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Cadernetas de saúde estão em falta desde o ano passado

Problema é causado por atraso no envio dos materiais pelo Ministério da Saúde

Documento importante para acompanhar o desenvolvimento da criança, as cadernetas de saúde estão em falta em vários municípios do país, inclusive em Brusque. Com isso, as maternidades têm de improvisar e entregam papéis provisórios aos pais.

Angelita Leopoldino, moradora do bairro Dom Joaquim, é uma dessas pessoas que foi afetada. O filho dela nasceu no dia 11 de junho, no Hospital Azambuja. Tudo correu bem no parto, mas na hora de sair da maternidade ela foi surpreendida.

A mãe conta que recebeu outros documentos não-oficiais para acompanhar o desenvolvimento do filho. Foi explicado que as cadernetas oficiais, emitidas pelo governo federal, estão em falta.

O Azambuja entregou cadernetas de Botuverá, que lhe foram entregues pela Secretaria de Saúde de Brusque, que, por sua vez, pegou emprestado do outro município. “É complicado, porque fica tudo muito avulso, separado, perdido”, diz a mamãe.

Na opinião de Angelita, a caderneta facilita a vida dos pais, pois agrega em um só lugar várias informações importantes, como vacinas, medidas da cabeça, teste do pezinho e outras. Ela comentou sobre o assunto com uma pediatra do SUS, durante uma consulta, que também confirmou o desabastecimento das cadernetas.

O administrador do Hospital Azambuja, Fabiano Amorim, diz que nos últimos meses não foram enviadas novas cadernetas pelo governo federal, por consequência, o hospital não as têm mais em estoque.

Para evitar que os pais saiam sem documentos e tenham problemas, a unidade hospitalar está entregando as cadernetas alternativas.

A situação de Angelita está longe de ser única em Brusque, tampouco do país. A falta de cadernetas de saúde é um problema que se arrasta desde o fim do ano passado e não tem previsão de ser resolvido, de acordo com a Vigilância Epidemiológica do município.

O Hospital Dom Joaquim foi procurado insistentemente pela reportagem, mas não retornou até o fechamento desta matéria.

Burocracia
Natália Cabral Marchi, enfermeira responsável pela Vigilância Epidemiológica, explica que as cadernetas começaram a faltar no fim do ano passado. O Ministério da Saúde, responsável pela confecção do documento, parou de repassar para os estados, que não têm mais o que enviar às prefeituras.

Segundo Natália, é feito contato semanalmente com o governo do estado para verificar quando a situação vai se normalizar. A resposta do Ministério da Saúde para a Secretaria de Estado da Saúde, que repassa para Brusque, é que o modelo da caderneta está sendo revisto e não há previsão de quando o abastecimento voltará ao normal.

Enquanto o Ministério da Saúde não resolve o problema, a Secretaria de Saúde de Brusque adotou medidas emergenciais. A primeira delas foi pegar cadernetas antigas emprestadas de Botuverá.

Quando essas também acabaram, o poder público passou para o plano C, por assim dizer. Agora, são entregues folhas, chamadas de espelho pelos profissionais da saúde, onde são feitos os carimbos de vacinas.

Segundo Natália, as informações continuam a estar à disposição dos pais, mas de maneira de diferente. De acordo com a enfermeira, não há prejuízo no que se refere ao acompanhamento da saúde dos bebês.

“As pessoas podem ficar tranquilas que, quando normalizar a emissão, nós vamos entregar para os hospitais e as unidades de saúde”, afirma Natália. Quando o Ministério da Saúde voltar a emitir as cadernetas, as prefeituras terão trabalho dobrado.

Os profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade receberão a instrução de passar tudo o que está nas folhas temporárias a limpo. É serviço em dobro para as UBS.

O Ministério da Saúde foi contatado para comentar sobre o assunto, mas não se manifestou até o fechamento desta reportagem.