Candidatos a deputado federal de Brusque e região se posicionam sobre uso do fundo eleitoral
Valor distribuído aos partidos políticos neste ano ficou em R$ 4,9 bilhões
Após muita discussão no Congresso, o valor do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), o fundo eleitoral, distribuído aos 32 partidos políticos nas eleições majoritárias deste ano, ficou em R$ 4,9 bilhões na Lei Orçamentária Anual de 2022.
O fundo eleitoral foi criado em 2017 para suprir as doações antes feitas por empresas, mas proibidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015. A verba é distribuída em anos de eleições municipais ou gerais.
Os recursos, que começam a ser distribuídos neste mês de junho, devem ser utilizados somente para financiamento das campanhas eleitorais, com prestação de contas posteriormente à Justiça Eleitoral.
A utilização desse recurso não é unanimidade entre agentes políticos e sociedade civil. O jornal O Município enviou aos candidatos a deputado federal da região o mesmo questionamento. Confira as respostas.
Para 2022, o Fundo Eleitoral conta com R$ 4,9 bilhões. A utilização deste montante para as eleições divide opinião e gera debates. Você é favorável ao financiamento de campanhas com dinheiro público? Irá utilizar esse recurso em sua campanha?
Alessandro Simas (PP)
Deivis Júnior (MDB)
Assim como o meu caso, que tento pela primeira vez uma vaga na Câmara Federal, há diversos outros candidatos que não têm estrutura e condições financeiras para quebrar as oligarquias políticas que comandam nosso país. Vejo o fundo como uma forma de democratizar o processo eleitoral, na medida em que ele equilibra as candidaturas para que os eleitos não sejam somente aqueles que possuem mais poder aquisitivo, ou seja, os mais ricos.
O fundo ajuda a oportunizar que pessoas simples que queiram participar das eleições tenham condições de levar suas propostas a vários cantos, ao invés de serem sufocadas pelo sistema político.
Acredito que o grande problema do Fundo Partidário não é a sua utilização, mas penso que a discussão deveria ocorrer a respeito do alto valor que é destinado para esse fim, pois sou totalmente contra a esse montante considerando as diversas prioridades de mais investimentos em áreas como saúde, educação e segurança pública.
Kátia Costa (Psol)
de recursos desde a sua criação. O Psol é favorável ao Fundo, mas votou contrário a este aumento.
Este fundo é distribuído de acordo com regras: 2% entre todos os partidos com registro no TSE, 35% entre os partidos que tenham ao menos um representante na Câmara dos Deputados, 48% entre os partidos na proporção de suas bancadas na Câmara e 15% entre os partidos na proporção de suas bancadas no Senado.
Um dos propósitos do fundo é diminuir a influência do poder econômico no processo eleitoral e na política brasileira, em detrimento dos interesses públicos. Na prática, será que alguém acredita que isso não acontece mais?
Outro propósito do Fundo foi financiar a democratização do processo eleitoral. Vamos pensar a situação de não ter nada de fundo… Como um cidadão comum, o seu Zé, a dona Maria, que normalmente estão em partidos menores, conseguiriam fazer minimamente material para a campanha, expor suas ideias e competir com os políticos profissionais?
Então, esse valor deve ser principalmente para dar espaço a pessoas que estariam bem longe dos pleitos eleitorais. E por isso, sou favorável.
Marise Tormena (PTB)
Paulinho Sestrem (Podemos)
Professor Deschamps (PV)
Não só favorável, como também incentivador da criação desta e de outras ferramentas de aperfeiçoamento da prática democrática brasileira. Entretanto, a maneira imprópria como vem sendo administrado o fundo, com um aumento de 184% em um período de dois anos e sem uma discussão pública profunda, é uma das grandes vergonhas do parlamento brasileiro.
A impressão que se tem é que os parlamentares abusam dessa prática com um objetivo muito claro: acabar com o financiamento público de campanhas, uma forma eficaz de evitar práticas criminosas em tempos de eleições democráticas. Agindo dessa forma inaceitável, muitos influenciam a opinião pública a indignar-se com o financiamento público das campanhas e, se tiverem sucesso, em breve isso acarretará a extinção desse tipo de recurso, e os paraísos do “caixa 2” voltarão à cena política brasileira.
É preciso aprimorar o fundo para que o cidadão brasileiro reconheça o financiamento público de campanha como uma forma de permitir o surgimento de novas lideranças, como eu, por exemplo, que dependo desse impulso para poder concorrer em um pleito tão disputado. Como toda ferramenta, também o fundo deve ser aperfeiçoado.