Brusquenses dão preferência a imóveis com mais de uma vaga de garagem
Município está na contramão dos grandes centros, onde apartamentos sem estacionamento têm grande procura
Município está na contramão dos grandes centros, onde apartamentos sem estacionamento têm grande procura
Embora a diminuição no uso do carro seja uma tendência em muitas cidades, em Brusque a realidade ainda é diferente. Muitos fatores influenciam na necessidade diária do automóvel e, por enquanto, ainda não é viável para a maioria dos brusquenses alugar ou comprar um apartamento sem vaga de estacionamento. Inclusive, a tendência no município é a busca por imóveis com até mais de uma vaga.
O coordenador do Núcleo de Construtoras de Brusque, Daniel Appel Coelho, acredita que uma vaga já está se tornando pouco para o público da cidade. “É comum que prédios mais antigos tenham menor número de vagas. Nos empreendimentos novos, tem-se a preocupação de colocar no mínimo duas. É um diferencial, pois Brusque é uma cidade que tem muitos carros por habitante.”
Para Coelho, as cidades maiores – onde há mais mobilidade com transporte público e também aplicativos de transporte – podem apresentar a tendência da diminuição do uso do carro e aumento das unidades sem vagas de estacionamento. “Mas Brusque é diferente, o pessoal ainda busca um apartamento com vaga. Mesmo os menores, quando têm duas vagas, já têm mais saída. Em Brusque, eu teria medo de lançar um empreendimento sem garagem”, pontua.
O que antes era comum apenas em apartamentos maiores, de três ou mais quartos, começou a ficar costumeiro em unidades menores. A busca por mais de uma vaga, segundo o coordenador, já vem sendo percebida nos últimos quatro anos. Segundo ele, com as linhas de financiamento, ficou mais fácil comprar um automóvel, o que influencia a busca por apartamentos com estacionamento para mais de um carro. “Um casal, por exemplo, no qual os dois trabalham, quer ter essa independência.”
“Essa questão tem muito a ver com a cidade, o plano diretor, a disponibilidade de transporte público. Não sei se Brusque vai passar a ter menos procura por vagas de garagem tão cedo”, avalia Coelho.
Dificuldade na locação
De acordo com a gerente de locação da Moresco Imóveis, Elize Bonecher, apartamentos sem vaga de garagem são pouco comuns em Brusque. “Por menor que seja o apartamento, sempre vai ter uma vaga, que seja de garagem, estacionamento ou até mesmo rotativa. É de suma importância ter, às vezes precisa até de mais de uma.”
Elize relata uma situação de um apartamento no Centro de Brusque: a unidade não possui vaga de garagem e, por conta disso, teve a locação dificultada. Após diversas visitas, foi alugado por uma senhora que anda a pé e não se incomodou com a falta de espaço para estacionar. “Mas são poucos, um a cada cinquenta não vão ter vaga”, estima a gerente.
Na contramão
O gerente de vendas da Julio Imóveis, Sergio Germano, acredita que Brusque está numa tendência contrária aos grandes centros. “Numa cidade como a nossa, onde ainda há pouco apelo ao transporte público ou Uber, por exemplo, acho que os imóveis sem garagem serão uma tendência mais futura. Tem muito a ver com uma questão cultural da cidade, de ter o próprio automóvel.”
Em agosto deste ano, de acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina (Detran-SC), Brusque contava com 103.568 carros. Conforme a última projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao mês de julho de 2018, o município tem 131.703 habitantes. Isso gera uma média de 0,78 carro por morador.
“No momento, não se vê procura por imóveis sem vaga de garagem ou estacionamento. Mesmo quem usa pouco o carro, como aposentados, querem ter essa sensação de liberdade”, diz Germano. “A tendência hoje é a busca por imóveis não com uma, mas duas vagas.”
Ele afirma que mesmo os apartamentos mais compactos, de 20 ou 30 metros quadrados, já surgem com duas vagas. O gerente de vendas explica que é comum no município que as famílias possuam um segundo carro. “Estamos na onda contrária à das cidades maiores, onde ter um veículo se torna quase impraticável por questão de custos, estacionamento, segurança e pela facilidade de se locomover de outras maneiras.”