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Carlos Alberto conta histórias do problema nas escolha dos goleiros e dos sentimentos na final de 1992

Goleiro obteve titularidade nos meses finais de uma temporada na qual conviveu com lesão no joelho

Dos 24 jogos que Carlos Alberto fez pelo Brusque em 1992, 19 deles foram os 19 últimos daquele ano. O goleiro disputou posição com Leandro ao longo da temporada, e quando teve a oportunidade de ser titular, deu conta do recado. Superou uma lesão no joelho que o incomodou ao longo daquele ano, jogou a final do Campeonato Catarinense e fez uma defesa decisiva já prorrogação, para minutos depois, comemorar o título.

Trinta anos depois daquele Brusque x Avaí, Carlos Alberto relembra a disputa com Leandro pela titularidade seus sentimentos nos minutos antes do apito inicial dado pelo árbitro Dalmo Bozzano.

Indecisão no gol

Carlos Alberto relata que estava convivendo com uma lesão no joelho, que inchava dependendo dos treinos. Quando o então preparador de goleiros, Robson Machado, o Bob, perguntou se ele estaria apto a jogar, houve dúvida, com o medo de piorar a lesão imaginando não ter garantias de que teria o suporte necessário após o fim do contrato com o Brusque. Então, o presidente quadricolor na época, Chico Wehmuth, prometeu que Carlos Alberto teria todo o tratamento necessário.

Em dúvida, Joubert Pereira começou a fazer um rodízio de goleiros. Carlos Alberto jogava uma, e Leandro, titular na Copa Santa Catarina, jogava outra, disputando posição com boas atuações. Até que os dois, insatisfeitos com a situação, cobraram o treinador: alguém teria que ser titular.

Leandro foi escolhido e jogou nove partidas consecutivas, até que teve uma lesão mais séria nos músculos adutores das coxas. Pedrinho, terceiro goleiro, jogou a partida seguinte, terminada em vitória do Brusque por 2 a 1 sobre o Avaí, em 4 de outubro. Carlos Alberto assumiu a titularidade na sequência e atuou nos 19 últimos jogos da temporada.

“Foi na reta final. Comecei a jogar, peguei ritmo. O time já estava bem encorpado, e enfim, nós deslanchamos.”

Defesaça na prorrogação: Carlos Alberto protagoniza lance decisivo | Foto: Carlos Alberto/Arquivo pessoal

Clima de final

A relação da torcida com o Brusque foi muito diferente quando se compara o início da temporada de 1992 com o final dela. O time passava por desconfiança, por conta campanhas muito modestas em 1991 e pelas diversas mudanças no elenco. Aquela equipe foi provando seu valor e conquistando a torcida ao longo do ano. O ápice foi no jogo de volta da final, contra o Avaí, em 13 de dezembro de 1992.

Mesmo 30 anos depois, Carlos Alberto se arrepia com a quantidade de torcedores no Gigantinho e o clima para o jogo.”Quanto chegamos a Brusque e entramos no Augusto Bauer, eu fiquei impressionado. Porque nós nunca tínhamos visto aquilo. Não tinha na semifinal ou nas quartas de final, a movimentação não era a mesma. A torcida dizia ‘nós acreditamos’.”

“Havíamos ficado isolados, concentrados fora da cidade para aquela final, e quando nos chegamos, foi como ‘não, agora é com a gente. não tem mais ninguém, somos nós fazendo nossa parte. Cada um tem sua função, a torcida vai fazer a função deles, e nós vamos fazer nossa parte. Quando entramos em campo e eu vi aquela imensidão de torcida… ‘Rapaz, que que eu estou fazendo aqui? O bicho vai pegar, rapaz. A chapa vai esquentar.'”

E esquentou mesmo. Aos 14 minutos do primeiro tempo da prorrogação, quando o placar ainda era 0 a 0, Polaco emendou a sobra do escanteio com um chutaço de primeira, na entrada da área. Carlos Alberto voou no seu canto esquerdo para fazer uma belíssima defesa, com um tapa na bola para fazê-la passar por cima do travessão.

“Tinha aqueles que levavam o piano, e tinha aqueles que tocavam o piano. Palmito era um deles, assim como o Cláudio Freitas. O time uniu juventude e experiência, e a mescla deu certo”, comenta. Na segunda etapa, coube a Cláudio Freitas, um dos pianistas, encerrar a melodia quadricolor.

Carlos Alberto

Goleiro
120 jogos (1988-89 e 1992-93)
Em 1992: 24 jogos

O Brusque em 6 de junho de 1993 contra a Caçadorense, já muito diferente do time campeão. Em pé: Washington, Edson d’Ávila, Müller, Clésio, Paulinho e Carlos Alberto. Agachados: Gilson, Palmito, Rildo, Vacaria e Renê. | Foto: Carlos Alberto/Arquivo pessoal