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Cabeleireiro usa rede de relacionamentos para ajudar pessoas carentes na região

Cristiano Pinheiro da Silva busca realizar ações solidárias há oito anos

Humanizar a sociedade é um dos compromissos do cabeleireiro Cristiano Pinheiro da Silva, de 37 anos. Nascido em Itajaí, ele mora no bairro São Luiz, em Brusque, há quase duas décadas e tem como premissa de vida ajudar o próximo.  Ele conta que solidariedade sempre fez parte do seu dia a dia, porém, há cerca de oito anos, após uma cliente perguntar o que ele desejava ganhar de presente de aniversário, a solidariedade se consolidou ainda mais.

“Eu disse que queria um tênis ou um perfume, mas pensei que eram itens caros, talvez desnecessários, e que outras pessoas precisariam muito mais do que eu. E como ela tem loja de roupa, então pensei, me dá roupas que eu vou ajudar uma instituição de Itajaí”, conta.

Pinheiro doa alimentos, roupas e cobertores a moradores de rua de Itajaí e de Balneário Camboriú, principalmente os que estão próximos a BR 101 ou embaixo de pontes. Também leva mantimentos para mulheres grávidas, doentes e deficientes de Brusque, de Gaspar ou de outros municípios.

Além disso, ele faz ações sociais em que corta voluntariamente o cabelo dos cidadãos em bairros de Brusque, promove o Natal Solidário, onde se veste de papai noel e leva brinquedos e balas para as crianças, e também realiza um evento em que arrecada recursos para contribuir com entidades de Brusque, como o Lar Menino Deus e a Associação Brusquense de Proteção aos Animais (Acapra).

“Eu faço porque é prazeroso, algo que sempre tive vontade. Há uma desigualdade muito grande e se eu posso ser uma ponte do bem, já que minha profissão me liga a várias pessoas, nichos sociais, eu devo ajudar”, afirma o cabeleireiro. Pinheiro conta que tanto a sua rede de relacionamento presencial (clientes do salão) como a digital (Facebook) são fundamentais para que consiga obter os mantimentos. “É preciso comover mais pessoas. Muitas querem ajudar, mas não têm tempo e não sabem para quem entregar um alimento, uma roupa ou um cobertor”.

O cabeleireiro também afirma que acredita em energia e em Deus, e que seu projeto é conseguir um espaço maior que sirva como ponto de arrecadação. “Eu nunca passei fome, mas já passei necessidade. Por isso acho que se todo mundo dedicasse 5% do seu tempo para ajudar ou uma vez por mês deixasse de jantar fora e ajudasse uma família o mundo seria um lugar melhor”.

Fazendo a diferença

Alessandra Arnold Depin faz parte da rede de relacionamento de Pinheiro e há quatro anos colabora com as ações sociais. Ela doa roupas e brinquedos. Alessandra considera que em um mundo onde cada vez mais vale a regra do “cada um por si, Deus por todos”, ter pessoas que ajudam o semelhante por livre e espontânea vontade, e sem esperar nada em troca, faz a diferença.

“Ele é dotado de um imensurável coração. E é em nome dessa pequena multidão de beneficiados, sem nome e sem voz, que me arboro do direito de poder agradecer a contribuição generosa, que permitiu levar à tantas criaturinhas humildes, um pouco de esperança, de conforto e de dignidade”, diz Alessandra.

Reciprocidade

Kleyton Maciel dos Santos, de 36 anos, nasceu prematuro e tem paralisia cerebral. Ele é cego, mudo e permanece na cama durante todo o dia. Há dois anos, as vidas de Kleyton e de Pinheiro de cruzaram. O cabelereiro distribuía presentes no Natal no Cidade Nova, bairro de Itajaí, quando a mãe de Kleyton, Ângela Maria Maciel, de 60 anos, pediu um chocalho para o filho. Pinheiro foi até a casa da família, conheceu Kleyton e desde então o vínculo se estabeleceu.

Pinheiro ajuda Kelyton com fraldas, edredons, roupas de frio e também já doou um aquecedor portátil. “Ele é uma pessoa abençoada. Tenho certeza que foi Deus que colocou ele no nosso caminho”, afirma Ângela. A mãe ainda diz que é nítido o amor que Pinheiro nutre pelo filho e vice-versa: “Ele fica segurando a mão do meu filho. E eles ficam sorrindo. É muito especial”, conta.