Casal da Austrália passa por Brusque durante viagem de volta ao mundo de carro
Eles pararam em ponto de apoio pertence ao brusquense e viajante Joselito Tridapalli
Eles pararam em ponto de apoio pertence ao brusquense e viajante Joselito Tridapalli
O casal de viajantes Brigitta e Maus, naturais da cidade australiana de Humpty Doo, esteve em Brusque no último fim de semana. A cidade catarinense foi escolhida como uma das paradas da viagem que tem como objetivo realizar uma ‘volta ao mundo’. A estadia aconteceu no ponto de apoio criado há 20 anos pelo brusquense e também amante de viagens, Joselito Tridapalli.
A visita a Brusque aconteceu após o casal decidir, ainda em 2024, incluir a América do Sul em sua viagem. No caminho, passaram pelo Chile (San Pedro de Atacama, Vicuna, Carretera Austral), Bolívia (Rota das Lagunas, Uyuni) e Argentina.
Após percorrerem mais de 25 mil km desde a saída da Austrália, conheceram as Cataratas do Iguaçu, local que se destacou como um dos principais marcos da viagem. O casal chegou ao Brasil via Porto Mauá, no Rio Grande do Sul.
“Devido às más condições climáticas, não conseguimos aproveitar muito os cânions, mas chegamos à costa, onde visitamos vários lugares de Santa Catarina, como Rincão, Laguna, Guarda do Embaú e Florianópolis”, relatou o casal.
No Natal de 2024, o casal se presenteou com uma estadia em Urubici, na Serra Catarinense, e lá exploraram as paisagens ao redor. Brigitta explicou que eles sempre tentam evitar as principais vias movimentadas e preferem pegar as estradas secundárias, buscando cenários mais diferenciados.
“Quando saímos de Urubici, pegamos a SC-486, e foi assim que chegamos a Brusque, no ponto de apoio de Joselito, onde fizemos algumas manutenções no carro e aproveitamos as instalações para explorar a cidade. Não conhecíamos nada de Brusque antes de chegar”, explicou a viajante.
Questionados sobre como encontraram o local, o casal contou que descobriram o ponto de apoio no aplicativo iOverlander. O espaço chamou a atenção pelas ótimas avaliações, que se encaixaram perfeitamente no que procuravam para a estadia.
“Nosso tempo em Brusque foi excelente. As pessoas são muito amigáveis, prestativas e ativas. Gostamos de ver as famílias caminhando e correndo pela Beira Rio no início da noite. A cidade é fácil de se locomover, muito limpa, tem bons estabelecimentos e nos sentimos muito seguros”, completou Brigitta.
A viagem do casal, com o objetivo de dar uma volta ao mundo, começou em 2018. Na época, enviaram o carro para Timor Leste (Timor Oriental) e seguiram rumo ao sudeste asiático, passando pelas ilhas da Indonésia até a Malásia continental, Tailândia, Camboja e Laos. A travessia pela China estava programada para começar em 29 de março de 2020.
“Esse foi o ano em que a Covid-19 atingiu o mundo. Naquele ano, o governo australiano anunciou o fechamento do país em 20 de março de 2020. Por conta disso, cancelamos a travessia pela China e dirigimos 2,5 mil km até a fronteira com Cingapura, na Malásia. Lá, deixamos o carro com estranhos e pegamos o último voo de volta para a Austrália no mesmo dia”, conta Brigitta.
Após ficarem “presos” na Austrália por dois anos, as fronteiras abriram e o casal pôde retomar a viagem. Enquanto isso, o carro foi recuperado da Malásia após 14 meses e retornou à Austrália. Após algumas modificações, o veículo foi novamente enviado para a Malásia para que a jornada pudesse continuar.
