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Childfree – proibido crianças

No Brasil (e no mundo) se alastra um movimento dito childfree – livre de crianças, espaços de restaurantes, hotéis e outros, que são proibidos aos pequenos, para garantir o sossego dos adultos. Essa onda começou na década de 1980, com o intuito de dissolver a discriminação sofrida por pessoas que não queriam ter filhos e, com o passar dos anos, se tornou outro tipo de discriminação: a daqueles que querem afastar crianças de espaços comuns – e com isso afastam também mulheres e homens comumente chamados de “pais”.

Para defender e sustentar o posicionamento de uma parcela de pessoas (que, por direito, não se interessa na perpetuação de sua herança genética), acaba se dando a segregação de outras pessoas. Com as mais variadas justificativas, que vão desde preservar o silêncio, ser um espaço impróprio por medida de segurança ou até manter um ambiente de clima romântico, esse afastamento das crianças parece estar alimentando uma sociedade de adultos-criança: imaturos demais, que não conseguem suportar o balbuciar sem sentido do bebê alheio, ou a birra da criança desconhecida, que em menos de um par de horas estará a quilômetros de distância e provavelmente nunca mais será vista.

Ao que parece, aquele adulto defensor dos espaços livres de crianças está obstinado a não sair ele próprio de uma posição infantil, na qual evita a todo custo lidar com frustrações rotineiras, e, em prol de seu sossego e bem estar, entende que tudo é justificável – até mesmo exclusão social.

Deixo a vocês a reflexão: como podemos amadurecer como sociedade, sendo que às crianças não é dado e os adultos se esquivam do espaço possível pra extravasar (e lidar com) as frustrações naturais da vida, lembrando que é justamente através delas que o crescimento acontece?


Eduarda Paz
– Psicóloga