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Chuvas sob analise: saiba por que Brusque não sofreu uma enchente devastadora

Em meio às intensas chuvas que castigaram todo o Sul do país, especialmente durante o mês de outubro, Brusque conseguiu se manter resiliente diante do desafio.

De acordo com dados fornecidos pela rede Groh Estações, a região brusquense enfrentou volumes recordes de chuva, com médias pluviométricas que ultrapassaram os 500mm e, alcançando até mais de 600mm em determinados pontos, na soma dos 31 dias.

Diante dessa situação climática extraordinariamente desafiadora, muitas pessoas têm se perguntado por que Brusque não sofreu os impactos de uma enchente severa do rio Itajaí-Mirim, apesar das precipitações volumosas observadas.

Gráfico com os dados do mês de outubro em Brusque, então relativos a cada ano/Fonte: Groh Estações

Logo após os anúncios, exploraremos alguns aspectos cruciais que podem explicar essa dinâmica e destacaremos os motivos pelos quais o município conseguiu evitar uma inundação de grande proporção.

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Chuvas bem distribuídas

A fim de compreender plenamente por que os moradores de Brusque não vivenciaram uma enchente severa, é essencial analisar a distribuição das precipitações ao longo dos 31 dias de outubro.

Para realizar essa análise, devemos direcionar nossa atenção para o entorno das cabeceiras do Itajaí-Mirim, que serve como um ponto de referência valioso para esta explicação. É nessa área que encontramos as nascentes vitais do rio.

Vamos destacar, portanto, apenas os quatro eventos pluviométricos mais significativos que impactaram o mês de outubro.

Neste contexto, iremos nos concentrar especialmente na comunidade de Fazenda Rio Bonito, localizada em Vidal Ramos. Como mencionado anteriormente, esta área representa o ponto de origem crucial do rio Itajaí-Mirim.

Primeiro evento

*Dados: Groh Estações

O primeiro evento pluviométrico relevante atingiu a Fazenda Rio Bonito no dia 4 de outubro, totalizando 88,3 mm durante as 24 horas.

É fundamental notar que o padrão de chuvas não foi constante; ao longo desse período, houve momentos intercalados de melhoria, portanto, com intervalos de trégua das chuvas.

Segundo evento

*Dados: Groh Estações

O segundo evento significativo de precipitação ocorreu nos dias 7 e 8 de outubro, totalizando 178,5 mm nas cabeceiras do Itajaí-Mirim.

Novamente, observamos a chuva intercalada com períodos de melhoria, não mantendo uma constância ao longo desses dois dias.

Terceiro evento

*Dados: Groh Estações

O terceiro episódio significativo de chuvas ocorreu entre os dias 11 e 12 de outubro, totalizando 109,5 mm durante essas 48 horas.

Assim como nos dois eventos anteriores, as precipitações se alternaram com períodos de estiagem.

Quarto evento

*Dados: Groh Estações

O quarto evento de chuvas que merece destaque ocorreu com um intervalo de três dias, entre os dias 28 e 29 e 30 de outubro, totalizando 186,1 mm durante essas 72 horas no entorno que abriga as nascentes do rio Itajaí-Mirim.

Neste episódio, observamos o maior acumulado de precipitação em comparação com os eventos anteriores. Porém, ocorreu em um intervalo maior e igualmente com períodos intercalados de estiagem.

As chuvas e as enchentes históricas

Ao analisarmos os dados apresentados anteriormente, torna-se evidente que as chuvas ocorridas em outubro, especialmente nos principais eventos que destacamos, seguiram um padrão espaçado ao longo dos dias e das horas.

Além disso, os totais acumulados de cada episódio não atingiram valores significativos o suficiente para desencadear uma enchente severa de grande magnitude em Brusque.

É crucial observar que, ao examinarmos os eventos de enchentes históricas, todas as inundações severas foram intensificadas por eventos pluviométricos que ultrapassaram os 200mm em um curto espaço de tempo, por vezes ocorrendo em questão de poucas horas.

Esse cenário, sem dúvida, criou condições extremamente adversas no contexto das maiores enchentes no passado.

No entanto, a distribuição espaçada e gradual das chuvas em outubro de 2023, aliada aos volumes acumulados relativamente menores de cada evento, desempenhou um papel fundamental em proteger Brusque de uma enchente severa de proporções significativas.

Posição dos sistemas de chuvas

Um ponto crucial que também não deve ser ignorado é a posição geográfica dos sistemas meteorológicos durante as chuvas.

Nenhum deles se posicionou diretamente sobre o Vale do Itajaí, impactando de forma mais intensa áreas no Rio Grande do Sul, Paraná e no Oeste catarinense. A região de Brusque sempre esteve à beira dos volumes extremos.

Outro aspecto notável é que, quando a ameaça de uma enchente significativa pairava sobre Brusque, a chuva cessava, trazendo alívio imediato ao município.

Dados que fizeram a diferença

Com base em todas as informações detalhadas que apresentamos anteriormente, chegamos a uma conclusão vital.

Ao contrário do que muitos residentes de Brusque poderiam supor, não foram as obras de contenção de cheias que salvaram o município de uma inundação catastrófica.

Na realidade, a situação foi definida principalmente pela influência dos elementos naturais, notadamente pelo padrão espaçado dos índices pluviométricos observados.

Primeiro, os sistemas meteorológicos não atingiram o Vale do Itajaí diretamente. Em segundo lugar, as chuvas foram distribuídas de maneira equitativa ao longo dos 31 dias do mês. E terceiro, todas as precipitações cessaram no momento essencial, evitando assim uma enchente severa que poderia ter sido devastadora para a região.

Conclusão

Para concluir este artigo, permitam ao Blog do Ciro Groh expressar uma opinião embasada em mais de cinco décadas de acompanhamento das enchentes, chuvas e condições climáticas em Brusque e seus arredores.

Enquanto, por um lado, obras de contenção de cheias foram implementadas na cidade, outro fator, muitas vezes negligenciado pelo público em geral, são os extensos aterros realizados em áreas propensas a inundação ao longo de mais de 40 anos.

Este é um perigo iminente que então pode resultar em impactos adversos em caso de uma enchente de grandes proporções, colocando o município, de fato, à prova.

Está claro que, nos dias de hoje, o rio não tem espaço suficiente para expandir-se devido a estes despejos de terra feitos ao longo do município, especialmente em áreas naturalmente inundáveis.

Essa questão exige uma reflexão profunda, pois representa um desafio considerável para a gestão pública e a segurança do município diante de futuras inundações.


Chuvas de outubro em fotos

Encerramos este artigo com base no conhecido ditado popular sustentando que “uma imagem vale mais do que mil palavras”.

Portanto, a seguir, apresentaremos as fotografias que capturaram os momentos marcantes do mês de outubro, repleto de chuvas, em Brusque e região.

*Autoria: Ciro Groh >>

*Vidal Ramos/Autoria: Bel e João Finck >>

*Vidal Ramos/Autoria: Jaison e Juliana Brambila >>


 

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