Campanha Janeiro Branco conscientiza sobre saúde mental; confira dicas
Discussão sobre saúde mental tem se tornado mais frequente em meio à pandemia
O primeiro mês do ano é marcado pela campanha Janeiro Branco. O tema é uma preocupação mundial e tem se tornado assunto ainda mais frequente por conta das consequências da pandemia no bem-estar social.
O psicólogo Jean Nasgueweitz, do departamento de Saúde Mental da Tag Klinik – Hospital Dia, em Brusque, explica que há um elevado número de casos de transtornos psicológicos e suicídios no Brasil e no mundo que preocupa as entidades de saúde.
“A pandemia trouxe consigo a necessidade de um distanciamento e isolamento social. São fatores que contribuem para o agravamento de quadros já existentes ou o surgimento de diversos transtornos como ansiedade, depressão e transtorno bipolar”, diz Nasgueweitz.
Sem ajuda, esses quadros podem evoluir para uma síndrome do pânico e outras patologias, prejudicando a saúde física da pessoa.
O isolamento social e os desdobramentos da pandemia, como a expectativa pela vacina, podem ocasionar insegurança, medo, inquietação, constante estado de tensão, alterações no padrão de sono, entre outros. A falta de rotina também é prejudicial. “Não variam os estímulos mentais e [as pessoas] acabam ficando cada vez mais entediadas”.
As pessoas também podem desenvolver transtornos alimentares. “É muito comum que a pessoa procure fontes imediatas de sensação de prazer e contentamento”. Pode ocorrer também com bebidas alcoólicas e cigarro. “Outra situação que se nota muito neste caso é a compulsão por compras online”, alerta Nasgueweitz.
A convivência familiar mais intensa também contribui para o agravamento ou desenvolvimento de transtornos mentais. Problemas que antes eram deixados de lado ou disfarçados pela rotina fora de casa vem à tona, e precisam ser resolvidos.
O psicólogo diz que isso também resultou no aumento de agressões no ambiente familiar e de casos de feminicídio. Além do prejuízo para as crianças que presenciam essas situações.
Resiliência é a chave
Nasgueweitz ressalta que a resiliência, que é o que faz a pessoa ir além e suportar os períodos difíceis, é fundamental e deve ser aprimorada neste tempo de pandemia.
“E salientar que neste período de dificuldade é preciso ter resiliência, se apoiar uns nos outros e procurar ajuda sempre que necessário para tentar fazer com que a sociedade saia dessa muito melhor”, diz o psicólogo.
O que fazer para manter a saúde mental sem colocar a si e os outros em risco
Nasgueweitz explica que as pessoas podem adotar estratégias positivas de enfrentamento. “Criar hábitos saudáveis em casa, ter hora para dormir, para acordar. Usar a criatividade, se conhecer melhor”, cita o psicólogo. Estabelecer objetivos também é uma forma de se manter engajado em um propósito.
Para renunciar às compulsões, como alimentares e por compras, ele diz que é possível combater com o altruísmo. Fazer uma videochamada com algum amigo para saber como ele está ou até mesmo um encontro presencial, desde que tomados os cuidados necessários, é um ato do bem. Isso libera ocitocina, um hormônio que pode evitar a compulsão.
Nasgueweitz pontua que cuidar do emocional também é cuidar do outro. Sair de casa usando máscara, usar álcool em gel e manter o distanciamento social é um ato de altruísmo.
“O sentido de coletividade deve ser aprimorado. Eu creio que as pessoas estão recebendo um convite para repensar a forma como se relacionam com o mundo”, reflete.
Ajuda profissional
Percebendo qualquer sintoma é importante que a pessoa procure ajuda. Os profissionais estão seguindo o protocolo de segurança. Portanto, não é preciso ter medo de procurar ajuda. “Estamos prontos para minimizar ao máximo o contágio”, diz o psicólogo.