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Brusquenses lembram como foi a apresentação do Mamonas Assassinas no município

Brusque foi a primeira cidade do Sul a receber o show da banda

Um ano antes do acidente aéreo que vitimou os cinco integrantes dos Mamonas Assassinas, Brusque recebeu o show da banda – uma das mais irreverentes da história musical do Brasil. Neste ano, que completa duas décadas da morte do grupo, o Município Dia a Dia traz lembranças de brusquenses que participaram deste momento.

O comunicador Ernani Godoy, o Banana, foi o responsável pela vinda da banda para Brusque. O show aconteceu no dia 6 de setembro de 1995, no pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof, e foi o primeiro a ser realizado no Sul do Brasil. Naquela época ele trabalhava na rádio Araguaia – 104.1, e juntamente com o apoio de algumas pessoas, como o coordenador do veículo, Mendes Júnior, e o empresário Roberto Maffezzolli, tornou-se possível trazer os Mamonas para a cidade.

Banana foi o responsável por trazer a banda Mamonas Assassinas para Brusque / Foto: Felipe Cavichioli/Especial

A prefeitura, que cedeu o espaço (pavilhão), além de outras entidades e empresas, colaboraram para a vinda dos músicos. “Foi o único show da história deles em Brusque e o primeiro fora do eixo Rio-São Paulo. Um privilégio para os brusquenses, um marco para a geração daquela época”, conta Banana.

Ele afirma que como a banda trazia alegria por onde passava e por ser uma novidade no Brasil, cogitou-se em oportunizar aos brusquenses esse show. Segundo Banana, que é um apreciador dos mais distintos estilos musicais e também responsável pela vinda de outros grupos para o município, como os Engenheiros do Havaii, por exemplo, o espetáculo reuniu cerca de duas mil pessoas. “A banda não tinha um produtor, então busquei um contato na gravadora e contratamos o show. Eles receberam com muita alegria o convite, assim como sempre foram”, lembra.

O custo, em 1995, foi de aproximadamente R$ 4,6 mil. “Foram um vulcão, explodiram no Brasil e com certeza quem foi jamais esquecerá”. Após o evento, estreitou-se a relação de amizade entre Banana e a banda, e ele foi convidado para ser representante deles na região. “Fizemos uma amizade muito grande. Foram pessoas especiais e de um coração e alegria enorme”.


Estadia em Brusque

A estadia dos Mamonas em Brusque foi rápida. Banana não lembra se eles ficaram um ou dois dias, mas conta que hospedaram-se no Hotel Monthez e almoçaram no Restaurante Schumacher.

Harry Schumacher, proprietário do restaurante, conta que quatro dos cinco integrantes da banda almoçaram lá e ficaram por aproximadamente uma hora e meia. Eles comeram o tradicional prato de marreco, joelho de porco, carne grelhada e beberam refrigerante. “Conversamos bastante. A impressão que tive é que eram gente muito boa”, afirma.

O Monthez guarda até hoje a dedicatória deixada pela banda no livro de personalidades do hotel. Dos cinco, Samuel Reoli foi o mais engraçado. Ele escreveu: “Queria ter um hotel desse em casa. Muito da hora”.

Integrantes dos Mamonas deixaram dedicatória no livro de personalidades do Hotel Monthez / Foto: Felipe Cavichioli/Especial

O auxiliar de cozinha, Claudionor dos Santos Garcia, trabalhava naquele época no Monthez e recorda com carinho dos Mamonas. Ele conta que eles ficaram hospedados uma noite e foi bem divertido. Os músicos brincavam com os funcionários e com outros hóspedes. O Dinho e o Bento Hinoto, o Japa, são os que Garcia lembra mais. “Estavam bem daquele jeito deles, uma simplicidade e alegria. Foi uma noite diferente e especial”.


Juventude encantada

A apresentação dos Mamonas Assassinas em Brusque durou uma hora e meia e contagiou quem prestigiou. É o caso da atriz Patricia Souza, que em 1995 também trabalhava na rádio Araguaia, e antes de apreciar o show, conversou com eles. “Foram para entrevista, gravaram comigo, brincaram muito, impossível não rir com a banda”.

Patrícia conta que lembra pouco do show, época em que tinha 18 anos, mas que foi alegre, com muitas brincadeiras. Pelados em Santos foi uma das músicas que eles chegaram a tocar mais de uma vez. “Nos divertimos um monte. Eles eram super palhaços. Foi um momento que movimentou a juventude de Brusque, todo mundo falava dos caras e nós fizemos a maior festa”, afirma.

Além de prestigiar o show, Patrícia Souza gravou com os músicos na rádio Araguaia / Foto: Felipe Cavichioli/Especial

A atriz ainda diz que naquele tempo as pessoas se preocupavam mais em “curtir o momento” do que registrá-lo. “Não éramos acostumados a filmar, nós aproveitávamos mais e filmávamos menos”. Até hoje ela guarda os ingressos da apresentação e tem fotos daquele momento, que serão para sempre guardados com carinho pelos brusquenses daquela época.

Ingresso do show dos Mamonas Assassinas, realizado em 1995 no pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof / Foto: Felipe Cavichioli/Especial

O colunista social do Município Dia a Dia, Rodrigo Vechi, também esteve no show. Ele recorda que o pavilhão ficou cheio e que foi com o pessoal do colégio. “Eles não estavam tão estourados ainda, eram conhecidos e tocavam na TV. Nesse ano o pavilhão eram um grande lugar, então uniu duas coisas: o espaço e o show em si”, afirma.


A banda

 

Apresentação dos Mamonas reuniu cerca de duas mil pessoas em Brusque / Foto: Felipe Cavichioli/Especial

Mamonas Assassinas foi uma banda brasileira de rock cômico. O som era uma mistura de punk rock com influências de gêneros populares, tais como forró (Jumento Celestino), brega (Bois Dont Cry), além de heavy metal (Débil Metal), pagode (Lá Vem o Alemão), Música mexicana (Pelados em Santos), Rap (Zé Gaguinho), Reggae (Onon Onon) e o vira (Vira-Vira). A carreira deles durou de julho de 1995 até 2 de março de 1996 (pouco mais de sete meses). Com um único álbum de estúdio, Mamonas Assassinas, lançado em junho de 1995, vendeu mais de 3 milhões de cópias no Brasil, sendo certificado com Disco de Diamante em 1995.


Acidente

Em 2 de março de 1996 o avião que levava os músicos de Brasília (DF) para Guarulhos (SP) chocou-se contra a Serra da Cantareira. Todos os integrantes: o vocalista Dinho, o guitarrista Bento Hinoto, o baixista Samuel Reoli, o baterista Sérgio Reoli e o tecladista Júlio Rasec morreram no acidente.