Cerca de 60 detentos têm aulas presenciais na UPA
Estudantes matriculados no Ceja reduzem um dia de pena para cada 12 horas de frequência escolar
Com objetivo de concluir os estudos e também reduzir a pena, 58 detentos inauguraram o novo método de ensino da Unidade Prisional Avançada (UPA) de Brusque. Desde o início de março, sete turmas com aproximadamente nove alunos participam de uma hora de aula presencial.
Até o fim do ano passado, as aulas na unidade eram por meio de apostilas, sem professor em sala de aula. Com uma pequena reforma, o antigo ambulatório foi transformado em educandário e uma professora foi contratada para 40 horas semanais.
O diretor Elison Ivan Soares explica que os internos são matriculados no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja). Neste ano, eles concluirão o Ensino Fundamental, sendo que o 6º e 7º ano serão feitos no primeiro semestre e o 8º e 9º finalizados no fim do ano, quando ocorrerá a formatura. “Para o ano que vem, nossa intenção é aplicar o Ensino Fundamental para novos alunos e também o Ensino Médio”, diz.
A professora Jeane Neves de Oliveira, contratada pela Agência de Desenvolvimento Regional (ADR), relata que os detentos passaram por uma prova de nivelação para poderem ingressar nos estudos. “Iniciamos tudo do zero de maneira mais organizada. Os alunos são bem agrupados e têm mesmo o foco de estudar”.
Com o estudo, os detentos conseguem também reduzir sua pena. De acordo com a Lei de Execução Penal, a cada 12 horas de frequência escolar, significa um dia a menos a cumprir. Como na UPA é um hora de aula por dia, os detentos precisam participar de 12 dias de aulas para reduzir um dia. “Por conta disso, muitos desistiram da aula, porque acharam muito tempo para pouco benefício”, diz a professora.
O detento Stolze, 41 anos, condenado por tráfico de drogas, está há dois anos na UPA e iniciou este ano as aulas do Ensino Fundamental. Ele diz que é uma grande oportunidade, pois além de reduzir a pena, terá em mãos um diploma quando cumprir sua punição. A intenção do interno, é de quando sair da unidade, dar sequência aos estudos e, se conseguir, ingressar no curso superior de Direito. “Aqui dentro a gente aprende muito sobre as leis e eu tenho muito desejo de ajudar as pessoas que não têm recursos financeiros”.
Col, 28, está há três anos na unidade cumprindo pena por assalto. Além de trabalhar na linha de produção da empresa Irmãos Fischer, dentro da UPA, também está estudando. Ele conta que com esse novo método de ensino aprende mais e consegue recapitular tudo que aprendeu na escola. “É um recomeço, pretendo estudar ao sair, o que deve acontecer daqui a um ano e, quem sabe, fazer faculdade de Direito também e poder dar uma vida melhor para minha família”, diz.
As aulas que são ministradas por Jeane são baseadas em apostilas disponibilizadas pelo Ceja. Em cada atividade aplicada, os detentos precisam alcançar a média 7. “Eles estão se dando super bem e fui muito bem recebida aqui. Estou gostando bastante dessa experiência”, afirma.