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Católicos de Brusque fazem penitência durante a Quaresma

Conheça alguns dos sacrifícios que moradores do município fazem durante os 40 dias que antecedem a Páscoa

A Quaresma – período de 40 dias de preparação para a Páscoa -, é o momento em que os católicos refletem mais intensamente sobre suas atitudes na busca por serem pessoas melhores. Durante este tempo é comum que os fiéis façam penitências com o intuito de mudar algum aspecto que não esteja bom em sua vida.

A igreja católica ensina três modelos distintos de penitência: o jejum, a caridade e a oração. Em Brusque há muitas pessoas que dedicam este tempo para o sacrifício, como a estudante de 15 anos, Sofia Fantini. Ela decidiu não comer chocolate e nem tomar refrigerante, penitência que realiza desde os dez anos.

Além disso, ela que participa do grupo de jovem Sentinela, do Santa Terezinha, utiliza o período para intensificar as orações em família e na igreja, além de praticar o silêncio. “O chocolate e o refri são duas coisas que eu gosto muito, por isso faço este sacrifício, que não chega perto do que Jesus fez quando ficou 40 dias sem comer nada no deserto”.

Sofia afirma que, no entanto, não adianta fazer jejum sem realizar, de fato, uma mudança de postura. Segundo ela, o mais importante é não falar mal dos outros e ter atitudes que não levem para perto de Deus. “A penitência é uma maneira de reconhecer o que Jesus fez pela humanidade, mas sempre lembrando que não é o que entra na boca que é pecado e sim o que sai”.

O estudante Eduardo Massarolo, 14, morador do bairro Guarani, não come carne de frango, porco e boi e nem doces industrializados na Quaresma. É a primeira vez que ele faz a penitência e acredita ser um momento de mais aproximação com Deus. “São apenas 40 dias de 365 do ano. É uma forma de se redimir dos pecados, tirando algo que eu gosto. Durante este tempo me sinto perto de Deus”, diz o jovem, que pretende continuar a penitência nos outros anos.

Em busca de graça
O secretário de 19 anos, Júlio Zanluca, do Santa Terezinha, aproveita a Quaresma para intensificar penitências que ele já tem feito há alguns anos. Na segunda, quarta e sexta-feira, durante o dia, ele não come praticamente nada, voltando a se alimentar somente à noite. Geralmente ele acorda e come uma fruta ou uma fatia de pão e depois fica cerca de dez horas sem ingerir qualquer alimento, voltando a comer algo mais leve à noite, como uma salada ou um pão.

Mesmo parecendo radical, Zanluca afirma que há um propósito com a penitência e que ela é feita atrelada à muita oração. O jejum é dedicado para o grupo de oração carismática, da qual participa, pela sua família e também por uma graça que deseja alcançar. “É algo extremamente espiritual e dá muito resultado, são as bençãos de Deus. Se tem uma graça para alcançar por meio da oração eu alcanço, mas com a penitência eu consigo mais facilmente”, diz.

A aposentada Lucy Morelli Baron, 79, moradora do São Luiz, faz uma penitência mais tradicional há mais de 60 anos. Ela faz jejum de carne vermelha na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, evita comer guloseimas durante os 40 dias, participa da adoração ao santíssimo e do grupo bíblico em família e busca ir na missa da paróquia São Luis Gonzaga todos os dias. Além disso, ela ajuda pessoas e entidades. “É um momento de mais silêncio, que fazemos menos festas em família e que o dinheiro que eu não gasto comprando guloseimas eu ofereço para comprar alimentos para quem precisa”, conta.

Mudança de vida
A penitência é um ato de uma pessoa arrependida que quer mudar algo que não está bom na sua vida e utiliza algum dos três modelos de sacrifício ensinados pela igreja para fazer isso. Assim, o padre Magnus José Barão Caneppele, pároco da igreja matriz São Luis Gonzaga, explica esse tipo de atitude.

Segundo o padre, é um esforço maior que o ser humano faz para se libertar de um problema, de um vício. “Fizemos penitência porque a natureza é pecadora, o ser humano é, somos limitados, cometemos erros. A penitência é uma forma de policiar o seu corpo, seus pensamentos, seus instintos e controlar isso”.

O padre destaca que tanto o jejum (deixar de comer algo para controlar seus instintos), a caridade ( não somente materialmente, mas visitando um doente, um asilo) e a oração ( intensificação do momento de encontro com Deus) devem ser feitas com o objetivo de se tornar uma pessoa melhor.

“Uma pessoa com um coração penitente está num processo de conversão, de mudança de vida, que quer mudar pensamentos, atos, atitudes, não pode ser feito por fazer, tem que ter um objetivo maior, de ser melhor, de se tornar uma pessoa mais amável”.

Caneppele ressalta ainda que tempo da quaresma não é um tempo triste e de dor, mas um tempo de oração, de penitência, de conversão e de aproximação com Deus.