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Brusquenses irão percorrer mais de 10 mil quilômetros em direção à Transamazônica

Três apaixonados motoqueiros partiram nesta segunda-feira, 14, em direção à temida rodovia no Norte do país para uma viagem de quase 40 dias

Brusquenses irão percorrer mais de 10 mil quilômetros em direção à Transamazônica

Três apaixonados motoqueiros partiram nesta segunda-feira, 14, em direção à temida rodovia no Norte do país para uma viagem de quase 40 dias

Três brusquenses embarcaram ontem naquilo que pode ser classificado como a “aventura de uma vida”. Leandro Cesar Pereira, André Fernando Zen e Fábio Dias cruzarão o país de Norte a Sul de moto e atravessarão a temida BR-230, mais conhecida como Transamazônica. O trio zarpou ontem e deve permanecer quase 40 dias rodando o Brasil.

Apaixonado por motos, Leandro já fez muitas viagens extremas sob duas rodas. Já passou pelos desertos do Atacama, no Chile, e do Uyuni, na Bolívia, pela selva peruana e foi até Ushuaia, que fica na ponta ao Sul da América do Sul, na Argentina. Ou seja, o espírito de quem adora pegar a estrada, sentir o vento bater no rosto e aproveitar para conhecer novos lugares está no sangue de Leandro. A Transamazônica era um desejo antigo.

“É um projeto que tenho há uns cinco anos. Tenho todas as paradas, quilometragens, tudo bem detalhado. Mas eu estava sozinho. É difícil fazer uma Transamazônica na época da chuva e ainda sozinho. Neste ano, dois amigos toparam o desafio”, afirma o piloto.

Fábio é um dos integrantes do grupo que embarcou na jornada. Assim como Leandro, ele é um aficionado por motos. E assim como o amigo, também já cruzou o Atacama e foi a Ushuaia. Por fim, assim como Leandro, sentiu vontade desafiar o desconhecido e rumar em direção à famosa BR-230. “Esta viagem vai ser uma das mais difíceis que já fiz, porque vamos passar pela Transamazônica, que até hoje ninguém sabe bem como é o trajeto no mês de dezembro. O maior desafio é a estrada, muito precária, e a chuva”, diz.

O terceiro integrante, o caçula da turma, é André. Em alguns aspectos, a viagem será ainda mais desafiadora para ele. Isto porque o piloto nunca fez viagens longas, com vários dias de duração e muitos quilômetros a rodar. Este tipo de atividade exige muito preparo físico e, sobretudo, psicológico – já que os imprevistos podem ser muito perigosos. “A primeira viagem longa já será um teste de fogo”, brinca.

Os três partiram ontem pouco depois das 8 horas. No momento das despedidas, muitos familiares e amigos estavam presentes. A mãe de André, como que escondida do filho, pediu a Leandro, o “capitão” da esquadra, que cuidasse bem do “menino”. O percurso deles é desafiador, mas o planejamento e a preparação foram minuciosos.


Preparados para o que der e vier

Leandro, André e Fábio tiveram muito trabalho para se preparar para a viagem. Colocaram todo o seu conhecimento do terreno e a experiência com motos para estar preparados para tudo o que vier. Eles pegaram a estrada com três motos Yamaha: Leandro e Fábio com motos XT 660Z, e André, com uma XT 660R.

São máquinas preparadas para o extremo, como foco em off-road. Além disso, foram modificadas para aguentar ainda mais. Os tanques de gasolina foram expandidos para caber, no mínimo, 500 litros de combustível. Segundo Leandro, isto dá uma autonomia de 500 km para cada veículo.

As motos também foram alteradas na parte mecânica e aerodinâmica. Os motores (monocilíndricos, de quatro tempos) foram bem protegidos, com armações de ferro extra. Além disso, o paralama dianteiro foi reforçado e, pelo menos na moto de André, o vidro da frente foi aumentado para defendê-lo do vento forte. E todos as três possuem GPS.


20151215-21Mais de 10 mil quilômetros

O roteiro traçado por Leandro passa por 11 estados e soma mais de 10 mil quilômetros e 140 horas andando em duas rodas. Ontem, os brusquenses partiram de Brusque e pegaram a BR-470 em direção a Foz do Iguaçu, no Paraná. De lá, seguem para Campo Grande (MS) e então para Cuiabá (MT).

No Mato Grosso, Leandro, Fábio e André pegarão a MT-060, conhecida como Transpantaneira. A rodovia – que liga o município de Paconé ao vilarejo de Porto Jofre – é de terra. Em certas épocas, alguns trechos dos seus 150 km de extensão ficam intransitáveis por causa da chuva e da lama. “A Transpantaneira também é ‘punk’, mas acredito que estará será mais seco, ainda não será época de chuva”, diz Leandro.

O próximo destino é Porto Velho, em Rondônia, a última parada antes de pegar a Transamazônica. Leandro conta que eles trocarão os pneus para o de tipo rali, os “biscoitos”. Ele, André e Fábio enfrentarão barro, lama e mato até Marabá, no Pará.

Esta é a parte mais delicada da viagem. Em algumas época do ano, como é o caso de dezembro, a Transamazônica fica interditada. Em 2012, por exemplo, alguns municípios ficaram isolados por causa do excesso de chuva. É comum veículos pesados atolarem na pista.

O planejamento do trio é acampar ao longo da rodovia, em aldeias e vilarejos, com moradores. Eles têm os pontos mapeados, mas o clima é imprevisível. “Não sabemos o que vai acontecer, se vamos ter que acampar entre um vilarejo e outro, na beira da estrada, por causa da chuva. Este é o maior desafio, o desconhecido”, afirma André.

Passada esta fase, eles chegam em terras paraenses. Vão para Belém, a capital do estado, com pneus de asfalto, e então para o Maranhão. Lá, explica Leandro, eles cruzarão os Lençóis Maranhenses – um destino muito procurado por motoqueiros. Os lençóis são uma espécie de deserto, onde há muitas dunas. Tudo isto fica dentro de um parque ambiental com mais de 155 mil hectares de extensão.

Neste ponto, eles já começam a descer o Brasil em direção de casa. Em Tocantins, no meio do país, eles ainda farão o Jalapão – um cenário com vegetação rasteira e um pouco semelhante a um deserto. É uma rota muito frequentada por motoqueiros de todos os cantos da nação. É conhecido por exigir bastante do físico dos pilotos.
Dali em diante, eles rumam para Brusque, para os braços da família. “Há muitas trocas de pneus, por isso estamos levando um jogo de pneus para asfalto e outro biscoitos com a gente. Tudo o que precisamos estamos levando daqui”, afirma Leandro. As trocas de pneus devem ser feitas em borracharias nas cidades de parada, mas o material é levado na garupa das motos.

Os três admitem que a viagem é longa e desafiadora. E uma das dificuldades é ficar longe da família durante o Natal e Ano Novo. A estimativa deles é de passar o Natal em Humaitá (RO) ou em alguma aldeia ao longo da Transamazônica. E a virada deve ser já em Belém, mas isto depende do andamento na rodovia. Se estiver muito ruim, pode ser que comemorem a chegada de 2016 em uma cabana, acampados à beira da BR-230.

 

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