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Cardiologista Adilson Schaefer trocou oportunidade na Europa para voltar para Brusque, de onde não saiu mais

Aos 77 anos, ele não pensa em deixar de atender

Cardiologista Adilson Schaefer trocou oportunidade na Europa para voltar para Brusque, de onde não saiu mais

Aos 77 anos, ele não pensa em deixar de atender

Natural de Brusque, o cardiologista Adilson Schaefer, atualmente com 77 anos, se formou no Rio de Janeiro e, apesar de propostas para trabalhar até no exterior, voltou à sua cidade natal, onde viveu toda a sua carreira, que já tem quase 50 anos.

Doutor Adilson é o nono médico de Brusque há mais tempo com o registro ativo no Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina. Ele foi incentivado pelo seu pai, Isidoro, para buscar a profissão.

Seu Isidoro era alfaiate e tinha um estabelecimento no Centro da cidade, ao lado do consultório do doutor José Tridapalli, por quem tinha grande admiração. Este foi um dos motivos para que ele incentivasse o filho a seguir a profissão

Adilson completou o primário e o ginásio em Brusque, no Colégio São Luiz, e chegou a iniciar um curso contábil, já que, na época, a cidade não tinha o curso científico, como era conhecido o Ensino Médio na época.

Durante as férias de verão, porém, seu Isidoro tomou uma decisão, que mudou a trajetória de Adilson. “Chegou o verão, fomos para a praia. Era janeiro. Quando estávamos lá, ele me disse que me levaria para Curitiba na semana seguinte para me matricular em um colégio. E lá fui eu”, conta.

Adilson então foi estudar no Marista, um colégio interno, considerado um dos melhores do país, para fazer o curso científico. Ele então escolheu abandonar a contabilidade e seguir no caminho das ciências humanas.

“Meu pai sempre quis que eu fosse médico. Depois de fazer o terceiro ano no Marista, fiz o vestibular para Medicina e passei”.

Estudos no Rio e retorno para Brusque

Após passar no vestibular, Adilson se mudou para a cidade de Campos, no Rio de Janeiro, onde se formou em Medicina. Depois, ele foi para a capital do estado, onde já tinha passado um mês durante a graduação, passou na prova de especialista de cardiologia na Santa Casa e fez a residência no Hospital da Lagoa.

A oportunidade de retornar para Brusque veio em seu último ano de residência. “Tinha um único médico cardiologista, o Antônio Carlos Loureiro. Ele entrou em contato comigo e me disse que estava indo para Blumenau. Perguntou se eu não queria ir para Brusque”, conta.

Na época, Adilson tinha uma namorada de Itajaí – que depois virou sua esposa, a pianista Eneida Schaefer – e eles precisavam viajar para se encontrar. Ao mesmo tempo, ele tinha uma proposta para fazer residência de cardiologia em Barcelona, na Espanha. Ele, porém, escolheu voltar para sua terra. “Em 1974, eu voltei. Só fui para Barcelona anos depois para visitar”.

Adilson e Eneida Schaefer em 1974 | Foto: Arquivo pessoal

Trajetória na cidade

Inicialmente, Adilson começou a trabalhar em um consultório particular, mas acabou atendendo em diversos locais em Brusque. “Fiz um concurso público para o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), que é o INSS de hoje. Atendi lá por 30 e poucos anos”, conta.

Além disso, também trabalhou no antigo Sesi, como auditor médico da prefeitura, auditor médico da Unimed, no ambulatório de Guabiruba e também no plantão da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Azambuja.

“Trabalhei no pronto socorro durante muitos anos. Tenho muitos episódios que me marcaram, de pacientes que chegaram praticamente mortos, em parada cardíaca, naquela luta pela sobrevivência, e conseguimos recuperar. Depois, essa pessoa veio agradecer”, lembra.

Cardiologista trabalhou em vários locais em Brusque, inclusive no pronto socorro | Foto: Bruno da Silva/O Município

Atualmente, Adilson segue atendendo todos os dias no seu consultório, que fica anexo ao Hospital Azambuja. Nesses quase 50 anos trabalhando em Brusque, ele construiu uma relação de confiança com pacientes de várias cidades da região.

“Tem bastante pacientes que eu atendi o avô, o pai e agora o neto, de diversas cidades, Brusque, Guabiruba, São João Batista, Nova Trento… Tenho vários que chegam aqui e contam a história, são fiéis. Isso é muito legal e gratificante”.

“Evolução foi muito grande”

Com o passar das décadas, Adilson acompanhou a evolução da medicina de perto. Ele destaca que, na sua área, tanto na parte tecnológica como na fisiopatologia das doenças e na farmacologia, a cardiologia passou por uma revolução.

“Em termos de equipamentos, a evolução da cirurgia cardíaca. Na minha época, em 1972, eu me lembro, a cirurgia cardíaca era um negócio de risco. As pessoas morriam com frequência. Hoje em dia a cirurgia cardíaca é uma cirurgia comum, como qualquer outra. Muitas coisas que se abriram o peito, agora se faz tudo com um cateter. Então é muito mais tranquilo, a evolução foi muito grande”.

Valores da profissão

Mesmo longe do pronto socorro já há alguns anos, doutor Adilson conta que ainda atende pacientes que às vezes nem percebem a gravidade da situação em que estão.

“Às vezes o paciente chega aqui com uma dorzinha, que nem queria ir ao médico, mas é trazido pelo filho. Aí a gente faz o exame no paciente e a pessoa está infartando. A pessoa sai daqui direto para a UTI. Já aconteceu várias vezes de a pessoa sair do consultório fazer cateterismo, instalar stent no coração, passar por procedimento cardiológico. Depois eles voltam para agradecer. Mas eu digo: esta é minha função como médico, fazer o máximo que posso para salvar o paciente ou para diminuir o sofrimento. Esses são os valores que tenho em mente”.

Atualmente, Adilson atende diariamente em consultório anexo ao Hospital Azambuja | Foto: Bruno da Silva/O Município

Com sua saúde em dia e com o sentimento de que ainda pode contribuir para a sociedade, ele não pensa em deixar de atender.

“Como eu sou um cara que não tem nenhuma doença crônica, não tomo remédio praticamente, tenho uma vida tranquila, enquanto der, vou continuar. Quando eu ver que eu não tenho mais condições, eu vou parar. Mas por enquanto vamos em frente”.


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