Cabo de Souza e Zaara: conheça a rotina da dupla de Brusque que salva vidas pelo Brasil
Bombeiro e animal já atuaram em grandes operações em diversos estados brasileiros
Que os cães podem ser uma das melhores companhias que uma pessoa pode ter, todo mundo já sabe. Porém, além de grandes parceiros de vida, os animais também podem ser grandes amigos na trajetória profissional. Esse é o caso da colaboração entre o cabo Carlos Alexandre de Souza e a cadela Zaara, ambos de Brusque.
A parceria entre o bombeiro e a cadela já dura sete anos. Zaara chegou aos braços do cabo quando tinha apenas dois meses de idade e, desde lá, faz parte da rotina do oficial.
“Tive que realizar o curso de formação de cinotécnico, onde é repassado o ensinamento básico e inicial de como formar um cão de busca e resgate. No Corpo de Bombeiros Militares de Santa Catarina (CBMSC), cada condutor forma e prepara o seu cão, criando um elo binômio (homem e cão)”, explica o bombeiro.
Rotina profissional
A rotina profissional dos dois se resume em duas partes. Primeiro o bombeiro realiza serviço operacional no atendimento de 24 horas, depois há os serviços realizados com a cadela. Entre eles estão treinamentos, condicionamentos e atendimentos de busca e resgate com cães (esses realizados em grande maioria durante os dias de folga do oficial).
Zaara possui hoje certificações nos níveis regionais, nacionais e internacionais, estando apta para atuar em qualquer cenário. A cadela pode realizar buscas em mata, regiões com deslizamentos, estruturas colapsadas, entre outras. “Estamos disponíveis para atender a comunidade a qualquer hora e em qualquer dia”, diz Souza.
Nos dias de folga, ele diz que há um espaço livre na agenda para que ele possa se dedicar à família e vida social. Já Zaara também possui um tempo reservado para que ela possa ter uma vida normal de cão, ou seja, sem cobranças e restrições profissionais.
Treinamento e acionamento
A rotina de treinamento dos dois iniciou durante os primeiros meses de vida da Zaara, quando se preenche uma escada completa de aprendizado e condicionamento, deixando o binômio preparado para atuar em qualquer cenário e em qualquer missão.
“Hoje nossa rotina de treino se resume a três dias por semana para condicionamento de busca de pessoas vivas e em óbito e quatro dias da semana separados para a atividade física, que é o principal para se ter um cão de alto rendimento”.
Quando são acionados para alguma operação, a ação acontece da seguinte maneira: tudo é feito via canais oficiais do CBMSC, onde é respeitada a hierarquia de comando. “Meu comandante recebe o pedido de acionamento meu e da Zaara e nos informa quanto a autorização do deslocamento”, diz o cabo.
Brumadinho
Questionado sobre qual foi a operação “mais difícil” que participaram, Souza revela que a primeira ida a Brumadinho foi complicada. O rompimento da barragem da cidade mineira deixou 270 mortos. Lá os dois atuaram em dois momentos juntos.
A primeira atuação levou sete dias e a segunda durou quinze. “A primeira foi mais difícil pois foi nossa primeira ocorrência real após certificados. Existia alguns medos e a falta de confiança no nosso trabalho, mas aprendi muito e tive total certeza que a Zaara estava extremamente preparada. Ela foi um dos cães destaque na operação pois apresentou o maior número de indicações.
Já a operação mais longe de Brusque que realizaram em dupla aconteceu no Pernambuco em 2022, estado que registrou vários deslizamentos de terra com vítimas soterradas.
Futuro
Questionado se existe alguma espécie de “aposentadoria” para Zaara, o bombeiro conta que, normalmente, um cão de busca e resgate pode atuar por até nove ou dez anos, mas tudo depende do animal.
“O condutor deve ser humilde e profissional e avaliar se o cão tem condições técnicas, físicas e de saúde para atuar na área operacional. É neste momento em que é avaliada a possível aposentadoria”, diz.
“Até o momento a Zaara, com sete anos, está em excelente condição de continuar atuando nas operações. Após a sua conclusão da sua vida operacional na corporação, ela se aposenta e fica sob minha responsabilidade, já que sou o condutor. Vale lembrar que hoje ela já mora comigo e só vai para o quartel quando estou de serviço ou quando temos ocorrência. Ela vive em minha casa como membro da família. Ela é minha parceira de vida e temos uma história juntos de muita luta, sofrimento e alegria. Somos um elo, ou seja, ela depende de mim e eu dependo dela”, conclui Souza.
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