Buettner atrasa salários e demite funcionários
Empresa está em recuperação judicial desde 2011, e não tem conseguido pegar encomendas por falta de capital de giro
Empresa está em recuperação judicial desde 2011, e não tem conseguido pegar encomendas por falta de capital de giro
Em recuperação judicial desde 2011, a Buettner está em situação delicada. A centenária empresa têxtil de Brusque está demitindo funcionários, atrasando salários e suspendendo gratificações dos trabalhadores.
De acordo com o presidente do Sindmestre – um dos sindicatos que representam os trabalhadores da empresa -, Valdírio Vanolli, a empresa passa por um momento complicado. “Os salários estão atrasados, e ainda baixaram uma norma suspendendo por tempo indeterminado o salário variável dos servidores do administrativo, que é uma espécie de prêmio que consta em carteira”, diz.
Além do corte nos benefícios, Vanolli afirma que a empresa não deposita o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) desde 2011, quando entrou em recuperação judicial. “Desde 2011, eles depositaram apenas dois meses o FGTS dos funcionários”.
A empresa está demitindo os trabalhadores com mais tempo na casa. De acordo com ele, a empresa tinha uma média de 600 funcionários no início do ano, agora está com 520, mas pretende reduzir o quadro para 400 colaboradores. Os setores de tinturaria, beneficiamento e parte da fiação deixaram de funcionar. “Eles estão demitindo e não pagaram um centavo da rescisão, não depositaram a multa e não colocaram em dia o FGTS. Para os trabalhadores demitidos, eles propuseram pagar o salário líquido de junho e o resto da dívida da rescisão em parcelas de R$ 500 mensais. Tem trabalhador que vai levar oito anos para receber toda a sua rescisão”, diz Vanolli.
Segundo ele, como a empresa está em recuperação judicial, o atraso nos pagamentos não poderia acontecer. “Uma empresa em recuperação precisa estar com todas as verbas em dia”.
O sindicalista ressalta ainda que a empresa tem pedidos, mas não consegue entregá-los. “Temos conhecimento que tem pedidos dos produtos, mas eles não conseguem entregar por falta de capital de giro. A empresa tem mão de obra qualificada. O problema é que é mal administrada”.
De acordo com ele, se o setor de produção não receber o salário nesta sexta-feira, a tendência é que os trabalhadores parem. “Todos merecem receber pelo que trabalharam. Também não é justo se a produção receber e a área administrativa não”.
Vanolli afirma que a situação econômica do país não tem influência direta na crise da empresa. “Para a Buettner, a situação do país não foi determinante. A empresa já vem se arrastando, só não é bem administrada. Se a situação está ruim no Brasil, a Buettner teria caminho para a exportação, o seu produto é muito procurado. Esperamos que tudo se resolva”.
O Município Dia a Dia tentou localizar a empresa, mas não obteve sucesso.