Buettner: de 1898 à 2016
Eduard Von Buettner, precursor da Buettner S/A Indústria e Comércio, nasceu na Alemanha em 1945. Não se tem uma indicativa dos seus estudos e da sua vivência na pátria-mãe, mas tudo leva a crer, pelas qualidades demonstradas no trato das coisas de comércio e pelos atributos conhecidos, ser uma formação urbana. Não há, também, uma referência ao tempo e das condições de emigração para o Brasil, tendo-se, apenas, que sua família se fixou inicialmente na colônia “São Pedro de Alcântara”, fundada em 1829. Transferindo-se para a colônia “Blumenau”, ali colaborou com Luiz Sachtleben na “Sociedade de Consumo da Colônia Blumenau”. Casou-se com Albertina Burow, de procedência alemã e tiveram seis filhos: Edgar, Maria, Artur, Oswaldo, Erna e Walli.
Em 1875 mudou-se para Brusque onde teve uma loja de fazendas, secos e molhados e armarinhos, além de torrefação e moagem de café e serrarias. Em 1898, estabeleceu, com o auxílio do filho mais velho, Edgar, uma firma individual para fabricar bordados finos, que se especializou em cortinados e foi a primeira do Brasil no gênero, comprando, entretanto, o tecido já pronto para ser bordado. Eduard faleceu em Brusque em 1902.
A atividade têxtil teve início em 1915 com o objetivo de suprir as dificuldades existentes (falta de mão de obra especializada, alto custo do material importado, dentre outros), com a instalação de uma pequena tecelagem, tinturaria e alvejantes. 1922 vai ser, entretanto, o ano da grande ofensiva têxtil e a firma se transforma em sociedade de capital e indústria com a razão social de “E.V. Buettner & Cia”, tendo como sócio Edgar Von Buettner, Clarance Oswald Von Buettner e Heinrich Richard Bruno Erbe.
Neste mesmo ano a firma importou da Alemanha 25 teares, passando, assim, a produzir o tecido que necessitava e ampliando a sua linha de produção, com o fabrico de mosqueteiros, de grande aceitação em todo o Brasil. A marcha ascensional dos negócios faz com que, em 1928, o capital social fosse elevado e ingressassem dois novos sócios: Bernhard Stark e Cia. Comércio e Indústria Malburg (Itajaí). No início da década de 1930 foi instalada a fiação, e no final da década foi instalada a seção de tinturaria para acabamento de fios e tecidos. A partir de então, a diversificação da sua linha de produção tornou-se uma constante.
A empresa adquiriu conceito no mercado internacional com suas toalhas de mesa ‘xadrez” e “jacquard”. Em 1938, a empresa aumentou novamente seu capital social e inclui em seu quadro social Maria Von Buettner. A dinâmica econômico-financeira fez com que a empresa alterasse sua constituição social em 1945, transformando-se em sociedade por cotas de responsabilidade limitada, com a razão social de “Buettner & Cia Ltda”, com ingresso de novos sócios. Em 1952 a empresa é transformada em sociedade por ações, com a razão social de “Buettner S/A Indústria e Comércio”, ano em que também foi instalada uma estamparia manual. Em 1953 teve início a automação do parque fabril com a aquisição dos primeiros teares automáticos. Em 1969 a “Buettner” passou a ser uma sociedade de capital aberto. A partir de 1971 a empresa entrou no mercado internacional (Walter F. Piazza, artigo: A modernização e as elites emergente: a contribuição alemã).
A empresa continuou a crescer e, na década de 1980, chegou a empregar em torno 2.300 funcionários diretos e a gerar emprego e renda para algumas centenas de terceirizados.
Em 1998, a Buettner comemorou seu centenário pois o ano de 1898 é considerado como sendo o ano de fundação da empresa (data em que o precursor Edgar estabeleceu sua firma individual para fabricar bordados finos). Depois de uma exitosa trajetória, a gigante sucumbiu: entrou em recuperação judicial em 2011; em 2012 teve a falência decretada e depois revertida no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, para, finalmente, ter a falência decretada definitivamente em 2016.