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Chefe da agência do IBGE em Brusque explica impactos do cancelamento do Censo

Último recenseamento foi realizado em 2010; informações obtidas são fundamentais para políticas públicas

A agência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi surpreendida pela segunda suspensão do Censo em dois anos, uma vez que já vinha se preparando para a o recenseamento que é realizado uma vez a cada 10 anos.

O IBGE já tinha lançado concurso público para recenseadores, e agora o país ficará pelo menos mais um ano sem a atualização de informações fundamentais para o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas e que guiam também investimentos públicos e privados.

A principal pesquisa desenvolvida na agência brusquense do IBGE em Brusque é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, implementada em 2012. O objetivo é investigar sobre habitação, escolaridade e, principalmente, mercado de trabalho. Também há trabalhos em pesquisa de registro civil e agropecuárias.

“Estamos começando agora o trabalho com as pesquisas econômicas anuais, que são importantes para cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) posteriormente. E há outras pesquisas mensais, econômicas também, mas sobre produção física de empresas, indústrias, coletas de preços. São bem variadas”, explica o chefe da agência, Felipe Augusto Paiva.

A PNAD é o que existe de mais próximo do Censo, mas jamais supriria a falta da pesquisa maior, realizada pela última vez em 2010. A principal diferença é que se trata de uma pesquisa por amostra.

“A pesquisa por amostra funciona bem, é feita no mundo todo, funciona. Mas é uma aproximação da realidade. Com a PNAD, a gente produz estatísticas principalmente em relação ao mercado de trabalho, e isto é noticiado sempre. O Censo um questionário muito mais amplo, com várias outras temáticas. Além de contar a população, ele faz um retrato muito mais completo da realidade.”

Atualizações de 2010 são feitas por meio de estimativas, mas Paiva enfatiza a urgência da realização de um novo Censo. “Já não é mais por amostra, nós visitaríamos todos os domicílios do país. Não tivemos orçamento para fazer. Vamos ver quando vai acontecer, mas… É uma pena. Lamentável.”

A agência vinha se preparando para o Censo, que já deveria ter sido realizado em 2020. Em Brusque, seriam contratados 135 profissionais em regime temporário. De qualquer forma, os trabalhos têm seguido normalmente, mesmo sem a maior pesquisa demográfica do país.

“Estamos há tempos trabalhando na preparação do Censo. A agência funciona paralelamente à atividade do Censo. Não há mudanças no espaço físico, porque teríamos postos de coleta. A contratação de pessoal não teria nenhum impacto, porque há contratações para trabalhos na agência nas pesquisas de rotina e, paralelamente a isso, contratações o Censo”, explica.

Houve a abertura de dois concursos, voltados para estas duas frentes. Como o Censo não será mais realizado, os inscritos deverão ter as taxas ressarcidas. Os trabalhos, com duração de três meses, estavam previstos para começar em a partir de agosto com a coleta de dados. O concurso para trabalho na agência por até três anos permanece ativo. Dúvidas sobre os concursos podem ser sanadas por meio do Whatsapp (47) 3351-2688.

Decisão judicial

Nesta quarta-feira, 28, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo federal tome as providências para realizar o Censo. Atendendo a um pedido do governo do Maranhão, que alegou que a ausência do censo prejudica a produção de estatísticas fundamentais ao setor público, ele concedeu liminar obrigando a realização. No entanto, o governo federal ainda pode recorrer, e não há indicativo de que o Censo será, de fato, realizado.

 

 

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