Casos de sífilis aumentam quase 200% nos últimos três anos em Brusque
Só em 2017 foram mais de 150 pessoas diagnosticadas com a doença no município
Só em 2017 foram mais de 150 pessoas diagnosticadas com a doença no município
De 2015 a 2017, o número de casos de sífilis em Brusque aumentou 190%. De acordo com dados da Vigilância Epidemiológica do município, em 2015, foram registrados 54 casos da doença. Em 2016, esse número passou para 110 e em 2017 aumentou para 157.
O aumento expressivo, segundo a enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Natália Cabral Marchi, está relacionado ao crescimento da procura por exames e a oferta de testes rápidos nas Unidades de Saúde do município. Porém, ela também credita o aumento à falta de prevenção nas relações sexuais.
Para o médico infectologista Ricardo Freitas, o aumento na incidência dos casos de sífilis não é exclusividade de Brusque. De acordo com ele, isso vem ocorrendo em todo o estado e também em nível nacional.
Ele diz que a perda do medo do HIV, por exemplo, está fazendo com que as pessoas tenham relações sexuais desprotegidas, ou seja, sem preservativo. Com isso, o risco de ser infectado pela bactéria que causa a sífilis é maior.
“Com a perda do medo da morte por doenças como o HIV, as pessoas acabaram tirando o preservativo. A sífilis é muito mais fácil de contrair do que outras doenças sexualmente transmissíveis”, explica.
A doença é causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum e tem como principal via de transmissão o contato sexual sem preservativo, seguido pela transmissão da gestante infectada para o feto durante a gravidez e o parto.
O médico explica que em alguns casos a doença é assintomática, por isso, muitas pessoas só descobrem que têm sífilis quando ela evolui para casos mais graves.
“O habitual é que apareça uma lesão ulcerada na região genital. Quando a pessoa percebe a lesão, deve procurar uma unidade de saúde imediatamente. Se não procurar tratamento em tempo hábil a lesão some dando a falsa impressão que a pessoa está curada, mas ela não está. Continua infectada e infectando outras pessoas em caso de sexo sem camisinha”.
De acordo com os dados da Vigilância Epidemiológica de Brusque, a doença é mais comum em homens adultos jovens.
Sífilis congênita diminui em Brusque
Se por um lado os casos de sífilis adquirida por meio da relação sexual desprotegida aumentaram, por outro, o registro de casos de sífilis congênita – transmitida da mãe infectada para o bebê durante a gravidez ou parto – diminuiu de 2015 para 2017.
De acordo com os dados da Vigilância Epidemiológica, em 2015 foram seis casos, em 2016 caiu para três e no ano passado, foi registrado somente um caso de sífilis congênita no município.
A enfermeira do órgão diz que houve redução devido ao controle rigoroso que é feito das gestantes com sífilis, bem como o acompanhamento das crianças até o segundo ano de vida para descartar a sífilis congênita.
A redução significativa da sífilis congênita mostra que Brusque está na contramão de Santa Catarina. Segundo levantamento realizado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC), o estado registrou aumento de casos no ano passado. Foram 560 em 2016 contra 697 em 2017.
O médico infectologista, entretanto, afirma que o município não deveria registrar nem um caso de sífilis congênita. “Toda mãe faz exame de sífilis durante a gravidez, no pré-natal. Se aconteceu um caso no ano passado, essa mãe não realizou o acompanhamento ou foi infectada nas últimas semanas de gravidez”.
Freitas destaca que a sífilis congênita é extremamente maléfica para a criança. “Com certeza, a criança terá um retardo no desenvolvimento e também problemas ósseos. Como a bactéria fica no cérebro da criança, ela terá problemas neurológicos”.
O médico orienta que a melhor forma de evitar a doença é ter relações sexuais seguras, ou seja, com camisinha. “Mesmo em relações estáveis, é importante fazer a testagem”.
Diagnóstico
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o Teste Rápido para sífilis, que pode ser realizado com apenas uma gota de sangue. O resultado sai, no máximo, em 30 minutos.
Outra forma possível é realizar a coleta sanguínea em laboratório, que é utilizada também para monitorar a eficácia do tratamento.
Já as gestantes têm indicação de realizar o exame no início (1º trimestre) e no final do pré-natal (3º trimestre) e ainda repetir o exame no momento do parto, independente dos resultados anteriores.
Caso a gestante tenha apresentado algum comportamento de risco para contaminação pela sífilis, como por exemplo, a troca de parceiro sexual, é indicada a repetição do exame antes do final da gestação.
O tratamento
A sífilis tem tratamento e, se realizado corretamente, leva à cura da doença. O tratamento é realizado com antibióticos indicados por um profissional de saúde. O principal antibiótico utilizado é a Penicilina Benzatina, conhecida como Benzetacil. Outros antibióticos possíveis de serem utilizados são Doxiciclina e Ceftriaxona.
Na gravidez, a gestante deve ser tratada assim que o diagnóstico for realizado para diminuir o risco de transmissão para o bebê. Em geral, a gestante recebe uma dose de penicilina por semana, durante três semanas. É importante que o tratamento inicie pelo menos 30 dias antes do nascimento do bebê para que ele nasça saudável.