Casos de crianças indígenas vendendo artesanato chamam a atenção no Centro de Brusque
Famílias retornaram para aldeia em Major Gercino após abordagem do Creas
Nesta semana, crianças indígenas vendendo artesanato e pedindo esmola no Centro, chamaram a atenção de lojistas e de moradores de Brusque.
As crianças estavam acompanhadas de seus pais e na quarta-feira, 22, retornaram à aldeia de origem, em Major Gercino, após uma abordagem do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).
A coordenadora do órgão, Flávia Domingues, explica que quando ocorre casos de pessoas em situação de rua ou crianças em situação de mendicância, o serviço de abordagem social do Creas vai até o local verificar e faz um protocolo com a identificação dessas pessoas.
No caso dos indígenas, não é diferente. Flávia destaca que na quarta-feira, havia oito adultos com quatro crianças, sendo algumas bebês de colo no Centro da cidade. “Três crianças estavam em situação de mendicância e uma vendendo artesanato”, diz.
A equipe do Creas foi até o local e identificou que os indígenas fazem parte da aldeia Feliz, de Major Gercino. Flávia explica que em Brusque não é permitido que as crianças indígenas vendam artesanato ou peçam esmola.
“Em algumas cidades até permitem, mas segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), qualquer responsável ou adulto não pode permitir que a criança esteja em situação de trabalho infantil. Na chuva, com crianças ainda amamentando, ficando expostas na calçada com uma caixinha pedindo dinheiro, em Brusque não permitimos”.
Após a abordagem, os indígenas adultos foram direcionados para o Creas, onde foram cadastrados e foi emitida passagem para retornarem para Major Gercino.
A coordenadora do Creas afirma que geralmente os indígenas vão para outras cidades portando um documento redigido e assinado pelo cacique da aldeia, autorizando a venda de artesanato. De acordo com ela, o problema não é a venda de artesanato pelos adultos, mas o fato de as mães levarem as crianças junto.
Ainda de acordo com ela, todas as tribos são são regidas pela Funai, mas cada uma tem suas especificidades. Algumas aldeias, por exemplo, preconizam que levar as crianças junto durante a venda de artesanato é uma forma de educá-las. “Para eles é algo normal, mas é uma situação que para nós é de mendicância”.
A aldeia de Major Gercino, segundo ela, não segue esta tradição, por isso, quando a equipe entra em contato com o cacique, ele solicita que os indígenas sejam enviados de volta para a aldeia.
O Município entrou em contato com a Funai para obter uma posição do órgão a respeito da situação de trabalho e mendicância das crianças indígenas. No entanto, no órgão regional, em Santa Catarina, ninguém atendeu aos telefones. Já na sede da Funai em Brasília a orientação foi de enviar perguntas à assessoria de imprensa, as quais ainda não foram respondidas.