Candidato a deputado federal: Sebastião Lima defende mudança no SUS e reforma no pacto federativo

Médico e vereador, candidato do PSDB é contra concentração de recursos em Brasília

Candidato a deputado federal: Sebastião Lima defende mudança no SUS e reforma no pacto federativo

Médico e vereador, candidato do PSDB é contra concentração de recursos em Brasília

Idade: 59 anos
Naturalidade: Curitiba (PR)
Profissão: Médico e vereador
Grau de instrução: Ensino Superior completo
Religião: Católica
Nome na urna: Dr. Lima
Número na urna: 4535
Candidato a presidente: Não declarou
Candidato a governador: Não declarou

Sebastião Lima (PSDB) foi o vereador mais votado em Brusque na eleição de 2016, a primeira da qual participou. Nascido em Curitiba, é casado e pai de quatro filhos. Mora há 30 anos em Brusque.

É médico ortopedista e diretor clínico do Imigrantes Hospital e Maternidade, cargo que já ocupou no antigo Hospital Evangélico. Já presidiu a Associação Brusquense de Medicina (ABM) e foi conselheiro no Conselho de Saúde.

Nesta entrevista, Lima fala sobre suas propostas e opina sobre temas diversos. Uma das perguntas sobre a qual não se aprofundou questiona se há divisão no PSDB, pelo fato de duas candidaturas a deputado federal terem sido anunciadas, a dele e a de João Venzon.

“O próprio deputado Serafim Venzon havia dito que os homens de voto no nosso partido em Brusque eram ele e eu. Perguntaram se eu iria retirar o meu nome, eu disse que não, porque tinha convicção do porquê tinha colocado meu nome”, afirma. Acompanhe a entrevista.

Assista à entrevista na íntegra:

Por que decidiu ser candidato a deputado federal?
“Esse desafio começou com a candidatura a vereador. Estávamos em um grupo de amigos e esses amigos estavam colocando um desafio, se alguém do grupo se proporia a ser candidato. Aí um deles se propôs a ser candidato se eu fosse, e eu concordei em ir, para a gente dar um passo adiante e começar a tomar uma atitude. E, na mesma linha de raciocínio, foi quando surgiu uma oportunidade, ou como estadual ou como federal.”

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Qual o primeiro projeto de lei que pretende propor enquanto deputado?
“Como eu sou médico, alguns pensam que vou começar só a pensar em saúde, mas eu vejo que um dos grandes projetos de mudança realmente vai passar por vários setores: reforma de previdência, algumas alterações com relação ao incentivo à educação e também mexer com a saúde. Nós estamos falando numa mudança, e uma das coisas que eu tenho entendido no momento é que as pessoas têm falado muito em fazer coisas chegando lá, sem nem nunca saber como é realmente a realidade dos deputados federais. Tem que tomar um pouco de cuidado e não fazer promessas com coisas que a gente não possa entender.”

Qual será o seu investimento prioritário e recursos de emendas parlamentares? Vai aplicá-las 100% na região?
“Com certeza. Isso é uma outra coisa que tem que se ver, porque uma coisa é o que as pessoas pensam que acontece, e há outras que são uma realidade. Vou dar um exemplo que eu vi agora: Brusque, em 2015, mandou R$ 45 bilhões para o governo federal de impostos. Recebeu em torno de R$ 7 a 8 bilhões. A gente faz a conta que deveria ser o inverso. Nós deveríamos estar mandando de 7 a 8 para o governo federal para eles terem um orçamento para administrarem Brasília, e o estado que produz esse volume de impostos deveria reinvestir isso diretamente no cidadão e diretamente em situações que possam criar recursos para o crescimento e multiplicação desse progresso. E acontece o inverso.”

Caso seja eleito deputado federal, terá que renunciar ao mandato de vereador. Não teme uma rejeição de quem o elegeu?
“É uma das coisas que eu não digo que me preocupo, mas que eu entendi que pessoas que estão fora do sistema pensariam assim. Hoje tenho o entendimento de que, aos 60 anos, o que estou tentando fazer, cumprir mandatos vai consumir a minha energia de dar o exemplo. É quase como uma corrida de bastão, você chega e tem que ir adiante. Tem que passar o bastão adiante. Já dei o exemplo que dá para entrar, fui o mais votado, dá pra entrar sem gastar dinheiro, sem pedir voto. Eu mostrei que dá pra fazer do jeito certo.”

