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Caso de bullyng leva criança à depressão

Começou como uma brincadeira de mau gosto: xingamentos que parecem comuns entre coleguinhas da 2ª série. E Pedro*, na época com 8 anos, não entendia por que os amigos da escola o chamavam com aqueles nomes esquisitos. – Não dava bola porque não sabia o que era. Depois é que fui me informar que isso […]

Começou como uma brincadeira de mau gosto: xingamentos que parecem comuns entre coleguinhas da 2ª série. E Pedro*, na época com 8 anos, não entendia por que os amigos da escola o chamavam com aqueles nomes esquisitos.

– Não dava bola porque não sabia o que era. Depois é que fui me informar que isso era ruim. Contei para minha mãe e ela resolveu me ajudar – conta o menino, que hoje tem 12 anos.

Só que Pedro demorou muito para contar o que vivia na escola para a mãe. Ivana*, 44 anos, notava que o filho às vezes chegava da aula chorando. Mas quando a costureira, que cria sozinha o menino, perguntava o que estava acontecendo, ele desconversava, justificava o choro de qualquer motivo. 
E vinham as crises de gastrite: a mãe ia correndo com Pedro esverdeado de mal-estar para o pronto-socorro. E o menino, volta e meia, chegava em casa aos prantos. A mãe insistia, mas o menino fugia do assunto.

Isso até o sábado em que Pedro resolveu não inventar mais desculpa e contar para mãe o motivo do choro. 

Ele começou relatando todos os nomes pejorativos que dois coleguinhas o chamavam com frequência e a turma embarcava na brincadeira. Falou da tinta cor-de-rosa que ameaçaram jogar nele, das ofensas escritas no verso do trabalho exposto no corredor da escola.

– Ele chegou e contou para mim: ‘não sei se sou isso que eles falam’. Aí o chão se abriu para mim, não sabia quem procurar, o que fazer, onde buscar ajuda – contou a mãe com os olhos marejados. 

Ivana foi para escola. Apelou para a diretora, que fez um trabalho de conscientização falando sobre o bullying na unidade escolar. Mas não adiantou. A chacota continuou. Pedro não queria mais ir para escola. As notas caíram, tanto que ele achou que ia perder o ano.

– Olha o absurdo que ele pensou: achou que seria melhor se jogar embaixo de um carro, porque aí ele não precisaria mais viver e poderia ser mais feliz – conta a mãe, que decidiu agir. 

Ela procurou ajuda médica. O psiquiatra diagnosticou que Pedro estava sofrendo de depressão profunda. O motivo era o bullying. Do psiquiatra, foi encaminhado para uma psicóloga que além de iniciar tratamento, direcionou mãe e filho ao Conselho Tutelar. 
Hoje Pedro já não estuda na mesma escola e toma calmantes receitados pelo médico. A mãe, preferiu tirar o filho do convívio das crianças que o agrediram. Vai entrar na Justiça contra a escola e contra os meninos que insistiam em chingar Pedro. Ivana acredita que o bullying deveria ser mais discutido pelas escolas e por isso resolveu relatar a história. 
Pedro está aprendendo a lidar com o medo de conviver com outras pessoas e deixa o seu recado:

– Na escola, tinha outro menino além de mim que sofria bullying, mas sempre que os outros começavam a me chacotear, ele fazia também. E acho que se as pessoas não querem ser vítimas, não devem praticar.

** Para saber mais sobre o caso e entender melhor como lidar com o bullyng, leia a matéria completa na edição desta sexta-feira, 13, do Jornal Município