CF 2017- Doutrina Social da Igreja
Ainda tem gente que pensa, fala aos quatro ventos que a Igreja Católica é retrógrada, anti-Ciência e outras coisas mais. São pessoas, infelizmente, que não conhecem, seu modo de pensar e agir ou conhecem superficialmente ou ainda são preconceituosas. Porque, por exemplo, é só conhecer os princípios e linhas de ação da Doutrina Social da […]
Ainda tem gente que pensa, fala aos quatro ventos que a Igreja Católica é retrógrada, anti-Ciência e outras coisas mais. São pessoas, infelizmente, que não conhecem, seu modo de pensar e agir ou conhecem superficialmente ou ainda são preconceituosas.
Porque, por exemplo, é só conhecer os princípios e linhas de ação da Doutrina Social da Igreja para perceber, como essas pessoas estão equivocadas. Basta ler o Texto Base da CF2017 para ter ciência, ao menos em parte, do que a Igreja pensa e age em se tratando do cuidado, do zelo e da guarda da nossa Casa Comum, o Planeta. E, para nós brasileiros, neste ano no tempo da Quaresma, podemos e devemos refletir e agir a respeito do nosso meio ambiente, no bioma em que estamos inseridos e vivemos.
A Igreja sempre presou a Criação, pois a vê e a tem como obra do Criador. Como dom, ofertado ao ser humano para que o administre com cuidado e zelo, sabendo que não é dono. Mas, seu administrador (a). Administração que possibilite que todos os seres humanos possam usufruir dessa riqueza herdada do Criador; que todos possam construir uma vida digna e carregada de sentido, trilhando pelo caminho da felicidade, servindo-se do que há na Criação.
Sobretudo no século XX e, agora, no século XXI, os pronunciamentos e documentos do Magistério da Igreja têm contribuído significativamente para o aprofundamento e para a divulgação dos desafios e da busca coletiva de soluções. Principalmente, no trato das questões relacionadas à nossa presença atual e futura dos pósteros nessa Casa Comum.
O ponto culminante da contribuição da Igreja, na área da ecologia, é a encíclica Laudato Si, do papa Francisco, publicada no ano passado. A reflexão do papa Francisco é explicitação do que os seus antecessores já tinham escrito a respeito do tema. Já o beato Paulo VI, em sua encíclica Octagesima Adveniens (14 de maio de 1991) que comemorava os oitenta anos da Rerum Novarum (15 de maio de 1891) de Leão XIII, iniciou a reflexão do magistério pontifício sobre a ecologia.
O papa Francisco com a encíclica Laudato Sí pretende chamar a atenção de todos, particularmente aos agentes políticos que é necessária uma séria revisão sobre as transformações que já se fazem sentir pela ação humana no meio ambiente. É preciso tomar consciência do desafio ecológico que não pode ser ignorado ou sempre adiado. A hora é agora, lembra o papa Francisco.
O Texto-Base da CF2017 lembra “que a criação, amada e desejada por Deus, é ambiente concreto onde o homem realiza sua vocação”. E continua dizendo que “a vocação (do ser humano) é de cultivar e guardar a criação. (…) No entanto, não é possível ao homem realizar esta sua vocação quando se descuida de sua origem e geração. Quando o homem se esquece de Deus, desintegra-se a relação com seu próximo e a criação passa a ser objeto de exploração e domínio” (nº 244).
Por isso que a Igreja insiste que não dá de separar a fé da vida. Portanto, de tudo o que nos cerca. O Texto-Base, neste sentido, adverte a todos, mas especialmente aos que creem que “A fé no Deus da vida, Pai de Jesus Cristo e criador do mundo, exige o zelo e o respeito pela obra criada” (idem).
Na medida em que o ser humano, na Modernidade, individual e coletivamente, abandou a fé num Deus vivo aumentaram sensivelmente a desagregação das relações interpessoais e com o meio ambiente. As consequências estão aí, bem visíveis!