Caminhoneiros de Brusque e região aderem à paralisação nacional
Motoristas estão na rodovia Pedro Merizio, em Botuverá; não há prazo para o fim da manifestação
Motoristas estão na rodovia Pedro Merizio, em Botuverá; não há prazo para o fim da manifestação
Um grupo de caminhoneiros da região aderiu à paralisação nacional contra o aumento do óleo diesel. O grupo está acampado na rodovia Pedro Merizio, em Botuverá, logo depois da empresa Baterias Erbs.
Eles chegaram ao local às 16h de segunda-feira e, segundo eles, só sairão quando o valor do diesel baixar. “Só vamos sair daqui a hora que tomarem uma decisão que nos favoreça”, diz Anderson Clemer, 33 anos.
Até às 18h de segunda, em torno de 15 caminhões haviam aderido ao movimento. O local foi escolhido seguindo uma determinação da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), que orientou os caminhoneiros a não bloquearem totalmente a pista.
Eles colocaram alguns cones na estrada e todos os caminhões que passavam pelo local eram parados e estimulados a aderir ao movimento. Porém, nem todos aceitavam a recomendação. “Carro, ônibus e moto passa normal, mas os caminhões queremos que parem e se juntem a nós”. No local, alguns pneus foram queimados para chamar a atenção da população para o protesto.
Clemer, que é motorista de caminhão há 10 anos, afirma que o caminhoneiro está pagando para trabalhar. “Não está dando para pagar as contas. Hoje em dia não sobra nem 20% para o caminhoneiro. Antigamente sobrava 70%, 80%”.
Além do preço do óleo diesel, que até segunda-feira estava custando na faixa de R$ 3,60 o litro, os caminhoneiros protestam pela defasagem do preço do frete e também pelo custo dos pedágios.
Clemer diz que em 10 anos que está na profissão, oito foi dono do seu próprio veículo, porém, como a situação ficou ruim, há dois anos ele precisou vender o caminhão e agora trabalha como empregado.
Situação semelhante é a de Mauro Dalabona, 36 anos. Caminhoneiro há 17 anos, há dois meses precisou vender um veículo novo porque não conseguiu mais pagar as prestações. “Eu era patrão, mas não estava mais dando pra pagar as contas. Hoje tive que vender o caminhão e sou empregado”.
Para encher o tanque de um veículo, o custo gira em torno de R$ 3 mil. “Um tanque quase não dá para um dia, dependendo de onde você anda”.
Na segunda-feira, foi anunciada mais uma alta do valor do diesel nas refinarias, de 0,97%, a partir de terça-feira. Na semana passada, foram cinco reajustes diários seguidos. A alta dos preços segue em meio à disparada dos valores internacionais do petróleo.
A intenção dos caminhoneiros é chamar a atenção da população para os problemas que a profissão enfrenta. “Queremos que o governo nos valorize. A paralisação vai refletir no mercado, todo mundo precisa do caminhoneiro, mas do jeito que está não pode ficar”, ressalta Clemer.
Foram registradas paralisações em pelo menos 18 estados, com bloqueios totais e parciais no Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Em Santa Catarina, a Polícia Rodoviária Federal também registrou paralisações em Itajaí, Imbituba, Tubarão, Jaguaruna, Araranguá, Campos Novos, Joaçaba, Ponte Serrada, Navegantes, Araquari, Mafra, Papanduva, Santa Cecília e Lages.