O candidato do seu partido à presidência, Geraldo Alckmin, fez aliança com o Centrão, grupo de partidos que já esteve com Dilma e Temer. Aprova essa estratégia?
“Do meu ponto de vista, não concordo. Quem está de fora da política não consegue imaginar que alguém venha, faça algum desrespeito contigo e daqui a pouco eu tô abraçado com ele. Não me parece que essa necessidade de ter uma coligação traga benefício à população. Elas são muito mais para fortalecer os partidos, e os partidos são uma das causas dos fracassos nas mudanças. Os partidos estão servindo muito mais para aumentar tempo de campanha [propaganda na televisão e rádio] para expor, e isso é injusto.”

Está disposto a cortar privilégios no seu gabinete? Quais?
“Com certeza, primeiro vou ter que saber quais são todos os benefícios que existem. Com certeza tudo que possa ser direito, mas que seja indecoroso e imoral, eu vou abrir mão. Tem algumas coisas que temos que fazer mudança. Por exemplo, eu abro mão do auxílio-moradia, se eu devolvo o dinheiro, não confio que façam algo de sério com o dinheiro devolvido. Tenho que ver se existe outra forma que se possa fazer, que ele atenda algum tipo de necessidade imediata para alguma instituição.”

Como o senhor avalia o modelo atual do SUS?
“Um terço a 50% do dinheiro gasto com saúde é um dinheiro queimado. Não há necessidade de ter um posto de saúde, com os custos que ele tem, para que eu possa sair da minha casa e sem me molhar, se estiver chovendo, chegar nele. Hoje é muito mais prático ter um meio de transporte para um lugar que atenda de forma honesta o que a pessoa realmente precisa, do que ficar oferecendo um sistema que faz de conta que atende, aceita que se faz de conta que trabalha, porque faz de conta que paga. Brusque tem R$ 8 milhões por mês para cuidar mais ou menos de 150 mil pessoas, levando em conta outras cidades. Um plano de saúde tem R$ 8 milhões para 15 mil pessoas. Temos um sistema que as pessoas estão fazendo errado esperando que dê certo.”

Qual a reforma estrutural mais importante e como ela deve ser feita?
Se vierem realmente as reformas, uma das mais importantes é que comece a coibir os gastos, os desperdícios. A principal hoje seria a mudança do pacto federativo. A outra é a mudança da previdência, que mexa com todos os aposentados, e não somente os que ganham menos de três salários.”

Qual é o modelo ideal de Reforma da Previdência?
“Parar de trabalhar é como se tornar sem utilidade. Tem que ter uma coisa mais complexa, um mapeamento de cada pessoa que está dentro do sistema, que seja estimulada pelo governo para que, quando chegue perto dos 50, 60 anos, não pare de trabalhar, tenha uma redução do tempo de trabalho, que chegue num ponto em que se trabalha três dias na semana, que a empresa seja estimulada a ter esse profissional, que sejam reduzidos total ou parcialmente os encargos.”

Além do corte de privilégios, como é possível melhorar as finanças da União?
“É por essa inversão do pacto federativo, para que o dinheiro fique onde ele é produzido. Hoje é devolvido para o estado que produz a riqueza uma parcela de 10 a 12%. O nosso PIB era de R$ 100 bilhões em 1996, e o dinheiro que girava entre os bancos dava em torno de R$ 400 bilhões. Um estudo dizia que se você colocasse um imposto único de 2% dava R$ 8 bilhões por mês. Em 12 meses daria R$ 100 bilhões. A diferença é que a máquina arrecadadora consome metade. Você usaria o sistema bancário para fazer a arrecadação e ele faria a transferência do dinheiro para estados e municípios, ao invés do que é hoje, que o dinheiro vai para Brasília, eles fazem as divisões e mandam uma migalha para cada um.”

