Cerca de 500 testes do pezinho realizados em Brusque estão sem resultado por falta de materiais

Para continuar prestando o serviço, Clínica Uni Duni Tê é obrigada a cobrar pelos exames após 25 anos

Cerca de 500 testes do pezinho realizados em Brusque estão sem resultado por falta de materiais

Para continuar prestando o serviço, Clínica Uni Duni Tê é obrigada a cobrar pelos exames após 25 anos

O Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (Lacen) está com falta do kit para processar cinco dos sete exames do Teste do Pezinho, realizado em recém-nascidos. Por isso, a Clínica de Terapia Integrada Uni Duni Tê, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Brusque, não está mais fazendo o teste gratuitamente, como fazia desde dezembro de 1991. Atualmente há cerca de 500 exames, coletados ainda em dezembro do ano passado, que estão sem resultado. Não se sabe se o teste foi processado ou se falta digitalizar o parecer.

O Teste do Pezinho é obrigatório por lei federal de 1990 e estabelece que todos os bebês entre o terceiro e o quinto dia de vida, devem fazer o exame. Com a coleta de algumas gotinhas de sangue do calcanhar é possível diagnosticar várias doenças, que se não tratadas rapidamente podem causar deficiência mental, física ou até levar à morte.

O vice-presidente da Apae, Márcio Belli, diz que a entidade quer esclarecer a situação para a comunidade, devido à urgência do assunto. “Precisa-se fazer estes testes para verificar se tem alguma intercorrência ou não. A vida da criança está sendo definida aqui e agora”.

Ele explica que a clínica faz a coleta e o envio do material para o Lacen e aguarda este retorno. Se diagnosticado algum problema, realiza o acompanhamento da criança. “Estamos preocupandos por que não conseguimos dar continuidade no trabalho gratuito, e como clínica de prevenção estamos de mãos atadas”, afirma.

Alternativa

A Apae foi informada sobre a falta do kit no dia 9 deste mês e desde então buscou alternativas para solucionar o problema. Belli conta que foi feita uma pesquisa em laboratórios do Brasil para identificar um que realizasse os exames num menor custo. Foi constatado que o laboratório da Apae de São Paulo (SP) e o CTN Diagnósticos Medicina Laboratorial, de Porto Alegre (RS), além de “apresentar excelente qualidade”, têm um custo menor. O valor do exame do primeiro é de R$ 50 e do segundo, R$ 80.

Então, desde a quarta-feira passada, 16, a Uni Duni Tê já está fazendo o Teste do Pezinho por meio destes laboratórios. “Deixamos claro que os pais vão pagar para o laboratório, não para a Apae. Nós continuamos fazendo o atendimento gratuitamente”, afirma.

A coordenadora da clínica, Valdete Batisti Archer, diz que o intuito da Uni Duni Tê é mobilizar e informar a comunidade e não preocupá-los. Ela conta que o teste é um direito da criança de ter essa investigação neonatal e que é imprescindível que seja feito do terceiro ao quinto dia de vida do bebê. “É uma triagem, uma varredura geral, às vezes tem que repetir, então como explicar para os pais que fizeram em janeiro o exame que precisará repetir, por exemplo?”, diz.

Ela afirma que antes da falta do kit, o “programa sempre funcionou perfeitamente”, e que o que entristece é que o Lacen não fala abertamente sobre o problema e nem apresenta previsão de quando a situação será normalizada. “Infelizmente é mais um custo para a família neste momento de crise do país”.

Os cinco exames do Teste do Pezinho que não estão sendo coletados na clínica são o de Fibrose Cística, Hipotireoidismo Congênito, Hiperplasia Adrenal Congênita, Galactosemia e Deficiência de Biotinidase.

Atendimento

A Uni Duni Tê realiza o Teste do Pezinho de segunda a quinta-feira, das 13h às 16h. A clínica também está à disposição da comunidade para esclarecer quaisquer dúvidas. Informações no 3351-2482 ou 8424-0617.

Contraponto

O Lacen afirma, por meio da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde, que neste momento estão sendo disponibilizados kits para realização de duas das sete triagens: o diagnóstico da Fenilcetonúria e da Anemia Falciforme e outras Hemoglobinopatias. O laboratório diz que nos últimos meses vêm ocorrendo uma oscilação na oferta e que existe uma ata de registro de preços destes produtos em vigência e o fornecedor já foi notificado por não entregar os produtos. “Esperamos que nos próximos dias ocorra um novo abastecimento e a demanda volte a ser regularizada. Caso não se confirme, a Secretaria de Estado da Saúde já abriu negociação com um novo fornecedor com o objetivo de romper o contrato vigente”.

O Lacen ainda diz que dentre estas amostras com resultados parciais for identificado algum resultado fora dos parâmetros normais, a equipe do Teste do Pezinho entra em contato com o posto de coleta para localizar a criança e encaminhar ao Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, para consulta pertinente. “Isto quer dizer que mesmo que o resultado não possa ser visualizado pelo posto de coleta, em caso de alteração que sugira uma das sete patologias verificadas, o posto de coleta é contatado via telefone para as providências cabíveis”.

**Atualizado às 13h20

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