Cemitério luterano do Centro dispõe de único espaço para sepultar cinzas em Brusque
Columbário, que ainda não registrou sepultamentos, tem cerca de 360 urnas disponíveis
Desde outubro do ano passado, o cemitério da Paróquia Bom Pastor, no Centro de Brusque, dispõe de um espaço para o sepultamento de cinzas. O columbário, único do município, que tem cerca de 360 urnas, foi construído com o intuito de preservar o lençol freático e de oferecer praticidade e redução de custos aos familiares dos mortos.
Segundo o pastor Claudio Schefer, há duas opções para o sepultamento dos cremados em um espaço específico dos cemitérios: por meio do columbário, que é constituído de várias urnas – umas ao lado e sobre as outras -, e através do cinzário, que é geralmente um espaço construído em um gramado.
Como o cemitério da Paróquia Bom Pastor não tem gramado, explica o pastor Claudio, optou-se pelo columbário. Embora esteja em funcionamento desde outubro do ano passado, o espaço ainda não recebeu cinzas. O pastor, entretanto, acredita que em alguns anos a cremação será a única alternativa para as famílias.
“Na Alemanha, por exemplo, já é proibido enterrar os corpos. Isso porque o lençol freático já está saturado. Aqui no Brasil caminha para isso também. Por isso nós nos adiantamos e já construímos”, diz. “Também queremos que as pessoas preservem as cinzas. Muitas jogam no mar ou em jardins. Mas esquecem que manter, pelo menos um pouco das cinzas do ente querido, é uma maneira de preservar os antepassados”, completa.
O pastor Claudio lembra que a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) se posicionou em 1997 sobre o sepultamento eclesiástico e sobre a cremação. No documento, a IECLB afirma que a forma de sepultamento é livre e que recomenda-se que a urna com as cinzas não seja guardada em casa.
“Recomenda-se, ainda, com insistência, que a urna com as cinzas não seja guardada em casa, mas ‘enterrada’ em local apropriado para evitar que surja veneração de mortos ou que se criem amarras psicológicas”, diz o documento.
Para o pastor, as pessoas ainda têm ressalvas em relação à incineração dos corpos. Ele diz que a cremação é apenas uma aceleração do processo que a natureza fará ao longo do anos.
“A gente percebe que as pessoas ainda têm resistência e muitas não sabem que se pode sepultar os mortos em uma urna. Acho que é necessário vencer o conservadorismo. A longo prazo temos a confiança de que isso acontecerá”, afirma.
O aspecto teológico da cremação é abordado pelo pastor Edélcio Tetzner para explicar que a prática não anula a memória do morto perante Deus. Ele diz que a pessoa “é muito mais do que apenas um corpo” e que a referência da pessoa em vida é preservada por Deus.
O sepultamento
De acordo com o pastor Claudio, na cerimônia de sepultamento das cinzas há a presença de um pastor, que realiza o tradicional ritual antes do fechamento. O cemitério tem convênio com um escultor de Pomerode, que esculpe no granito preto – material utilizado para fechar a urna – uma imagem escolhida pelos familiares. Na placa da urna também há um espaço para as datas de nascimento e falecimento, para a foto e para o nome.
Sem crematório
Em Brusque, não há crematórios e o columbário da Paróquia Bom Pastor é o único em atividade. Para sepultar e manter as cinzas na urna, pastor Claudio diz que o valor é um quarto a menos do que o valor de uma sepultura comum. Ele lembra ainda que apenas “a grande família luterana” pode sepultar os familiares ali.