Cartas enviadas em junho chegam em setembro nas casas de moradores de Brusque
Situação tem gerado incômodo aos brusquenses, que precisam pagar as contas online ou lidar com os juros das faturas
Cartas enviadas em junho chegam em setembro nas casas de moradores de Brusque
Situação tem gerado incômodo aos brusquenses, que precisam pagar as contas online ou lidar com os juros das faturas
- 04/10/2021
- 7:00
Cartas de moradores de Brusque são entregues pelos Correios com semanas ou até meses de atraso. A situação afeta tanto as pessoas físicas como as empresas que recebem as contas muitos dias após o vencimento.
Um leitor do jornal O Município recebeu na segunda-feira, 27, cartas que foram postadas entre os dias 9 de junho e 20 de julho. Se não fosse pela internet, as cobranças estariam atrasadas e, consequentemente, o consumidor teria que pagar os devidos juros.
Exemplo disso é o que acontece com Cinara Aparecida Jorge da Silva que nos últimos meses tem recebido diversas correspondências com atrasos, sendo que muitas delas são boletos já vencidos. A moradora do bairro Dom Joaquim relata que já entrou em contato com a operadora de telefone e com o banco, pois acreditava que as faturas eram postadas com atraso.
No entanto, ela foi informada que todas as correspondências são postadas em dia, mas que o atraso ocorre na distribuição por parte dos Correios. Segundo a empresária, a fatura do telefone não é entregue há um ano. Já a do cartão de crédito era entregue depois do prazo e vencida, mas há seis meses os moradores sequer recebem a correspondência.
“Como nós sabemos que isso já vem acontecendo, nós ficamos atentos e pegamos a segunda via da fatura do cartão pela internet para evitar os juros, que são altos. Mas às vezes esquecemos de fazer isso com a conta do telefone e temos que pagar mais”, desabafa a moradora.
Devido às experiências ruins, quando Cinara realiza compras online sempre opta pela entrega de transportadoras. “Temos certeza de que sempre chegará na data, então é melhor”.
Assinatura cancelada
Quem também passou por situação semelhante foi Manoel José de Souza, que desde abril não recebe mais correspondências em casa. O morador do bairro Santa Rita fez questão de ir até uma agência dos Correios para reclamar da situação.
Ao questionar os funcionários sobre o atraso nas entregas, Manoel recebeu respostas como “não temos tempo para procurar” e “volte amanhã”. O idoso de 78 anos retornou à agência e novamente não conseguiu pegar as cartas.
No terceiro dia, ele ficou nervoso com a situação e a pressão dele subiu, conforme relata a filha, Isabel Reitz. Ela explica que algumas contas foram transferidas para serem entregues por e-mail, mas não foi possível mudar todas. Devido à falta de entrega de alguns boletos, a assinatura de uma revista do morador foi cancelada, pois consta no sistema que ele está inadimplente.
Depois dessa situação, Manoel realizou uma denúncia no 0800 dos Correios e espera que algo seja feito. “Pode parecer pequeno, mas ele é um idoso e quer receber a revista dele. Ele perguntou aos funcionários ‘por que vocês estão detendo algo que é meu?’. Ele tem um sentimento de injustiça”, conta.
Além das contas dele, também não são entregues as correspondências dos inquilinos que moram em uma casa localizada no mesmo terreno. “É um serviço pago por nós. Nós pagamos, o Correio recebe, mas nós não recebemos nossas correspondências. É uma covardia fazer isso com idoso”, conta indignada.
Encomendas atrasadas
Já a moradora do Dom Joaquim, que prefere não se identificar, relata que teve uma encomenda parada no centro de distribuição por 42 dias. Ela acompanhou o rastreio do pacote pelo site e foi surpreendida ao ver que o carteiro não foi atendido.
“Ainda colocaram na primeira tentativa de entrega que o carteiro não foi atendido, o que não é verdade, pois estou em casa o dia todo e meu esposo também, visto que ele trabalha no terceiro turno. Olhamos as câmeras com os vizinhos e naquele dia o carteiro sequer passou na frente da minha casa”, diz.
Em outra situação, a entrega chegou na unidade de tratamento de São José, onde ficou por 12 dias. No entanto, o objeto não foi transferido para Brusque, mas para o Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira, 30, o objeto chegou ao município, mas ela ainda aguarda a entrega.
A autônoma explica que além dos problemas com encomendas, as correspondências da operadora de telefone também são entregues com um mês de atraso. “Começamos a fazer online, mas a operadora cobra uma taxa para pagar na lotérica. Então temos sempre que bancar esse valor se for pago na lotérica”, salienta.
Ela entrou em contato com os Correios algumas vezes e recebe sempre a mesma resposta: “estamos com poucos colaboradores, a demanda está aumentando a cada dia e isso dificulta e atrasa em tudo”.
Sem retorno
A reportagem entrou em contato com a assessoria dos Correios para questionar a situação. A resposta dos Correios foi enviada na manhã desta segunda-feira, 4, por volta das 11h30, após a publicação da matéria.
Em nota, o Correios diz que a rotina de entrega permanece sendo executada no Centro de Distribuição Domiciliária de Brusque.
“Os Correios lamentam os transtornos e informam que, em razão dos protocolos adotados pela empresa em prol da segurança de empregados, fornecedores e clientes, podem ocorrer alterações nos serviços prestados pela estatal”.
A estatal ainda aponta as medidas adotadas para lidar com a situação. “No intuito de minimizar os impactos aos clientes e otimizar as operações de distribuição, os Correios estão adotando diversas medidas, tais como o remanejamento de empregados de outras unidades, a contratação de mão de obra terceirizada e a realização de horas extras e plantões aos fins de semana. Com essas ações, será possível observar melhora dos serviços de distribuição nos próximos dias em Brusque”, diz.
Por fim, o Correios afirma que segue à disposição dos clientes pelos telefones 3003-0100 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 725 7282 (demais localidades), ou ainda pelo site.
*Atualização às 15h05 de 4/10: o Correios encaminhou resposta sobre a situação que já foi inserida na matéria.
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