“Infelizmente, as fronteiras da China continuaram fechadas e Myanmar passou por um golpe de Estado, o que tornou a travessia inviável. O plano original era atravessar a China, os países da Ásia Central, a Europa e embarcar para Halifax, no Canadá. De lá, seguiríamos para os Estados Unidos, América Central e, finalmente, América do Sul. Porém, decidimos enviar nosso carro para a América do Sul e viajar na direção oposta, que é o nosso trajeto atual”.
Questionada sobre o futuro e os próximos passos da viagem, Brigitta explica que o casal nunca planeja o trajeto com antecedência e prefere viver o dia a dia. No entanto, considerando as condições climáticas, o tamanho do Brasil e o visto que está prestes a vencer, o casal decidiu seguir em direção ao norte.
“Talvez possamos visitar a região da costa de Porto Seguro, onde estivemos de férias há 25 anos, e depois seguir para Salvador, explorando seus parques nacionais, cachoeiras, cânions e outras maravilhas naturais da região. Claro, faremos alguns desvios para conhecer pontos interessantes pelo caminho. Dependendo do tempo, podemos seguir mais ao longo da costa ou dar meia-volta para visitar o Pantanal antes de cruzar novamente para a Bolívia”, conclui.
As viagens e a rotina do casal são compartilhadas no Instagram através do perfil no Instagram (@alongwayfromhumptydoo).
O ponto de apoio utilizado pelo casal pertence ao brusquense Joselito Tridapalli. Localizado no Centro da cidade, na rua Nicolau Schaefer, número 107, o espaço foi criado por Joselito há 20 anos, após ele começar a viajar com seu motorhome.
Durante suas viagens, ele utilizava pontos de apoio em outras cidades e, ao perceber a ausência desse tipo de estrutura em Brusque, decidiu criar um local semelhante.
“O terreno é meu e tem capacidade para acomodar até 10 viajantes. Ao longo dos anos, fiz diversas melhorias, pois no início era apenas um espaço vazio. Com o tempo, instalei energia elétrica, água, internet, um local para descarte de água cinza e esgoto, banheiro com chuveiro, brita no pátio, muro, câmeras de segurança, mesas, churrasqueira, área para montagem de barracas, entre outras melhorias”, explica Joselito.
Para utilizar o espaço, que chega a lotar durante a Fenajeep, Joselito explica que basta chegar ao local, pois não há trancas nos portões. Na entrada, há uma placa com seu número de contato, algo comum, já que os viajantes costumam avisar os proprietários sobre a estadia. O portão é adequado para veículos de até 10 metros de comprimento.
Questionado sobre os visitantes que já passaram pelo espaço, Joselito conta que mais de 300 viajantes já se hospedaram ali. Ele admite que, no início, era mais difícil as pessoas descobrirem sobre o ponto de apoio, mas que, com o tempo e o auxílio de diversos aplicativos voltados para viajantes, ficou muito mais fácil se informar sobre o local.
“Já recebi viajantes da Austrália, Estados Unidos, Argentina, Chile, Equador, Bolívia, Paraguai, Uruguai, França e Alemanha. Ouvir as histórias deles é uma experiência única. A maioria nos encontrou através de aplicativos como o iOverlander (um dos principais, por ser mundial), Macamp e Camped”, comenta Joselito.
Sobre o futuro do espaço, Joselito revela que está planejando melhorias, como a revitalização e ampliação do banheiro e a automação do portão de acesso. Ele também expressa a felicidade de poder ajudar e retribuir ao próximo, compartilhando que, quando viaja, também se sente acolhido em outras cidades.
“É uma rede de apoio que temos ao redor do mundo. Poder acolher os viajantes aqui é uma sensação indescritível. Além disso, a troca de experiências e histórias é sempre rica. A cada visita, falamos muito sobre nossa cultura e apresentamos Brusque e a região. Sempre que podemos, levamos os viajantes aos pontos turísticos e gastronômicos. Muitos nunca esquecem Brusque e sempre falam da saudade do que viveram aqui conosco. Sempre recebemos alguém indicado por quem já esteve aqui”, conclui Joselito.
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