Centenário do Paysandú
Gente da minha geração, dessa tribo que já cruzou a linha etária dos 70, certamente, lembra daquele tempo de cidades divididas pelas cores dos clubes de futebol. Em Joinville, tinha Caxias e América, Blumenau, Palmeiras e Olímpico, Itajaí, Barroso e Marcílio e, na capital, Figueirense e Avaí. Tempo de futebol dos craques nativos, gorro na […]
Gente da minha geração, dessa tribo que já cruzou a linha etária dos 70, certamente, lembra daquele tempo de cidades divididas pelas cores dos clubes de futebol. Em Joinville, tinha Caxias e América, Blumenau, Palmeiras e Olímpico, Itajaí, Barroso e Marcílio e, na capital, Figueirense e Avaí. Tempo de futebol dos craques nativos, gorro na cabeça, jogadores pratas-da-casa, profissionais-empregados de fábricas e escritórios, que entravam em campo sob o aplauso entusiasmado de uma torcida de gente conhecida e amiga, familiares em primeiro lugar na arquibancada.
Cheguei em Brusque, no final de 1971, a tempo de ver uma cidade também dividida. Pelo futebol, é claro. A rivalidade era grande, assim como acontecia nas principais cidades catarinenses. Metade dos brusquenses torcia pelo Renaux, outra metade vestia a camisa do Paysandu. No Forum, não era diferente. Disseram-me que o Carlos Renaux era o mais antigo, o clube da elite e o Paysandú, o mais popular, o mais querido, como está no seu hino. A melodia, composta por Guilherme Varella, um tijucano ilustre, foi o suficiente para que eu vestisse a camisa verde e branca. Durante alguns anos, ainda assisti aos embates das duas equipes rivais.
O tempo passou e o Paysandú, “o mais querido” dos torcedores do futebol, está chegando ao seu centenário. É muito tempo. Neste país do futebol, muitos foram os clubes fundados. Nem todos chegaram ou chegarão à marca dos 100 anos, uma longa existência, que exige garra dos seus associados e permanente abnegação dos seus dirigentes. Enfim, muita perseverança, virtude mãe da perpetuidade temporal, para que o Clube tivesse sua existência preservada.
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O Paysandú aí está, agora, com seu manto secular. Ao longo de sua história, quantos torcedores, anônimos de arquibancada e da geral, quantos associados e dirigentes, trabalharam para que o ideal verde e branco sonhado por aqueles 11 fundadores, em dezembro de 1918, fosse preservado para chegar a esta data centenária? Certamente, foram muitos, tantos que seria impossível nominá-los. A eles deve-se o valioso patrimônio do Clube, construído como muita luta e sacrifício.
Sua imponente sede social, renovada, preservada, nas suas cores verde e branco, com seu amplo salão, um dia, palco de monumentais bailes, espetáculos teatrais e de eventos culturais e políticos. Seu estádio de futebol, também de inestimável valor, foi palco dos mais importantes eventos desportivos, que marcaram história da nossa cidade. Esse importante patrimônio, tanto material quanto imaterial, continua vivo e a serviço da comunidade brusquense.
Por tudo isso, na sexta-feira passada, os atuais dirigentes realizaram uma bela festa para comemorar o centenário do Clube. O evento contou com a inauguração de um obelisco para marcar, na perpetuidade do mármore, a importante data e com o lançamento de um selo alusivo ao centenário, emitido pelos Correios, em colaboração com o Clube Filatélico de Brusque. Aconteceu, também, o lançamento do livro – Paisandú, Para Sempre o Mais Querido – de autoria de Ricardo Engel e Valdir Appel. A obra, bela edição ilustrada com fotos do futebol brusquense, resgata a memória “do incansável trabalho de construção da luminosa e centenária história do Mais Querido”.
Parabéns, aos atuais dirigentes do Paysandú, que continuam a luta para preservar o Clube que, nos seus 100 anos de existência, marcou a história de Brusque.
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