que antes pareciam impossíveis. Tem a ver com o meu DNA e a busca por novos limites e coisas que a gente pode fazer enquanto estamos vivos e viver as experiências que a gente quer. O surf é natureza, aproveitar o tempo. Fazia um ano que eu não surfava e a gente foi para pororoca e deu certo”, conta Bah.
Bah lembra que a primeira vez que ele ouviu falar sobre a pororoca foi quando era adolescente e assistiu uma reportagem no Globo Repórter. Desde então, ele estabeleceu como objetivo surfar essa onda.
“Disse a mim mesmo que eu queria surfar essa onda, meus amigos já sabiam disso e tinham outros que queriam ir. Era um desejo bem antigo”.
No ano passado, em uma conversa com Diogo, eles decidiram embarcar nessa aventura. “Compramos as passagens, as barcas e marcamos”, conta Bah. “Esse é o desejo de todo o surfista, que é a aventura, conhecer lugares novos, estar em contato com a natureza”, acrescenta Diogo.
Eles foram atrás dos trâmites para fazerem a viagem, que aconteceu no início do mês de março. Na pesquisa para a viagem, descobriram que precisavam de um apoio de jet ski para chegar até a onda, que passa rapidamente.
“Onde a gente foi, tem seis bancadas. Então teríamos chances de pegar a onda cerca de quatro, cinco vezes. O jet ski te puxa e precisávamos de uma infraestrutura”.
Os dias dos brusquenses em Arari foram cheios de desafios. Além da presença de animais (jacarés, cobras, piranhas) e do receio de ficarem à deriva no meio do rio, eles entraram em contato com uma agência (teoricamente especializada) para conseguir os equipamentos necessários para surfar a pororoca com segurança, na prática, precisaram “se virar”.
“No primeiro dia, não tinha nada. Precisamos empurrar jet ski, encher boias, que estavam furadas. Foi um drama”, conta Bah. “Me machuquei em uma dessas, empurrando um jet ski por um campo. Bati com o joelho e com a coxa no equipamento de transporte, tive sangramento, fiquei até um pouco preocupado, mas foi uma luxação, ferimento superficial. Não me tirou de ação”, completa.
No segundo dia, mais problemas. Eles foram informados que estaria tudo pronto, mas, novamente não estava. “Os jet skis estavam posicionados, mas tivemos que encher boia de novo, mas elas esvaziaram. Foi uma loucura”.
Diogo chegou a cair na água e acabou colidindo com uma boia. Bah até tentou a subir na onda, mas, sem experiência, acabou indo no momento errado. No fim, nenhum deles conseguiu surfar.
Já um pouco ansiosos e frustrados, eles foram para o terceiro dia em busca de finalmente conseguir o objetivo. Eles foram para a água em um jet ski, que teve problemas para puxar a boia, depois para outro e, finalmente, as coisas começaram a fluir.
Diogo conseguiu fazer o drop de uma onda, enquanto Bah acabou caindo. Ele conta que continuou tentando, mas acabou se chocando com um banco de areia e quebrou a quila da sua prancha.
Já no último dia, eles conseguiram finalmente o dia mágico. “Ele já estava realizado, mas aí me emprestou a prancha e a coisa aconteceu. Para mim, foi uma descarga de emoção muito grande, me emocionei, é inexplicável. A onda teve uma duração de 11, 12 minutos, e a parte surfável dela durou 1 minuto, o chamado “paredão da morte”. É uma onda grande, volumosa e muito legal, de cerca de 2 metros mais ou menos. No meu caso, durou uns 30 segundos, mas foi a sensação que eu queria ter. Na onda que eu perdi a quilha, eu fui arrastando o joelho, estou com a marca até agora. Estou cheio de marcas, mas realizado”, conta Bah, aliviado.
Diogo tem uma fábrica de pranchas sustentáveis e, com uma delas, surfou a pororoca no Maranhão, a Aura Surfcrafts. Elas são feitas com madeira de reflorestamento para criar produtos com baixo impacto ambiental e alta durabilidade. Nas embalagens, elas não utilizam plástico e priorizam fornecedores locais, sempre pensando em formas inovadoras de utilizar o material excedente da nossa produção.
“Essa viagem tinha tudo a ver com o produto que eu faço, a minha marca, porque minhas pranchas são bem ecológicas, um produto em linha com a preservação da natureza, sustentabilidade, durabilidade. foi muito interessante levá-la para lá. O feedback foi muito positivo. Nunca tinha ido para o Maranhão e me surpreendeu positivamente. Ainda surgiu a possibilidade de fazer um workshop em breve numa associação de surfe para explicar a construção das pranchas”.
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