Brusquenses participam de desfile de moda inclusiva no 3º Prêmio Sul Brasil

Evento realizado em Florianópolis teve a participação de estudantes de Moda do município

Brusquenses participam de desfile de moda inclusiva no 3º Prêmio Sul Brasil

Evento realizado em Florianópolis teve a participação de estudantes de Moda do município

Cesar com as modelos Valdete, Grasiela e Luciana / Foto: Divulgação
Cesar com as modelos Valdete, Grasiela e Luciana / Foto: Divulgação

Na noite de quinta-feira, 10, foi realizado o 3º Prêmio Sul Brasil de Moda Inclusiva. O evento foi realizado no Majestic Palace Hotel, em Florianópolis, e contou com a presença de estilistas e modelos brusquenses.

Idealizado pelo Instituto Social Nação Brasil, o evento tem o objetivo de provocar o debate sobre moda diferenciada, além de incentivar o surgimento de novas soluções em relação ao vestuário para pessoas com deficiência, reconhecendo e premiando o trabalho de estudantes de Design e Moda, que projetaram e produziram modelos de roupas adaptadas para pessoas com algum tipo de deficiência.

Entre os 20 estudantes selecionados para a etapa final do evento estavam dois brusquenses: Cesar Felipe Mannrich e Daiane Leal.

Aluno do Senac, Mannrich participou do evento pela segunda vez e afirma que é um grande aprendizado. “É muito emocionante. Você ver as modelos felizes, se superando, é o maior ganho que uma pessoa pode ter. Todo mundo se emociona, é um aprendizado tanto na área profissional como pessoal”, diz.

Segundo ele, a intenção é tornar a moda inclusiva acessível e com a personalidade das modelos. “Hoje, o que se tem dentro da moda inclusiva é muito simples, mas as pessoas têm gostos pessoais, personalidades diferentes, e muitas vezes, por causa de sua deficiência, não podem usar uma roupa mais bonita. Com esse desfile, tudo isso muda. Somos desafiados a dar uma personalidade e design diferentes às peças”.

Mannrich criou peças para três modelos. Todas foram pensadas especialmente para elas, que participaram de todo o processo de confecção. “As roupas foram feitas sob medida, e procurei adaptar os materiais para cada deficiência”.

A estudante da 6ª fase do curso de Design de Moda do Centro Universitário de Brusque (Unifebe), Daiane Leal, participou pela primeira vez do evento. “Eu não queria fazer somente moda, mas facilitar a vida de outras pessoas, por isso, decidi participar. Me senti muito agradecida e fiz novas amizades”, diz.

Desfilaram as criações de Daiane as modelos Ana Vitória Machado Moreira e Sofia Kaule Ferreira.

Auto estima lá em cima

Se para os estilistas a participação foi marcante, para as modelos, foi a oportunidade de mostrar que elas podem, sim, desfilar e encantar a plateia.

Valdete desfilou pela segunda vez
Valdete desfilou pela segunda vez / Foto: Divulgação

Valdete Aparecida Ristow, de 48 anos, é moradora do bairro Cedro Alto, e desfilou pela segunda vez no evento. Há quatro anos ela teve de amputar a perna direita devido à uma bactéria desconhecida. “Passei muito tempo com problema na perna e os médicos não conseguiam descobrir o que era. Todas as biópsias que eu fazia acusava para um tumor desconhecido. O problema só aumentava e eu tive que amputar”.

Apesar da nova condição de vida, Valdete não se abateu. “Aceitei muito bem o que me aconteceu, pois estou viva. Convivo muito bem com tudo isso, não tenho vergonha nenhuma, e o fato de eu não ter uma perna não me atrapalha em nada”.

Valdete leva uma vida normal e, não deixa de vestir uma saia ou um calção. “É muito difícil ver uma pessoa sem perna usando bermuda, mas eu não dou bola. Gosto muito de tirar fotos e em todas a minha prótese aparece. Não sinto vergonha”, diz.

Quando recebeu o convite para desfilar, ela aceitou imediatamente. “É um sonho de princesa. Você é maquiada, vai no cabeleireiro, se sente muito bem. Poder participar do desfile é uma bênção”.

Quem também participou pela segunda vez do evento foi Grasiela Pacheco, de 34 anos, moradora do bairro Steffen. Ela nasceu prematura, com sete meses de gestação, e a falta de oxigênio no parto afetou seus movimentos nas duas pernas e na mão direita. Grasiela usa uma cadeira de rodas, mas não perdeu a esperança de um dia poder andar. “Faço fisioterapia e, mesmo com 34 anos, ainda tenho esperança de andar”, diz.

Para ela, desfilar é uma oportunidade de mostrar que, mesmo com a deficiência, ela é capaz. “Antes, a gente não via isso, era sempre excluído. Hoje, esse desfile abre os nossos horizontes. A maioria das pessoas com deficiência é tímida, mas eu gosto muito de participar, me sinto muito bem. É uma ação muito importante que nos incentiva”.

Luciana Divina Dias Rescarolli, de 41 anos, também foi uma das modelos de Cesar Mannrich. Ela teve paralisia infantil e desde então usa uma prótese na perna direita. “É muito importante esse evento. Eu sempre procuro estar bonita, frequento salão de beleza, mas no evento é tudo muito legal. Eleva mesmo a auto estima. Fico muito feliz em participar”.

 

 

 

 

 

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