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Cadela Zaara apresenta grande evolução nos treinamentos de busca e resgate

Cão treina há pouco mais de um ano com o cabo Carlos Alexandre de Souza e já participou da primeira prova de certificação

Com um ano e meio de idade, completados em 1º de maio, a cadela Zaara, do Corpo de Bombeiros de Brusque, demonstra grande evolução no treinamento para se tornar um cão de busca e resgate. O animal da raça labrador veio para o município com apenas três meses e foi doada ao cabo Carlos Alexandre de Souza, que é o condutor do animal.

Desde os primeiros dias em Brusque, a cadela iniciou os treinamentos e concluiu todas as etapas da fase de filhote, como obtenção do latido e adaptação aos ambientes e pessoas. Durante os treinos ela é colocada em situações de dificuldades, como ambientes de difícil acesso. Os treinos de Zaara são diários, com duração por tempo indeterminado, normalmente às 8h e às 15h, entre os intervalos.

Assim que a cadela chegou para o bombeiro, não havia uma estrutura adequada para abrigá-la. Somente com a reforma do quartel de Águas Claras, no mês passado, que ela ganhou um canil com uma área grande, proporcionando mais conforto. Porém, ela permanece no canil apenas quando o cabo de Souza está em serviço. Nos outros dias ela fica na casa do tutor.

Os primeiros treinos de Zaara ocorreram no próprio quartel, na casa do condutor e em ambientes em que ela já estava acostumada. Assim que se adaptou a fazer o que lhe foi ensinado, a cadela começou a treinar em ambientes diferentes e mais difíceis. “Se ela se acostumar a treinar somente em um local, vai aprender a trabalhar bem somente naquele local. Por isso não existe um espaço determinado para ela. Treinamos em vários ambientes”, explica.

O diferencial nos treinos de Zaara como cão de busca e resgate é que ela é colocada em locais de mata fechada ou aberta, alagados, com lama ou barro, para se acostumar com todos ambientes e climas. “Não adianta só treinar com clima bom, com sol, pois geralmente a catástrofe ocorre em dias de chuvas, tempestades, seja de dia, à noite, de tarde, no frio ou no calor”. Na região, o bombeiro e a cadela trabalham em Brusque e também se deslocam ao 7º Batalhão do Corpo de Bombeiros de Itajaí, onde tem condutores com cães já certificados e com a experiência para auxiliar os dois.

Dificuldades do animal
Atualmente, o cabo informa que a maior dificuldade da cadela é a questão do latido. “O encontrar, o faro e a indicação do local em que está a vítima está perfeita. Entretanto, quando encontra a vítima, ela precisa ficar latindo para me indicar onde é o local e neste ponto ainda temos alguns problemas”, conta.

Segundo o bombeiro, a cadela aprende muito fácil e se desenvolve muito bem, porém, desde os primeiros meses, sempre apresentou a dificuldade com o latido. “O cão é como o ser humano, precisa ser moldado e trabalhado, mas nunca consegue o 100% de perfeição. Mas precisa sempre treinar para melhorar e não esquecer”.

Ele acrescenta que o latido precisa ser imposto pelo condutor, que precisa forçar o animal a ficar no local onde está a vítima, sem pular e sem tocar nela, e se manter em uma distância segura. “Com isso, precisa latir até o condutor chegar ao local. Mas isso não é o natural para o cão, pois o natural para ele é o caçar, ir em busca, encontrar. Isso ela faz bem”, diz.

Certificação
Para poder atuar como cão de busca e resgate, a Zaara precisa ter a certificação exigida para o estado de Santa Catarina. Entre os dias 27 a 29 de abril, ela e o cabo de Souza participaram da prova, que ocorreu em Xanxerê, no Oeste do estado, porém, nesta primeira experiência não conseguiram obter o documento.

Além de Zaara, outros 25 cães participaram da avaliação, entre animais de diversos estados do Brasil, Colômbia e Uruguai. Para a aprovação, o cabo explica que era necessário obter uma pontuação em dois critérios: obediência (mínimo 70 pontos) e busca de pessoas (mínimo 140).

No quesito obediência a cadela alcançou a pontuação, porém, na prova de busca de pessoas, em que era necessário encontrar duas vítimas em 15 minutos, Zaara falhou na hora do latido. “Ela trabalhou muito bem, mas no momento da indicação da vítima para mim, não latiu”, conta o cabo.

Para o bombeiro, a falha no latido provavelmente está associada ao nervosismo do binômio (cão e condutor) durante a prova. Ele explica que o nervosismo do condutor prejudica mais o cão do que o contrário, pois o condutor sempre será a prioridade do animal. “Ela sempre vai querer que eu esteja melhor do que a pessoa que vai ajudar. Por isso chamamos de binômio, a conexão entre eu e ela tem que estar perfeita tanto no aprendizado como na tranquilidade e controle. Não adianta ela estar bem treinada e controlada se eu não estiver”.

Ao retornarem de Xanxerê, o cabo de Souza e a cadela continuam os trabalhos de treinamento, pois em agosto participarão de outra prova de nível nacional. No ano que vem, eles pretendem participar de uma prova a nível internacional. “Ela fez a certificação um pouco antes da idade indicada, pois é com 1 ano e meio em diante que se está apta a fazer”.

O cabo ressalta que foi para a prova com o intuito de adquirir mais experiência para os dois, pelo fato de Zaara ainda não ter um ano e meio e por ela não estar completamente preparada em todos os aspectos. “Ainda estamos trabalhando e tem algumas coisas a ser moldada, mas fiquei bem surpreso com a Zaara, pois pelas dificuldades que tivemos no início dos treinamentos, ela superou as minhas expectativas”, diz.