Casos de sífilis aumentam 81% em Brusque em 2016
Dos 98 casos registrados até novembro, 76 foram em homens
De 2015 para 2016, o número de casos de sífilis em Brusque pulou de 54 para 98, representando um crescimento de mais de 81%. O número, no entanto, pode ser ainda maior já que os 98 casos contabilizados pela Vigilância Epidemiológica correspondem até o mês de novembro.
De acordo com o levantamento feito pelo órgão, dos 98 casos registrados até o penúltimo mês do ano, 76 são em homens e 22 em mulheres. Para o urologista Humberto Teruo Eto, o alto índice de sífilis em homens demonstra que o público masculino não cuida da saúde e nem da prevenção de doenças. “É uma pena porque no fim, isso acaba repercutindo dentro da família. É um reflexo da displicência do homem com a prevenção e os cuidados com a saúde e isso é preocupante”, afirma.
O urologista lembra também que como a Aids já está sendo tratada como uma doença crônica, assim como o diabetes, as pessoas não tem mais tanto temor em adquirir o vírus HIV, e deixam a proteção de lado, esquecendo que há outras doenças sexualmente transmissíveis. “A grande dificuldade é a conscientização. Quando a Aids começou, as pessoas tinham uma preocupação maior porque era uma sentença de morte. Hoje, com os tratamentos, vemos que tem um descuido, as pessoas esquecem de usar o preservativo. Os altos índices estão aí para provar”.
O infectologista Ricardo Freitas destaca que o aumento no número de casos em Brusque pode estar relacionado a um maior diagnóstico, uma vez que o teste rápido está disponível nas unidades públicas de saúde, sem custo e sem burocracia no pedido. Entretanto, ele ressalta a falta de prevenção. “Temos observado um relaxamento nas medidas preventivas das práticas sexuais por parte da população em geral”.
O médico também destaca o alto índice de homens infectados pela bactéria. De acordo com ele, o alto número de pessoas do sexo masculino tem relação mais estreita com a prática sexual entre homens. “Principalmente numa faixa etária mais jovem. Não acredito em tendência e sim pela exposição sem prevenção e testagem mais frequente”.
Sífilis em gestantes diminui
Apesar do grande aumento no número de casos de sífilis adquirida, os dados da Vigilância Epidemiológica de Brusque mostram uma boa notícia. De acordo com o levantamento, o número de casos da doença em gestantes caiu de 18 em 2015 para apenas seis até novembro de 2016, o que representa uma queda de 66%.
O número de casos de sífilis congênita – quando a mãe passa para o bebê – também diminuiu. Em 2015 foram cinco e em 2016 apenas três.
O infectologista afirma que esta redução entre as gestantes se deve, principalmente, ao pré-natal realizado com mais eficácia. “Também devemos levar em conta a relação estável e monogâmica que é mais frequente entre as gestantes ou mesmo pela maternidade acaba diminuindo o número de exposição sexual de risco”.
Segundo o infectologista, a sífilis congênita é responsável por altas taxas de morbidade e mortalidade, podendo chegar a 40% da taxa de abortamento, óbito fetal e morte neonatal.