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Candidato do PSOL ao governo do estado, Leonel Camasão apresenta suas propostas

Partido defende revisão das isenções fiscais para reequilibrar o caixa do estado

O jornalista Leonel Camasão, 31 anos, é o candidato do PSOL a governador de Santa Catarina. Ele visitou o jornal O Município nesta semana e falou sobre as suas propostas.

Camasão já foi candidato a deputado federal, em 2010; prefeito de Joinville, em 2012; e deputado estadual, em 2014. Ele afirma que a decisão da sua candidatura foi coletiva, primeiramente com o PSOL e posteriormente com o PCB, que indicou a vice Carol Bellaguarda.

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Camasão diz que a sua candidatura é para fazer um “governo de pessoas comuns, porque estamos acostumados a ver na política pessoas com sobrenome, megaempresários, filhos e netos de políticos, gente que cai na política quase que por hereditariedade”.

Principal problema a ser resolvido

O candidato do PSOL diz que a questão orçamentária é o principal nó que precisa ser destravado. O caminho para o reequilíbrio financeiro, segundo ele, é a revisão das isenções fiscais e a cobrança de processos de sonegadores.

De acordo com Camasão, o orçamento já aprovado pela Assembleia Legislativa para o ano que vem prevê um déficit de R$ 3 bilhões. Mas em contrapartida o estado isenta empresários em R$ 6 bilhões.

“Queremos rever as isenções para injetar recursos no caixa do governo para fazer as obras. Isso é o nó principal, sem desatar isso aqui nenhum candidato vai cumprir o que promete”, afirma o postulante do PSOL.

Apesar de ser crítico às isenções de impostos, Camasão afirma que, num governo do partido, elas continuarão a existir, mas com com critérios de contrapartida por parte da empresa e transparência.

“Vamos cortar muita coisa, porque a impressão que nos dá é que quem recebe isenção é quem financiava as campanhas no passado, é acordo entre amigos”, declara.

Além disso, o candidato diz que há, hoje, processos por sonegação de impostos, principalmente o ICMS – imposto estadual -, no valor de quase R$ 13 bilhões. Camasão acredita que a chave para não deixar o estado quebrar é atacar nessas duas frentes. “Temos uma dívida prevista para os próximos anos de mais de 12 bilhões, então se não mexermos nas isenções, não vai ter como sustentar”, diz.

A situação das agências regionais

Camasão prega a extinção de todas as Agências de Desenvolvimento Regional (ADR). “Entendemos que são estruturas criadas para garantir governabilidade na Alesc a partir da distribuição de cargos.”

No lugar das ADRs, o programa de governo do PSOL propõe a criação de uma Secretaria de Estado das Cidades, em Florianópolis. “Será um órgão análogo ao Ministério das Cidades, para captar recursos diretamente. Será um órgão técnico para ajudar os municípios e microrregiões a planejar”, explica o candidato.

Melhoria da infraestrutura rodoviária

O candidato avalia que a chave para o mau estado de conservação da malha viária do estado é o rombo no caixa do governo. Ele acredita que as isenções fiscais e a sonegação tiram a capacidade de o poder público investir em áreas prioritárias.

“O governo optou em se quebrar porque isso facilita que os agentes usem o governo como mediação de interesses privados. Reforça a ideia de que o governo não funciona e que tem que vender tudo”, diz Camasão.

Ele é contra a concessão das rodovias para a iniciativa privada porque significa mais pedágios para os cidadãos que já pagam impostos. “Ou vamos fazer os ricos pagar impostos, ou não vão pagar e nós cidadãos comuns teremos que pagar pedágio.”

Filas para exames e cirurgias no SUS

Novamente, Camasão cita como ponto central para destravar a saúde a questão orçamentária. Segundo Camasão, o valor que se deixou de arrecadar com as isenções é mais do que o investido em saúde e educação somados.

Outro ponto que ele cita nesta área é formação de profissionais. Uma das propostas dele é criar mais campi da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), com mais cursos, por exemplo, Medicina.

“Precisamos formar profissionais da saúde nas regiões porque o filho da classe mais abastada que faz Medicina em Florianópolis não quer ser médico em Guabiruba, nem em Brusque e Blumenau”, diz.

O terceiro ponto destacado por Camasão é a revogação da Lei das Organizações para a terceirização de serviços do SUS. Ele exemplifica que a Lava-Jato no Rio de Janeiro apurou desvios de mais de R$ 700 milhões por meio dessas organizações.

Insegurança e o crime organizado

Segundo Camasão, o Instituto Geral de Perícias (IGP) deixou de entregar 10 mil laudos no ano passado que poderia auxiliar a resolver crimes.

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O candidato do PSOL afirma que é preciso investir mais no IGP e na Polícia Civil, para que o crime organizado seja desarticulado. Camasão diz que com o dinheiro oriundo das isenções e dos sonegadores é possível ter uma margem de manobra para chamar mais funcionários para os órgãos de segurança.

Alianças políticas e governabilidade

O PSOL concorre ao lado PCB, outro partido pequeno estado. Questionado sobre o porquê de não existir uma aliança com o PT, mais forte na esquerda, Camasão afirma que não “é nossa tradição”.

“Defendemos um projeto de sistema eleitoral em que os partidos se posicionem, sejam mais fortes, tenham ideologia, como está hoje não faz sentido”, afirma.

Camasão acredita que se for eleito, terá uma bancada forte na Alesc para dar sustentação. “Mas vamos privilegiar o debate das ideias e não questão de cargos, toma lá dá cá, porque isso deslegitima o processo político.”

O candidato acredita que a eleição não tem favoritos devido ao grande número de indecisos e desiludidos com a política. “Não dá para querer mudança votando nos mesmos.”