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Certeza da impunidade motiva proliferação de informações falsas sobre enchente

Onda de boatos Mais uma vez, durante as cheias em Brusque, uma onda de boataria se proliferou pelas redes sociais e assustou a população. Até que os boatos fossem identificados e desmentidos pelas autoridades, muita gente se alarmou a toa. Em uma situação em que a apreensão dos moradores já é grande o suficiente, ainda […]

Onda de boatos
Mais uma vez, durante as cheias em Brusque, uma onda de boataria se proliferou pelas redes sociais e assustou a população. Até que os boatos fossem identificados e desmentidos pelas autoridades, muita gente se alarmou a toa. Em uma situação em que a apreensão dos moradores já é grande o suficiente, ainda aparecem pessoas mal intencionadas a espalhar o pânico. Os golpes mais comuns envolveram a divulgação de áudios no WhatsApp, de pessoas fingindo ser da Defesa Civil, assim como de fotos de enchentes passadas como se fossem atuais.

Certeza da impunidade
Situações como essa ocorrem, todo ano, porque há a certeza da impunidade para quem se esconde no anonimato proporcionado pela internet. Não há meios nem interesse das autoridades em identificar, investigar e punir os responsáveis. Essas pessoas só são pegas quando se trata de casos de grande repercussão, envolvendo famosos, por exemplo, aí há uma força-tarefa dos órgãos investigativos para identificar os criminosos. Do contrário, tudo continuará como sempre, cabendo aos meios de comunicação desmentir a boataria.


Discussão
A Câmara de Guabiruba realizou sessão na noite de terça-feira, 6, momento que houve discussões bastante acaloradas entre os parlamentares. O motivo foi a operação do Ministério Público (MP-SC) contra abatedouros irregulares e o envolvimento do secretário de Agricultura, Moacir Boos. Vereadores da oposição acusaram o governo de não tomar nenhuma providência em relação ao caso, no que foram rebatidos pelos da situação, os quais reiteraram as palavras do prefeito contrárias ao rigor da legislação sanitária. Durante a operação, foi interditado um abatedouro de propriedade de Boos.


Medicamentos
A Secretaria da Saúde de Brusque finalizou uma auditoria interna e conseguiu os fornecedores de medicamentos para a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remune), por meio de um processo licitatório. A ação foi necessária depois de haver discrepância entre as necessidades da população e a licitação que estava aberta. O secretário de Saúde da Prefeitura de Brusque, Humberto Fornari, disse que havia uma licitação que estava totalmente distorcida, com relação à realidade de consumo da população.

Diferenças
Segundo o secretário, a licitação estava orçada em cerca de R$ 12 milhões, quando o consumo anual não ultrapassa os R$ 4 milhões. “Tivemos que abandonar aquela listagem de medicamento e começar do zero. Tivemos muitos entraves, mas o bom de tudo é que temos a lista facilitada em termos de aquisição, a população que ainda não teve contemplada o medicamento de uso crônico ou uso agudo, com certeza até o fim do mês vai ter o medicamento em sua unidade de saúde” disse.


EDITORIAL

O nível de Brusque

Cada vez que chove e o rio Itajaí-Mirim enche, a preocupação toma conta da cidade, como aconteceu nesta semana. Acompanhamos atentamente o nível das chuvas e do rio, monitorando cada movimento e tentando medir seu impacto.

Mas a cada episódio de cheia podemos medir, além do nível do rio, o nível de organização e competência dos gestores. Acompanhando e aferindo suas atitudes diante das circunstâncias.

A primeira grande conclusão que podemos tirar é que não existe um plano para cheias e enchentes por aqui, apesar deste evento natural ser parte inerente ao local que vivemos.

Até há ações e iniciativas aqui e acolá, mas que passam longe de serem coordenadas.

A primeira imagem que nos vem à mente nestes momentos é a Defesa Civil. Por lá tivemos avanços importantes a partir de 2014, quando o sargento Evandro de Mello do Amaral, diretor na época, começou a implantar o sistema de cotas, nos permitindo saber quais ruas serão atingidas em relação ao nível do rio.

Seu pupilo, Edvilson Cugik, é o atual coordenador do órgão e tem uma dedicação espartana em atender a cidade nestes momentos, mas lhe falta apoio, recursos e incentivos para ampliar sua atuação, deixando este setor fragilizado.

Outras ações também foram feitas. A Arena Brusque foi aberta como abrigo e a Secretaria de Saúde montou um atendimento lá. A Educação suspendeu as aulas, e assim por diante.

Todos tomaram decisões acertadas, mas sempre de improviso, em cima do laço.

Talvez o setor mais perceptível foi o trânsito, que com a ponte comprometida e ruas alagadas, não conseguiu montar uma estratégia de mobilidade mínima na cidade. O método de tentativa e erro prejudicou mais do que ajudou.

 

Até há ações e iniciativas aqui e acolá, mas que passam longe de serem coordenadas

Como cada setor vai agindo, buscando o que entende ser o melhor caminho, a comunicação fica comprometida, por não haver uma ação centralizada. Até no acompanhamento do nível do rio há divergências. Temos vários sistemas (Ceops/Furb, Siah/Unifebe, ANA, Cemaden) que trabalham separadamente, com aparelhos e softwares distintos, dificultando a integração das informações.

Mesmo já estando mais tranquilos com o recuo do rio e das chuvas, não podemos esquecer que precisamos fazer a lição de casa. Dedicar um tempo de cada setor para criar um plano de contingências que seja eficiente, funcional, prático e que possa ser assimilado facilmente pelas pessoas.

Assim, quando o rio passar de sete metros, por exemplo, sabemos que as ruas X e Y mudarão de sentido, que as escolas do bairro “tal” estarão fechadas, que teremos atendimento diferenciado na saúde. Quando chegar a oito metros, uma outra etapa, onde as áreas A e B precisam ser evacuadas, que novos abrigos serão abertos, que teremos mantimentos, e assim por diante. Também precisamos de um plano de limpeza, que recupere o mais urgente possível a vida da cidade.

Assim, com inteligência e sem custo, podemos fazer um plano que possa ser aplicado independente de quem estiver ocupando os cargos de gestão da prefeitura, visando amenizar e organizar a cidade diante deste fenômeno da natureza.

Podemos aproveitar para discutir, aperfeiçoar o que funcionou e mudar o que deu errado. O que não dá é deixar tudo para lá no primeiro raio de sol, e esperar que os próximos inquilinos do poder novamente ajam no afogadilho. O governo precisa ter um nível de ação maior que o rio Itajaí-Mirim, senão sempre seremos vencidos.