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Ceja traça perfil dos alunos e constata rejuvenescimento dessa modalidade de ensino

Mais de 60% dos estudantes tem até 30 anos

Ceja traça perfil dos alunos e constata rejuvenescimento dessa modalidade de ensino

Mais de 60% dos estudantes tem até 30 anos

Nos últimos anos, o perfil dos estudantes do Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) de Brusque tem se transformado. Antes, a modalidade de ensino tinha, em sua maioria, alunos com mais de 40 anos. Hoje, essa característica mudou, e mais de 60% dos estudantes tem entre 18 a 30 anos.

De acordo com a assistente técnica pedagógica do Ceja, Liliam Mafra, o que está acontecendo é uma juvenilização da educação de jovens e adultos. “Hoje estamos passando por esse fenômeno. O Ceja foi pensado para quem não teve oportunidade de estudar na idade certa, mas cada vez mais jovens procuram a escola. Já havíamos notado essa mudança, mas com a pesquisa de perfil dos estudantes do ensino médio que fizemos recentemente, pudemos confirmar essa tese”.

Entre as causas para esse “rejuvenescimento” do Ceja, Liliam destaca o alto índice de abandono escolar no início do ensino médio. De acordo com dados da pesquisa realizada na instituição, 39% dos alunos que cursam o ensino médio no Ceja hoje, estudou até a oitava série; já 33% frequentou até o 1º ano do ensino médio.”O nosso grande problema está entre o fim do ensino fundamental e início do ensino médio. Quem não abandona a escola após a conclusão da oitava série, até começa o ensino médio, mas não completa nem o primeiro ano”.

O abandono da escola nos primeiros anos do ensino médio acontece, em sua maioria, pela vontade que o jovem tem de entrar para o mercado de trabalho, e a pesquisa do Ceja retrata isso: cerca de 40% dos alunos parou de estudar para poder trabalhar. “Existe essa questão cultural do trabalho. Eles entram na adolescência, começam a querer ganhar o seu próprio dinheiro, e acham que o estudo não é importante. As pessoas não pensam primeiro na escolarização para depois conseguir um emprego melhor”.

No entanto, o tempo em que o jovem fica sem estudar está cada vez menor. De acordo com o levantamento, 52% dos estudantes do Ceja de Brusque ficaram de um a cinco anos sem frequentar a escola. “A maioria ficou pouco tempo sem estudar. Eles mal saíram do ensino médio, entraram para o mercado de trabalho, viram que sem continuar estudando não conseguiriam progredir profissionalmente, e então procuraram o Ceja”.

Após retomarem os estudos com o Ceja, a maioria dos alunos brusquenses pretende fazer um curso técnico ou uma faculdade. “Esse é um dado muito importante. 78% dos nossos alunos responderam que voltaram a estudar para concluir o ensino médio e poder fazer um curso técnico ou ensino superior”.

Para ela, é importante conhecer os alunos que fazem parte da instituição para poder adaptar o ensino a esse novo perfil . “O nosso público está mais jovem e a gente precisa aprender a lidar com essa juventude que temos hoje. E essa é uma questão conflituosa, porque precisamos criar um equilíbrio na escola porque as turmas não são homogêneas, são compostas por pessoas de mais idade e também jovens, com isso, são pensamentos diferentes e os professores precisam ter um jogo de cintura maior para poder conciliar”.

“Quero ser um exemplo”
Claudinei da Silva Souza, 34 anos, voltou para os bancos escolares no ano passado, após quase 20 anos longe da escola. Ele parou de estudar quando completou a quinta série do ensino fundamental porque decidiu trabalhar. “Eu não gostava de estudar, e a minha família era simples, e tinha a necessidade que eu trabalhasse, então eu uni o útil ao agradável e parei de estudar”, conta.

Ao longo dos anos, ele percebeu a dificuldade das pessoas que não tem um bom nível de escolaridade e decidiu procurar o Ceja. “Quis ampliar meus conhecimentos, fiquei muito tempo sem estudar, e de certa forma, fiquei ignorante. A vida ensina muito, mas o estudo me fez muita falta”.

O nascimento da filha também foi um incentivo para a volta dele à escola. “Quero ser um exemplo para minha filha. Não posso cobrar nada dela, se eu não estudei”.

Ele concluiu o ensino fundamental pelo Ceja no ano passado e na metade do ano que vem deve concluir o ensino médio, mas ele não pretende parar por aí. “Quero fazer faculdade de filosofia”, afirma.
A pesquisa

O perfil dos estudantes do ensino médio do Ceja foi realizada como parte da formação continuada dos professores no Pacto Nacional do Fortalecimento do Ensino Médio, instituído pelo governo federal, e que tem como objetivo a implantação de políticas para elevar o padrão de qualidade do ensino médio brasileiro.

Sobre o Ceja

O Ceja de Brusque matricula pessoas a partir de 15 anos. Conta com o ensino fundamental, desde a alfabetização e nivelamento, até o ensino médio. A modalidade de ensino é flexível, o aluno pode estudar de acordo com a sua disponibilidade. O ensino fundamental pode ser concluído em um ano, já o ensino médio tem duração média de um ano e meio. “Desde 1998 não existe mais o supletivo, a nossa matriz curricular é presencial. O nosso aluno tem direito ao mesmo conhecimento do que o aluno que estuda em escola convencional”, destaca o diretor da instituição, Paulo Sergio Batista Pereira.

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