Brusquenses não têm hábito de ler obras regionais

Falta de divulgação e a dificuldade de distribuição são os principais motivos para a baixa procura

Brusquenses não têm hábito de ler obras regionais

Falta de divulgação e a dificuldade de distribuição são os principais motivos para a baixa procura

Os leitores de Brusque não têm o hábito de comprar livros regionais, produzidos ou editados na cidade e também em Botuverá e Guabiruba. A falta de conhecimento e de divulgação, a dificuldade de distribuição e o pouco interesse em alguns assuntos são os principais motivos para a baixa procura de obras de autores locais.

A vendedora Liliane Hochsprung, da Livraria Brusquense, diz que a falta de conhecimento sobre o conteúdo do livro é o principal fator para a pouca procura destes exemplares. “Muitos compram apenas na noite de autógrafos”, fala.

A auxiliar administrativa da Livraria e Papelaria Graf, Daiane Amorim, também diz que os leitores da cidade não buscam por obras locais.
Segundo ela, a falta de conhecimento e de propaganda são os motivos para as vendas baixas. Os livros mais comprados no período de 2011 a 2014 já estão com edição esgotada e não tem reedição. Daiane diz que em 2015 a obra Doutor Nica, de Saulo Adami, foi o livro mais comercializado na livraria, com 30 exemplares.

Luiz Gustavo Boscariol, responsável pelo Marketing e Vendas da Livraria Saber, afirma que o interesse por esse tipo de obra é mediano. Conforme ele, desde 2010 foram comercializados cerca de 70 exemplares de cada uma das cinco obras mais procuradas na livraria. (ver box).
Já a gerente da Livraria Gralha Azul, Rosangela Ribeiro Deucher, afirma que a procura pelos livros é razoavelmente pequena em relação a autores da literatura nacional e internacional. No entanto, segundo ela, atualmente a livraria possuiu o maior acervo de autores locais e regionais, com 72 obras. No período de janeiro a junho deste ano, em média, 20 exemplares destas obras foram vendidos.
Venda em livrarias não ultrapassa 10%

O fundador e presidente da Associação Brusquense de Escritores (ABE), Celso Deucher, elenca alguns itens que tornam baixa a venda de obras locais em livrarias. Segundo ele, o venda dos títulos é maior fora das livrarias. “Muitos autores comercializam juntamente ao círculo de amigos ou no lançamento, por isso que na livraria a venda em muitos momentos não passa de 10%”, explica.

Ele também registra que não há uma boa logística na distribuição das obras locais. “É feita por meio das distribuidoras que cobram um valor muito alto, por isso muitos não fazem”. Além disso, Deucher diz que a qualidade do livro também é um fator decisivo para a baixa procura. “Muitas vezes é uma questão de marketing do autor, que não elabora de maneira atrativa a capa e o próprio conteúdo”, diz.
Livros sobre famílias locais são os mais procurados, diz o presidente. Já sobre a história do município não desperta muito interesse da comunidade.
Cooperativas de escritores

Para amenizar a baixa procura pelo conteúdo local, Deucher frisa que a associação pretende criar cooperativas de escritores para a contratação de distribuidoras. Atualmente a ABE possui cerca de 125 escritores. Destes, 73 possuem obras lançadas.

Ranking dos 5 livros regionais mais vendidos nas livrarias de Brusque
Livraria Graf

1º Coleção Brusque Cidade Schneeburg – Saulo Adami (2005)
Brusque Era Maior: Viajantes do Tempo – Saulo Adami (2006)
Brusque Operária Comércio e Indústria – Saulo Adami (2008)
2° Tragédia e mistério na Villa Renaux – João Carlos Mosimann (2000)
3° Pedalando pelo tempo- Ricardo José Engel (2011)
4° Fanny, uma vida em perspectiva – Aquiles Duarte de Souza (2010)
5° Doutor Nica – Saulo Adami (2012)

Livraria Saber
1º Pedalando pelo tempo” história da bicicleta em Brusque” – Ricardo José Engel (2011)
2º As famílias de Brusque Guabiruba e Botuverá – João Carlos Mosimann (2010)
3º Tragédia e Mistério na Villa Renaux” – João Carlos Mosimann (2000)
4º Almanaque – Memórias ilustradas das cidades – “Brusque, Guabiruba e Botuverá” – Eduardo Alencar Azambuja (2013)
5º Páginas de uma cidade “crônicas” – João José Leal ( 2012)

 

Livraria Brusquense
1º Fanny, uma vida em perspectiva – Aquiles Duarte de Souza (2010)
2º Alasca via terra do fogo – Marcos Welter (2011)
3º Micki – Helga Erbe Kamp (2012)
4º Pequenas Emergências, Grandes Alívios – Anja Kamp (2014)
5º Pedalando pelo tempo – Ricardo José Engel (2011)

 

Livraria Gralha Azul

1º: O sul é o meu País – Celso Deucher (2013)
2º: Pedalando pelo tempo – Ricardo Engel (2011)
3º: Micki – Helga Kamp (2012)
4º: Sentinela do Passado II – Reinaldo Cordeiro (2015)
5º: Brusque Anteontem, Ontem e Hoje – Celso Deucher (2010)

Alasca via terra do fogo – Marcos Welter (2011)

A obra narra hábitos e diferenças culturais de 17 países da América visitados pelo autor e sua esposa em 2007. Durante 180 dias o casal percorreu 60 mil quilômetros de automóvel e conferiu peculiaridades de cada local.
Welter diz que foi essa obra que o tornou conhecido e fez com que fosse nomeado membro da Academia de Letras do Brasil – Seccional Brusque. Atualmente ele faz parte do Conselho Superior da entidade. Para o autor, Brusque está relativamente bem quanto ao consumo por leituras locais. “Considerando a média do Brasil, acredito que estamos bem. Fizemos parte de um povo mais culto”. Segundo ele, a imprensa tem papel fundamental na divulgação da leitura. “Ao invés do jovem ficar o tempo todo nas redes sociais, ele pode buscar conteúdo que acrescente na sua cultura”, frisa.
Pedalando pelo tempo – Ricardo José Engel (2011)

O escritor é colecionador de bicicletas – tem uma seleção de 40 – dos anos de 1927 a 1970. A paixão por elas foi primordial para que apresentasse em sua obra as várias utilizações do meio de transporte em Brusque, sobretudo na década de 50. Ele conta que a bicicleta era utilizada por donas de casa, estudantes e diretores de empresas. Além disso, a obra mostra a origem e a evolução deste veículo. “Consegui muito material por meio do acervo documental da Casa de Brusque”, ressalta, frisando a importância da entidade para o seu livro.
Para Engel, a baixa procura por livros locais mostra a falta de valorização cultural da comunidade. De acordo com ele, que não sabe os motivos para a situação, é preciso que haja conscientização do papel das obras locais para o conhecimento da população.

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