Caça ao ninho: conheça a tradição para celebração da Páscoa que une famílias em Brusque

Crianças se divertem e aprendem mensagens importantes com a brincadeira

Caça ao ninho: conheça a tradição para celebração da Páscoa que une famílias em Brusque

Crianças se divertem e aprendem mensagens importantes com a brincadeira

 

 

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Para os cristãos, a Páscoa é uma das celebrações mais importantes do ano, que marca a ressurreição de Jesus Cristo. Além disso, é um momento em que se celebra a fraternidade, a união e a comunhão familiar.

Em Brusque, é muito comum que famílias façam a caça ao ninho, para as crianças se divertirem, interagirem e também desenvolverem aptidões. Seja uma tradição muito antiga ou recente e adaptada para cada realidade, as famílias têm o mesmo objetivo: passar uma mensagem de alegria e otimismo aos filhos. 

Tradição secular

Na família Schlindwein, a tradição da caça aos ninhos vem de mais de um século. O bisavô de Mirna Zen, 67 anos, veio da Alemanha e trouxe o costume, que foi passado de geração a geração e sobrevive firme até os dias atuais.

A Páscoa e o Natal eram as épocas do ano mais esperadas quando Mirna era criança. Ela se recorda bem da sensação que essas datas causavam, porque eles não tinham condições de comer bala, doce ou chocolate sempre.

Nesta época, os presentes não eram como os de hoje, eram amêndoas, e outras guloseimas. Mas era uma época muito aguardada, pois eles iam ganhar algo muito especial. A alegria de todo mundo era se reunir para fazer os ovos e juntar os ninhos. Os ovos cozinhavam em anilina colorida – até hoje dona Mirna faz isso para dar para os netos. Era o que eles tinham.

Atualmente, vários integrantes da família moram perto, e a tradição envolve todos – e ainda chama atenção também dos vizinhos. 

No sábado de Aleluia, os ninhos são montados e customizados pelas crianças, com itens naturais. “A gente mora em uma vizinhança em que todo mundo é família, e cada criança faz a sua na sua casa, usando flores, capim, deixam tudo organizado, os maiores vão ajudando os menores. Já faz dois anos que faço isso com meu filho Heitor”, conta a fotógrafa Priscila Flores, nora de Mirna.

Mirna conta que o pai ia na roça buscar folha de palmeira, eles limpavam o terreiro para fazer as patinhas, lembra aos pequenos como era sua experiência. Mas também deixa as crianças livres para usarem a imaginação. As experiências e as memórias adquiridas de um ano para o outro fazem com que o ninho fique diferente sempre. “Nessa era digital muito está se perdendo e esse é um momento para os pequenos usarem a imaginação”.

No domingo pela manhã, é o momento de caça. Todo mundo sai em um horário combinado para correr atrás dos ninhos e das guloseimas que as “coelhas” (mamães) colocam dentro.

Além de uma diversão e interação das crianças, o dia de caça aos ninhos é um momento nostálgico para os mais velhos, principalmente para dona Mirna.

“Hoje é um pouco diferente. Ela gosta de fazer isso com os netos e os filhos para que eles tenham essa sensação, eles querem passar a diversão e a alegria que eles tinham. Os netos hoje não criam essa mesma expectativa, mas é tão divertido e emocionante, que outros vizinhos aparecem para ver. Eu, que entrei na família depois, acho muito bacana essa interação entre primos. Meu sobrinho mais velho tem 14 anos e ainda participa”, explica Priscila.

Participação desde bebê

A celebração de Páscoa na casa da Malu, filha da gerente financeiro Elaine Meurer, vem desde 2014, quando a pequena tinha 4 meses.

Malu se diverte com a caça aos ninhos no domingo de Páscoa | Foto: Arquivo pessoal

Em sua primeira Páscoa, Malu ainda era muito bebezinha. A mamãe pintou o rosto dela e colocou filmes e músicas da época para celebrar.

Nos anos seguintes, começou a caça aos ninhos no quintal da casa. Na manhã de Páscoa, a mãe, a madrinha e os avós acordam bem cedinho para preparar a brincadeira.

“Bem cedinho, acordamos e já montamos a caça aos ovos. Colocamos os ovos espalhados no jardim, fazemos um caminho de balas, ovinhos, chocolates, até a cesta dela. Depois a gente espalha outros ovos pelo jardim”, conta Elaine.

Depois disso, Malu se prepara para a caça. Ela coloca uma orelhinha de coelho, pinta o rosto e desce para a caça. E se diverte muito.

“Deixa o dia mais alegre, divertido. A mensagem que queremos deixar é que a Páscoa simboliza alegria. É uma data festiva, que comemora a ressurreição de Cristo. É família, alegria, união”, destaca.

Real sentido da Páscoa

A professora Flávia Burgiak Jeske trabalha de forma lúdica e aborda a religiosidade com os filhos na Páscoa. Ela e o marido já trabalhavam com crianças na igreja e decidiram preparar algo diferente para a data quando o primeiro filho nasceu.

“A Páscoa não é apenas chocolate, ovos, coelho. Quando nosso filho nasceu, decidimos preparar algo especial que a gente conseguisse explicar pra ele o significado da páscoa e dos símbolos para não se tornar algo vazio na vida dele”.

A cada ano, Flávia usa uma abordagem diferente para a caça ao ninho durante a Páscoa. Eles costumavam morar em apartamento, onde tinham menos espaço. Agora, que se mudou para uma casa e tem duas crianças, aproveita o espaço para desenvolver a dinâmica.

“A mensagem é igual, mas a forma muda. Quando o primeiro filho era mais novo, mais ou menos 2 anos, eu lia uma historinha sobre a Páscoa, explicava sobre o coelho, também como Jesus morreu e ressuscitou. Ao invés de fazer a patinha de coelho, a gente fazia pegadas até encontrar a cestinha, como se fosse o caminho de Jesus. No ano passado, eu pintei corações, para falar do amor de Jesus, para explicar que a gente precisa espalhar o amor”, explica.

As crianças continuam ganhando chocolate, pintando e colorindo coelhinhos, pintando o rosto, enfeitando a cesta também. Mas, acima de tudo, Flávia quer passar a mensagem verdadeira do feriado aos filhos.

“Eu friso que o coelho é uma história, contei porque ele é um símbolo de fertilidade e também todos os símbolos da Páscoa, usando uma linguagem lúdica, mas sempre contei a verdade. As crianças entendem tudo que a gente fala, temos que usar uma linguagem fácil. A magia da Páscoa é a gente que faz. Tudo que a gente ensina, eles vão entender”.


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