O seu partido, na campanha presidencial, defende ampliar o Bolsa Família. Qual a sua opinião sobre isso?
“O programa como é colocado parece bom. Desde que ele foi implantado não se vê nada muito importante para fazer com que as pessoas fossem estimuladas a sair desta situação. Eu entendo que você precisa almoçar hoje pra poder ir trabalhar amanhã. Mas não posso dizer: não se preocupe em trabalhar amanhã, porque vou te dar almoço e janta, e a pessoa não tem um estímulo. Ao mesmo tempo em que se tem que manter o cidadão vivo, que é o que a bolsa faz, precisamos de algum tipo de programa que traga dignidade para a pessoa, que ela saia desta condição. Não vemos nada de efetivo em relação a isso.”

O senhor votaria a favor da descriminalização do aborto?
“Sou católico desde criança e não consigo imaginar a situação de matar uma criança a partir da concepção. Eu vejo que é uma solução muito fácil, temos outros pontos a atacar. Sou completamente contra, só nas situações que coloquem risco de vida pra mãe, e isso já está contemplado, são situações raras. Há estudos que mostram que os números são superestimados para valorizar a tendência de quem quer fazer a legalização do aborto. Em relação a plebiscito, não sei se as pessoas têm maturidade para tomar essa decisão.”

Qual foi o principal erro da atual legislatura da Câmara dos Deputados e como propõe corrigi-lo?
“O principal é difícil, tem tanta coisa errada. Eu continuo vendo que o sistema é todo feito para que o dinheiro que está lá venha através do deputado federal, isso cria um poder desnecessário. Temos que ver a importância disso, existe uma necessidade de representatividade do povo, mas vimos que até agora essa representatividade tem trabalhado para os representantes, não para os representados. O que existe não está funcionando. Esse sistema parece mais útil do que realmente é.”

É favorável à revogação do Estatuto do Desarmamento e flexibilização da posse de armas?
“Sou favorável à flexibilização. Hoje se pensar em ter um revólver é igual ter um carro: recentemente uma pessoa subiu na calçada e matou outras pessoas. Essa situação do automóvel é quase que tão grave quanto ter uma arma. Na Suíça todo cidadão suíço tem arma, o governo dá arma, dá treinamento, e nenhuma vez se vê que um suíço saiu com um rifle e matou pessoas. Hoje, como está, o bandido tem arma. Se você tiver critério, não pode proibir as pessoas de terem arma. Há exemplos de ditaduras e tomadas de poder que começaram com isso, enfraquecer a população.”

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Checamos as declarações do candidato:

Brusque tem R$ 8 milhões por mês para arcar com a Saúde de “mais ou menos de 150 mil pessoas, levando em conta outras cidades”?
Quase isso. O orçamento de 2018 da prefeitura prevê pouco mais de R$ 7,5 milhões ao mês, considerando o montante total de R$ 90,1 milhões divididos em 12 meses. No entanto, no decorrer do dia, há remanejamentos para aumentar o montante de recursos. O município tem, segundo estimativa do IBGE divulgada mês passado, 131.703 habitantes. O candidato, portanto, inclui a população da região em função de serviços prestados no Hospital Azambuja e Samu, em parte custeados pela Prefeitura de Brusque.

“Todo cidadão suíço tem arma, o governo dá arma e dá treinamento” à população?
Não é pra tanto. Estudo da Small Arms Survey diz que 46% da população adulta da Suíça é armada. O governo, no entanto, tem número mais conservador: informa que 25% das pessoas adultas têm arma em casa. Os números são estimativas, já que não há um registro oficial. O país é liberal em relação ao armamento de civis. Para comprar alguns modelos, não é necessário nada além de identidade, comprovante de residência e comprovante de antecedentes criminais. A reportagem não encontrou informações oficiais relacionadas à doação de armas pelo governo, como afirma o candidato, tampouco treinamento. A realidade do país europeu é bem diferente da brasileira: há menos de 50 assassinatos ao ano.

Brusque, em 2015, mandou R$ 45 bilhões para o governo federal em impostos e recebeu em torno de R$ 7 a 8 bilhões em investimentos?
Houve um equívoco. Os números referem-se a Santa Catarina.

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